Gaudium news > Observador permanente da Igreja junto à ONU alerta para o crescimento de famintos no mundo com o agravamento de crises sociais

Observador permanente da Igreja junto à ONU alerta para o crescimento de famintos no mundo com o agravamento de crises sociais

Cidade do Vaticano (Terça, 14-07-2009, Gaudium Press) O evento aconteceu no último dia 9, quinta-feira. Mas somente hoje a Sala de Imprensa da Santa Sé disponibilizou a íntegra do discurso do observador permanente do Vaticano na ONU, monsenhor Silvano Tomasi, no segmento de alto nível do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC, na sigla em inglês). A reunião aconteceu no Palácio das Nações, em Genebra (Suíça).

Segundo o site do Alto Comissariado da Sáude da ONU, o ECOSOC reúne-se uma vez por ano, durante quatro semanas no mês de julho, em sessões que se alternam entre Nova York e Genebra. As sessões dividem-se em cinco Segmentos, Segmento de Coordenação (10-14 de Julho de 2009); Segmento de Atividades Operacionais (15-17 de Julho de 2009); Segmento de Assuntos Humanitários (20-22 de Julho de 2009); Segmento Geral (23-30 de Julho de 2009); cada qual com sua finalidade específica diante da pauta apresentada.

O Segmento de Alto Nível, do qual participou o “embaixador” do Vaticano na ONU, constitui-se como um fórum discussão de assuntos chave da agenda internacional na área do desenvolvimento econômico, social e ambiental. Participam dessa sessão ministros, chefes executivos de organizações internacionais e representantes da sociedade civil e do setor privado.

O intuito do ECOSOC, ainda de acordo com a página do Alto Comissariado, é coordenar o trabalho desenvolvido pelas agências e comissões da ONU no que se refere aos assuntos econômicos e sociais, conforme instituído na Carta das Nações Unidas.

Em sua intervenção na sessão, monsenhor Tomasi falou aos presentes sobre a necessidade da ética no “desenvolvimento moderno humano”. Citando o apelo da Encíclica do Papa Bento XVI, “Caritas in Veritate”, lançada na semana passada mas finalizada algum tempo antes, disse:

“A atividade econômica não consegue salvar todos os problemas sociais através da simples aplicação de uma ‘lógica comercial’. Isso precisa ser direcionado para a busca do ‘bem comum’, pelo qual a comunidade política em particular também deve tomar responsabilidade”.

Monsenhor Tomasi alertou para a crise global, que, segundo ele, somada à expansão exponencial do número de casos da gripe A-H1N1 e ao aumento dos preços dos alimentos – o que considera uma “crise mundial de comida” -, poderá deixar de 53 a 65 milhões de pessoas presas à pobreza extrema; “800 milhões das quais vivendo em áreas rurais onde a saúde pública é mais fraca e onde iniciativas de programas de saúde são urgentes”. Além disso, ainda segundo dados apresentados pelo arcebispo, “o número de pessoas com problemas crônicos de fome deverá exceder 1 bilhão.

Ele pondera que essa situação pode se agravar com eventuais cortes na ajuda internacional ou com o aumento de pessoas doentes em sistemas públicos de saúde já bastante frágeis. “Os países em desenvolvimento não serão capazes de responder às necessidades de seus cidadãos mais vulneráveis.”

No discurso, monsenhor Tomasi não deixou de citar os trabalhos sociais realizados pela Igreja em todo o mundo, em especial em países pobres da África e em nações em desenvolvimento.

“A Igreja Católica patrocina 5.378 hospitais, 18.088 clínicas de saúde, 15.448 abrigos para idosos e deficientes, além de outros programas de saúde pelo mundo, especialmente nas áreas mais isoladas e marginalizadas e entre pessoas que raramente desfrutam de acesso a programas de saúde oferecidos em níveis governamentais nacional, estadual ou municipal. Por conta disso, especial atenção é dada à África, onde a Igreja Católica tem se empenhado em continuar ao lado das populações mais pobres nesse continente, de forma a reerguer a dignidade inerente de todas as pessoas”, afirmou no discurso.

Ele ressalvou, no entanto, que os programas mantidos pela Igreja Católica, e também os tocados por associações baseadas em outros credos, passam por constantes dificuldades por não receberem recursos suficientes das esferas governamentais.

“Os programas patrocinados pela Igreja Católica e outras organizações de cunho religioso permanecem como associações-chave. Oficiais da Organização Mundial da Saúde compreendem que tais organizações proveem uma porção substancial de assistência nos países em desenvolvimento, muitas vezes alcançando populações vulneráveis que vivem sob condições adversas. Entretanto, apesar de seus excelentes e documentados relatórios no campo do tratamento e estudo dispensado ao HIV e programas de saúde primários, tais organizações não recebem uma parte equitativa dos recursos destinados para apoiar iniciativas de saúde globais, nacionais e locais”.

O arcebispo manifestou sua vontade de que todos sejam “guiados pela melhor tradição em programas de saúde, programas que respeitem e promovam o direito à vida desde a concepção até a morte natural a despeito de raça, condição, nacionalidade, religião, sexo e status socioeconômico”.

 

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas