"Todos os Domingos podemos subir a montanha para contemplar Jesus ressuscitado e escutar a sua Palavra", afirma o bispo de Frederico Westphalen
Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul (Segunda-Feira, 17/03/2014, Gaudium Press) Dom Antônio Carlos Rossi Keller, bispo da diocese de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, escreveu um artigo sobre a transfiguração do Senhor no Monte Tabor. Ele inicia sua reflexão lembrando que no primeiro domingo da Quaresma consideramos a luta de Jesus com o tentador, no deserto. Para o prelado, essa página bíblica recorda-nos que Cristo combateu, recusando aproveitar-se da sua condição divina: Jesus humilde, discreto, pobre, passando fome, tentado como um homem qualquer.
De acordo com o bispo, no episódio da transfiguração, contemplado no último domingo, nós contemplamos a sua divindade oculta pela sua humanidade. Ele destaca que este fato aparece numa altura em que Jesus se aproxima do fim da sua missão. “No princípio, grandes multidões o seguiam, mas agora Jesus começa a exigir uma verdadeira fé. Ele é o Messias. As obras que realiza revelam o seu poder divino, mas Ele não é o Libertador glorioso e triunfalista. Ele identifica-se com servo sofredor de que fala Isaías. As autoridades judaicas recusam-no, armam-lhe ciladas e querem dar-lhe a morte. Jesus afasta-se da Judeia, dedica-se à formação dos Apóstolos”, afirma.
Dom Antônio ainda ressalta que depois da profissão de fé feita por Pedro, Jesus fala abertamente da sua morte em Jerusalém (Mateus 16,21). O prelado salienta que Pedro rejeita este plano, mas Jesus está determinado e fala da Ressurreição e da glória, que virá após a morte de Cruz. Segundo ele, seis dias depois se dá este maravilhoso episódio da Transfiguração: a presença de Moisés e Elias, a nuvem luminosa, a voz do Pai, o rosto de Jesus transfigurado, todo este cenário de manifestação gloriosa ensinará os discípulos que é pelo trabalho que se chega ao descanso, pela luta que se chega à vitória, pela morte que se chega à ressurreição.
“Subamos com Jesus ao Monte Tabor. Subir implica esforço. O horizonte visual é cada vez mais amplo, o ar mais fresco, mais puro. Há um grande silêncio lá no alto. Lembremos que a montanha simbolicamente remete para o sagrado. Permite o isolamento, favorece a contemplação. Deus deixa-se ver quando estamos sós, faz-nos ouvir a sua voz quando fazemos silêncio.”
O prelado também enfatiza que Pedro, Tiago e João, as futuras colunas da Igreja, viram o rosto de Jesus luminoso, brilhante como o sol, pois ele se transfigurou diante deles. Além disso, viram Moisés e Elias, falando com Jesus, eles ouviram a voz do Pai e ficaram bem confirmados: “Este é o meu Filho Escutai-o”. Conforme dom Antônio, Jesus antecipa-lhes a experiência da glória futura, deixando-lhes ver o fulgor do seu rosto ressuscitado.
Por fim, o bispo acrescenta que Jesus quis fortalecer com a visão da glória aqueles que também viriam a ser testemunhas da sua humilhação na agonia do Getsemani. Ele afirma que para não sucumbirem com o peso do sofrimento provocado pela humilhação da sua santa humanidade na Agonia, no Jardim das Oliveiras; para não desfalecerem com a crueldade e violência da paixão que culminará na Crucificação, Jesus fortaleceu-os primeiro com a visão da sua divindade, no Monte Santo.
“Compreenderão, mais tarde, que era necessário que o Messias sofresse a morte para entrar na glória da Ressurreição. Sobretudo, São Pedro que também terá dias de luta, de sofrimento, durante a sua vida apostólica, recordará sempre o mistério da transfiguração do Senhor no cume do monte santo”, completa.
Para dom Antônio, a transfiguração aparece após o anúncio da Paixão, e todos os Domingos podemos subir a montanha para contemplar Jesus ressuscitado e escutar a sua Palavra, para descermos à vida cotidiana cheios de força divina para enfrentar os muitos problemas. “Nesta Quaresma, para escutar melhor a voz de Deus que nos fala no silêncio do nosso recolhimento, teremos algum tempo de retiro?”, questiona. (FB)





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