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"Sempre que nos esforçamos por viver segundo o Evangelho estamos evangelizando pelo nosso testemunho de vida", afirma o bispo de Osório

Osório (Segunda-Feira, 16/09/2013, Gaudium Press) Dom Jaime Pedro Kohl, bispo de Osório, no Estado do Rio Grande do Sul, no artigo “A casa da Palavra”, refletiu sobre a Bíblia, que para nós cristãos é a principal fonte onde alimentamos nossa espiritualidade e buscamos a iluminação para vivermos fielmente nossa vocação e missão no mundo. No texto, o prelado afirma que pelo mistério da Encarnação a Palavra se fez carne e habitou entre nós, e essa é a Boa Notícia, o Evangelho, a Palavra de Salvação.

Dom Jaime cita Paulo, que escrevendo a Timóteo é muito claro: “Segura e digna de ser acolhida por todos é esta palavra: ‘Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores'” (1Tm 1,15). O bispo ainda lembra que o evangelho deste último domingo contou a parábola do Pai misericordioso, que atende ansiosamente pelo retorno do filho desencaminhado, nos mostra o que Deus mais deseja de cada um de nós: que nos mantenhamos na comunhão com ele e, se acontecer de cair na desgraça do afastamento, não tenhamos receio de voltar para a casa do Pai, ou seja, recolocar nossa vida nos trilhos no caminho regrado e iluminado pela Palavra.

De acordo com o prelado, a Igreja nasceu da Palavra. Ele explica que a notícia da ressurreição do Mestre Jesus reuniu o grupo dos apóstolos dispersos e pelo testemunho deles começou o novo povo de Deus que passa a se reunir nas casas: “Eram perseverantes no ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2,42).

“Nisto que consiste a catequese apostólica: a pregação da Palavra de Deus. Os Apóstolos anunciam a inauguração do Reino de Deus e, portanto, a decisiva intervenção divina na história humana, proclamando que a morte e a Ressurreição de Jesus Cristo produziu a salvação: Em nenhum outro existe salvação”, ressalta.

Para dom Jaime, embora a catequese ajude a aprofundar esse mistério na vida cristã, o ápice da pregação encontra-se na homilia, que ainda hoje para muitos cristãos é o momento principal do encontro com a Palavra de Deus. “Aí ministro deveria transformar-se em profeta. Com uma palavra clara e incisiva deveria nos ajudar a responder a pergunta: O que temos que fazer?”, questiona ele.

Por conseguinte, avalia o bispo, o anúncio, a catequese e a homilia supõem uma leitura e uma compreensão, uma explicação, um compromisso da mente e do coração. A cena de Emaús, por exemplo, reproduz aquilo que acontece todos os dias nas nossas igrejas: à homilia de Jesus sobre Moisés e os profetas segue-se, a fração do pão eucarístico.

“Este é o momento do diálogo íntimo de Deus com o seu povo, é o ato da nova aliança selada no sangue de Deus, é a obra suprema do verbo que se oferece como alimento no seu corpo imolado, é a fonte e o ápice da vida e da missão da Igreja.”

Ainda conforme o bispo, a narração evangélica da última Ceia, memorial do sacrifício de Cristo, quando é proclamada na celebração eucarística, na invocação do Espírito Santo, torna-se acontecimento e sacramento. Por isso o Vaticano II, em um trecho de profunda intensidade, declarava: “A Igreja venerou sempre as Sagradas Escrituras, como o próprio Corpo do Senhor, sem jamais deixar, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar o pão da vida, tanto na mesa da Palavra de Deus, como no Corpo de Cristo, e de o distribuir aos fiéis” (DV 21).

Segundo dom Jaime, o terceiro pilar do edifício espiritual da Igreja, casa da Palavra, é constituído pelas orações, entrelaçadas por salmos, hinos e cânticos espirituais. Ele salienta que, juntamente com a Liturgia das Horas e com as celebrações comunitárias da Palavra, a tradição introduziu a prática da Leitura Orante da Palavra. Para o prelado, a pessoa iluminada pelo Espírito Santo, pode ter acesso ao tesouro da Palavra e encontrar nela Jesus Cristo, palavra viva de Deus.

Por fim, a última coluna que sustém a Igreja, casa da Palavra é a Koinonia, a comunhão fraterna, afirma o bispo, que também acrescenta que é necessário ser como “aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8, 21). Ele acredita que escutar com autenticidade é obedecer e agir, é fazer prosperar na vida a justiça e o amor, é oferecer na existência e na sociedade um testemunho na linha do apelo dos profetas, que uniam constantemente a Palavra de Deus e a vida, a fé e a retidão, o culto e o compromisso social.

Dom Jaime destaca que essa escuta obediente da Palavra passa a ser visível e legível no nosso próprio rosto e nas mãos do fiel, pois é assim o Mistério da Encarnação continua acontecendo: a Palavra se faz carne em nossa carne e Deus se faz gente em nossa gente, o Evangelho se torna vida e a vida Evangelização.

“São João Calábria, fundador da Congregação dos Pobres Servos da Divina Providência, não cansava de nos exortar: ‘Sejamos evangelhos vivos’. O que isso significa? Que sempre que nos esforçamos por viver segundo o Evangelho estamos evangelizando pelo nosso testemunho de vida. Isso, também, é Missão. Uma missão silenciosa, mas uma grande missão”, conclui. (FB)

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