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A alegria e a beleza

Redação (Quinta-feira, 05-06-2014, Gaudium Press) Arte -entendida em seu conceito ‘artístico’- sempre teve o sentido de uma expressão da beleza, e portanto uma busca dela. Entretanto, o termo beleza é dos menos unívocos que registra a história da filosofia. Adentremo-nos um pouco nesse bosque, para ver se podemos ao menos pegar esse javali.

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A beleza surpreende, impacta de uma forma agradável, causando alegria, às vezes arrebatadora. Isto é o ratificado e destacado por grandes mentes.

Já Hugo de São Victor relacionava beleza e agrado: “Olhe o mundo e tudo o que nele se encontra: há muitas coisas belas e agradáveis…” (Soliloquium de arrha animae, PL 176, cols. 951-952). Igualmente Guillermo de Auvergne, quando contemplava também “a elegância e a magnificência do universo” e encontrava que “este mesmo universo se parece a um cântico belíssimo… as demais criaturas, que graças a sua variedade… concordam em uma estupenda harmonia, constituem um concerto de maravilhosa alegria”. (De anima V, 18, en Opera t. II, 2, supl., Orléans 1674, p. 143a en Pouillon 1946, p. 272.)

No entanto, o genuíno artista não é um mero contemplativo da beleza, nem sequer um simples “reprodutor” do ‘pulchrum’ do cosmos, mas um verdadeiro criador da beleza.

Entretanto, terminada a obra-criação, afinal ela é bela? Quem julga de forma definitiva que uma obra qualquer é verdadeiramente bela?

‘De gustibus non est disputandum’ diziam antigamente, ou “entre gostos não há desgostos” se afirma hoje. Não obstante, a beleza não é tão relativa. É ela um resplendor.

Ressaltava São Boaventura que a beleza é o esplendor dos transcendentais do ser reunidos, quer dizer, o brilho de sua unidade, bondade e verdade juntas. (Cfr. Umberto Eco. Arte y Belleza en la Estética Medieval. Lumen. p. 38). Também segundo Santo Alberto Magno é a beleza um resplendor, mas da forma: “o belo consiste no resplendor da forma sobre as partes proporcionadas da matéria ou sobre as diversas forças ou ações”. (Super Dionysium de divinis nominibus IV, 72 y 86)

Este resplendor é percebido pelo geral dos homens, e se bem é certo que há diferentes gostos e sensibilidades legítimas, ninguém em sua sensatez dirá que um matizado entardecer caribenho é algo feio, ou que a Praça de São Marcos é um horror. Pelo contrário, são um consolo para o espírito e uma ocasião para a restauração. Neste sentido, tudo o que realmente ‘brilha’ possui o ‘ouro’ da beleza.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

(Tomado de Razón y Fe, mayo de 2014)

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