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A Unção dos Enfermos, remédio para a alma e para o corpo

Redação (Quarta-feira, 02-04-2014, Gaudium Press) A qual família, a qual homem ou mulher não se dirige de modo especial esta exortação do Apóstolo São Tiago? Hoje como sempre, a enfermidade a ninguém poupa.

Todos – pais, filhos, esposos, irmãos, amigos – desdobram-se para dar o melhor atendimento possível aos seus entes queridos, quando atingidos pela doença, sobretudo estando estes em risco de vida. Sacrificam tempo de lazer e de repouso, enfrentam duras dificuldades financeiras, tudo fazem para salvá-los ou, ao menos, proporcionar-lhes algum alívio.uncao_dos_enfermos_1.jpg

Salvar… aliviar… Estes são efeitos próprios da Unção dos Enfermos!

Ela é um Sacramento de vida e salvação, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual deu à sua Igreja a missão de ministrá-lo, ordenando aos Apóstolos: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios (Mt 10, 8).

Mãe terna e cuidadosa, a Igreja empenha-se em cumprir este divino mandato. Pelas mãos de seus sacerdotes, ela unge os enfermos na fronte e nas mãos, com óleo devidamente consagrado, dizendo uma só vez: “Por esta santa unção e por sua piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto de teus pecados, Ele te salve e, em sua bondade, alivie teus sofrimentos” (CIC 1513).

Mas… e os fiéis, que esforços fazem para aproveitar os enormes benefícios oferecidos por este sublime Sacramento? Infelizmente, muitos não conhecem o valor deste tesouro posto por Jesus à nossa disposição, e por isto recorrem a ele menos do poderiam e deveriam.

Objeções nascidas de infundados temores

Como o principal efeito da Unção dos Enfermos é a saúde da alma, isto é, a eterna salvação, o demônio procura espalhar temores infundados a seu respeito, para dela afastar os fiéis. Eloquente exemplo disto é o fato ocorrido na cidade mineira de Montes Claros. Uma senhora telefonou aflita a um sacerdote:

– Padre, minha mãe está na UTI. Quando falei em Unção dos Enfermos, acendeu-se uma grande discussão entre os meus parentes. Alguns dizem que a Unção faz apressar a morte. O que devo fazer?

– Quanta ignorância! Como poderia Deus, que destinou o homem para ter a vida em abundância, instituir um Sacramento que provoca a morte? Olhe, fique aí animando a conversa enquanto eu vou ministrar a Unção dos Enfermos à sua mãe; depois lhe telefono para encerrar a questão – respondeu ele.

Após receber piedosamente esse Sacramento, a doente começou a melhorar. E até hoje, passados já mais de dez anos, ela agradece diariamente a Deus a sua inesperada cura.

Salutares efeitos

São muitos e variados os efeitos deste Sacramento. O principal deles é uma graça de reconforto, de paz e de coragem para quem o recebe vencer as dificuldades próprias ao estado de enfermidade ou de fragilidade da velhice.

Ele apaga os pecados – se o doente não pode obter o perdão através do Sacramento da Penitência – e faz desaparecer suas sequelas. Ou seja, quando recebido com boas disposições, restaura a graça primeira, infundida pelo Batismo, e extingue os castigos temporais do pecado, livrando a alma do Purgatório.

Pela graça deste Sacramento, o enfermo recebe a força e o dom de unir-se mais intimamente à Paixão de Cristo: de certa forma, ele é “consagrado” para produzir fruto pela configuração à Paixão redentora do Salvador.

A Unção atenua os sofrimentos e aflições espirituais, livra da angústia os corações dos doentes, proporciona-lhes santa e piedosa alegria. Renova a fé em Deus, dando à alma novo alento pela confiança na bondade divina. Fortalece a alma contra as tentações de desânimo e de angústia que o demônio costuma sugerir, ante a perspectiva da morte.

Não só livra a alma da indolência e da fraqueza contraídas por efeito da doença ou por seus pecados, mas também revigora o corpo alquebrado pela fadiga. É um conforto para a pessoa suportar mais facilmente os incômodos da enfermidade.uncao_dos_enfermos_2.jpg

Aos doentes em situação extrema, este Sacramento é valiosíssimo auxílio na hora terrível da passagem desta vida terrena para a eternidade.

Por fim, muitas vezes, a Unção obtém a saúde do corpo, quando esta for útil à salvação da alma.

Quem e quando pode recebê-la?

O tempo oportuno para receber este Sacramento é o momento em que a pessoa começa a correr perigo de morte por motivo de doença, debilitação física ou velhice. Assim, não se deve adiar para a última hora o pedido. A este propósito, o Missal Romano insiste: “Evite-se esperar a proximidade da morte para falar neste Sacramento” (GMR, 912).

Cada vez que um cristão ficar gravemente enfermo, pode receber o Sacramento da Unção. E ele pode ser reiterado no decurso da mesma doença, toda vez que esta se agravar. Podem recebê-lo inclusive os doentes em estado de inconsciência, bem como as crianças que já tenham atingido o uso da razão.

Não é necessário o fiel pedir esse Sacramento, basta que ele consinta em recebê-lo. Obviamente, se o pedido da Unção é motivado pela Fé do enfermo, sua eficácia será muito maior.

Só o presbítero pode ministrá-la

Uma senhora, pessoa instruída, estava com a mãe hospitalizada, em estado grave. Ao ser perguntada se havia chamado o padre para lhe dar a Unção dos Enfermos, respondeu: “Sim. Um ministro já lhe deu a Unção!”

Resultado: a mãe faleceu sem o Sacramento porque o ministro leigo não tem poderes para administrá-lo validamente. Nem mesmo o diácono. Segundo nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (nº 1516), esse poder é exclusivo de quem recebeu a ordenação sacerdotal, isto é, o bispo e o padre.

Ao ministro leigo cabe uma importante missão: incentivar o enfermo a pedir a Unção e ajudá-lo a preparar-se para recebê-la com boas disposições.

Uma grande responsabilidade

E os familiares têm a grande responsabilidade de providenciar para que seus parentes enfermos não fiquem privados dos benefícios deste Sacramento justamente quando deles mais necessitam!uncao_dos_enfermos_3.jpg

Como pouco se fala da Unção dos Enfermos, os familiares e amigos, ao tratarem com os doentes a respeito deste assunto, devem começar por falar em Sacramento que anima a pessoa em seu estado de enfermidade ou de enfraquecimento, comunicando-lhe forças para suportar os incômodos e sofrimentos.

Convém falar da possibilidade de ser curado, mas sem apresentar a Unção como mero instrumento da cura corporal. Isto, embora aconteça com freqüência, pode desvirtuar o significado principal do Sacramento, que é conferir a graça de suportar a enfermidade com espírito de fé, esperança e caridade.

Como Jesus instituiu este Sacramento?

Percorrendo as aldeias circunvizinhas de Nazaré, Jesus chamou os Apóstolos, “deu-lhes poder sobre os espíritos imundos”, e os enviou, dois a dois, a pregarem a penitência. “Eles expeliam numerosos demônios e ungiam com óleo muitos enfermos e os curavam” (Mc 6, 7 e 12-13).

Após a ressurreição, o Senhor renovou esse envio: “Em meu nome… eles imporão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados” (Mc 16, 17-18; CIC, 1507).

O óleo tem por efeito natural restituir a saúde, despertar alegria e alimentar a chama; presta-se também para revigorar o corpo alquebrado pela fadiga. Estas qualidades do azeite simbolizam bem os salutares efeitos produzidos pela Unção dos Enfermos.

O Divino Salvador às vezes pede ao doente uma prova de Fé, como no caso daquele grupo de cegos que Lhe imploravam a cura: “Credes que eu posso fazer isso? Sim, Senhor, responderam eles. Então Ele tocou-lhes nos olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo vossa fé. E no mesmo instante, os seus olhos se abriram” (Mt 9, 28-30).

Por Padre Caio Newton de Assis Fonseca, EP.

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