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A misericórdia salva o mundo

São Paulo (Terça-feira, 17-09-2013, Gaudium Press) “A Fé cristã em Deus não parte de conceitos intelectuais puros, mas de uma experiência com Deus”. Foi o que escreveu o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, em seu artigo publicado recentemente.

Ao explicar sobre a busca pela salvação através da misericórdia de Deus, Dom Odilo afirmou que “essa experiência, retratada na Sagrada Escritura, é a história da salvação vivida por pessoas e por todo um povo” e que “para bem compreender nossa Fé, é tão importante conhecer e compreender a Escritura”.

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Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de
São Paulo | Foto: Leandro Massoni Ilhéu

Segundo o Arcebispo, “nossa Fé cristã católica nos diz que a misericórdia é um dos atributos de Deus, embora esse conceito não apareça, como tal, nos Símbolos da nossa Fé”.

“A Deus convém a misericórdia. E Deus nos trata com misericórdia”, enfatizou.

Porém, o Cardeal disse que nem sempre o verdadeiro conceito de misericórdia de Deus é claro para as pessoas, pois “com facilidade, contrapõe-se poder e misericórdia em Deus, como se esses dois atributos fossem excludentes; ou se opõe a justiça divina à sua misericórdia”.

“A Fé cristã não permite essa contraposição. Deus é todo-poderoso e isso significa que também é onipotente no amor. Por isso, pode ser misericordioso, indo além da mera justiça. É próprio da justiça de Deus que ela seja aplicada com amor. E isso é a misericórdia divina, na concepção bíblica e da Fé cristã”, escreveu.

Remetendo-se a história do Povo de Deus, antes de Cristo, embasado nas palavras do Livro do Êxodo, Dom Odilo assinalou que mesmo castigando os culpados, para que se convertessem e voltassem ao bom caminho, o Nosso Senhor é “misericordioso e clemente, paciente, rico em misericórdia e fiel, que conserva a sua misericórdia por mil gerações e perdoa culpas, rebeldias e pecados” (Êx. 34, 6-7).

Para ele, a justiça de Deus, “quando aplicada na forma de castigo, é sempre pedagógica e corretiva, para levar o homem a se rever”, pois o Pai “se recorda de suas misericórdias” (cf Sl 25,6).

O Arcebispo de São Paulo ainda lembrou aos leitores que o Apóstolo São Paulo usava muito o conceito de misericórdia para referir-se a Deus, “a quem chama de ‘Pai das misericórdias, Deus de toda consolação’ (2Cor 1,3).

“Deus é ‘rico em misericórdia’, pois nos amou quando éramos ainda pecadores e nem o conhecíamos (Ef, 2,4-5). O próprio Paulo reconhece ter experimentado a misericórdia de Deus por meio de Cristo Jesus, apesar de ter sido blasfemo e perseguidor de Cristo (1Tm 1,13.16)”, esclareceu.

Dom Odilo também ressaltou em seu artigo que Jesus Cristo nos apresenta de forma mais clara que Deus é misericordioso, pois, de acordo com o Cardeal, “Deus não fica feliz quando o homem se perde e sai à sua procura, até encontrá-lo; e o céu faz festa por um pecador que faz penitência mais que por 99 justos, que não têm necessidade de penitência”.

“Mesmo quando o rejeitam e abandonam, Deus fica esperando ‘de braços abertos’ que voltem a Ele novamente, pronto para acolhê-los. E faz festa por causa do filho ‘que estava morto e tornou à vida; estava perdido e foi encontrado'” (Lc 15,32), recordou ao usar a parábola do “Pai misericordioso”, contida no Evangelho de São Lucas.

Finalizando seu artigo, o Arcebispo acredita que o Ano da Fé nos ajudará a refletir sobre o significado das afirmações da Fé cristã, pois “‘Crer em Deus’ significa crer no Deus de infinita misericórdia, que tem medidas de justiça muito mais largas que as nossas”.

“Deus salva o mundo por sua misericórdia. Por isso, nossa Fé está relacionada imediatamente com a esperança. Deus não nos trata conforme a mesquinhez de nossos pecados, mas conforme a abundância de suas misericórdias”, concluiu. (LMI)

Com informações Arquidiocese de São Paulo

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