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A escada de Jacó

Redação – (Terça-feira, 06-01-2014, Gaudium Press) – No alto da escada estava Deus, que disse a Jacó: “Eu sou o Senhor, Deus de teu pai Abraão, o Deus de Isaac […] Tua descendência será como a poeira da terra […] Em ti e em tua descendência serão abençoadas todas as famílias da Terra […] Nunca te abandonarei até cumprir o que te prometi” (Gn 28, 13-15).

Jacó se dirige à Mesopotâmia

Todo vício, quando não é combatido seriamente, tende a chegar a seu paroxismo. Assim, o ódio de Esaú contra Jacó transformou-se em desejo de matá-lo.

Mãe vigilante, Rebeca soube disso e logo avisou Jacó e Isaac. Este ordenou a seu filho que fosse para a terra de seus antepassados, e lá se casasse com alguma filha de Labão, irmão de Rebeca. Deu-lhe a bênção e Jacó partiu.
Após caminhar durante o dia todo, Jacó chegou a um lugar para passar a noite, e serviu-se de uma pedra como travesseiro. Adormecendo, viu ele uma escada apoiada no chão e com o topo tocando o céu, pela qual subiam e desciam Anjos.

Escada em que subiam e desciam Anjos

No alto da escada estava Deus, que disse a Jacó:
“Eu sou o Senhor, Deus de teu pai Abraão, o Deus de Isaac […] Tua descendência será como a poeira da terra […] Em ti e em tua descendência serão abençoadas todas as famílias da Terra […] Nunca te abandonarei até cumprir o que te prometi” (Gn 28, 13-15).

As palavras “em tua descendência serão abençoadas” significam que o Messias proviria da família de Jacó, como está consignado no Evangelho de São Lucas (3, 34).

Após despertar pela manhã, Jacó tomou a pedra que lhe servira de travesseiro, colocou-a de pé e sobre ela derramou óleo, e deu àquele lugar o nome de Betel. Fez uma promessa ao Altíssimo, dizendo que se tudo lhe corresse bem na viagem, e ele voltasse são e salvo para a casa de Isaac, a pedra que ele erguera como coluna sagrada seria transformada em casa de Deus (cf. Gn 28, 16-22). Essa promessa Jacó a cumpriu fielmente muitos anos depois, quando estava regressando, juntamente com sua família, para a terra de Canaã, e em Betel erigiu um altar (cf. Gn 35, 7).

Essa escada simboliza Nossa Senhora, a ponte que liga a Terra ao Céu. Os Anjos são os mensageiros que levam a Deus nossos pedidos e trazem o auxílio do Altíssimo, sempre através da Virgem Maria, medianeira universal de todas as graças.

Nosso Senhor fez referência à escada de Jacó quando disse a Natanael, depois chamado Bartolomeu: “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 51).

Doze filhos de Jacó

Chegando à localidade onde outrora residia Abraão, na Mesopotâmia, Jacó entrou em contato com Labão que era homem falso e, além do mais, idólatra. Fez várias trapaças para enganar Jacó, mas este acabou unindo-se com duas filhas de Labão, Lia e Raquel, bem como duas escravas das mesmas: Zelfa e Bala.

Dessas diferentes uniões, Jacó teve doze filhos que se tornaram chefes das doze tribos de Israel: Ruben, Simeão, Levi e Judá, Issacar e Zabulon, filhos de Lia; Dã e Neftali, nascidos de Bala, serva de Raquel; Gad e Aser, nascidos de Zelfa, escrava de Lia; José e Benjamin, filhos de Raquel.

Devido a seu esforço e sagacidade, Jacó tornou-se “muito rico, dono de numerosos rebanhos, de escravos e escravas, de camelos e jumentos” (Gn 30, 43).

Depois de ter passado vinte anos na Mesopotâmia, Jacó iniciou seu regresso à terra de Canaã, conduzindo toda sua família e seus bens; Raquel, com astúcia, conseguiu também levar os ídolos de seu pai, os quais depois seriam destruídos.

Luta com um Anjo

Mas o ímpio Esaú, sabendo que seu irmão estava voltando, partiu com 400 homens ao encontro de Jacó. Este recorreu a Deus, dizendo: “Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, pois tenho medo que ele venha a exterminar-me, as mães com os filhos” (Gn 32, 12). E enviou muitos presentes a Esaú – vacas, cabras, camelos, jumentos -, para conseguir aplacá-lo.

Após ter transposto o vau de um rio, com toda sua família e tudo o que possuía, Jacó ficou sozinho. Era noite e um Anjo, com forma humana, “se pôs a lutar com ele até o raiar da aurora” (Gn 32, 25). Tendo Jacó vencido o combate, o Anjo disse-lhe: “Doravante não te chamarás Jacó, mas Israel, porque lutaste com Deus e com homens, e venceste” (Gn 32, 29). Em seguida, o Anjo o abençoou.

Segundo o Padre Fillion, o significado dessa luta de Jacó é o seguinte: “Deus quis assim tranquilizar Jacó a respeito de seu irmão. Israel nada tem a temer de ninguém”. De fato, com os presentes ofertados por Jacó, seu irmão não lhe fez nenhum mal.

Depois de ter permanecido 40 anos longe de seus pais, tendo passado por inúmeras dificuldades e sofrimentos, mas recebido muitas graças, Jacó finalmente chegou à casa de seu pai, que já estava bastante idoso. Rebeca já havia falecido, e pouco depois Isaac, com a idade de 180 anos, entregou sua alma a Deus.

Todos nós passamos por provações e dores nesta vida. Peçamos a Nossa Senhora que nos obtenha de seu Divino Filho as graças para enfrentá-las com ânimo, confiança e espírito de oração, desapegados das coisas da Terra e sempre fiéis à Santa Igreja. Assim, pela misericórdia de Nosso Senhor, após nossa morte iremos ao Céu, onde veremos “o Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó” (Ex 3, 15).

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 14)

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FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 129.

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