"O primeiro bem comum são seus direitos humanos, que tem por lei básica o amor", afirma o Arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Terça-Feira, 20/08/2013, Gaudium Press) Em seu mais recente artigo, Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, fez uma reflexão sobre o tema “O bem comum”, onde ele afirma que a metafísica apresenta quatro propriedades transcendentais do ser: sua unidade, cada ser é idêntico a si mesmo, indiviso em si e diviso dos demais; sua verdade, pela adequação à inteligência; sua bondade, pela adequação à vontade; e sua beleza pela harmonia que encanta os sentimentos.
De acordo com o prelado, em linha de princípio deve-se então afirmar que todo ser é uno, verdadeiro, bom e belo. Para ele, quando se desce aos particulares começam os problemas e as dificuldades frente a cada uma destas propriedades. “Restrinjamo-nos à bondade. Dizem que todo ser é bom. Com isso já supomos a distinção entre sujeito e objeto. É bom – como objeto – para alguém – sujeito. Tanto o objeto como o sujeito variam. O sujeito pode ser um indivíduo. Falamos então de um bem particular. Mas pode também ser a sociedade, o que nos leva a considerar o bem público ou comum”, analisa.
O Arcebispo enfatiza que com isso é possível perceber que também a unidade de ambos varia. Segundo ele, tanto o indivíduo como a sociedade formam um todo, mas de modos diferentes: o indivíduo tem sua clara identidade, por exemplo Pedro, mas ele não é individualmente toda a sua realidade. Dom Dadeus explica que na verdade ele não vive isoladamente, é família, pois tem pais, eventualmente esposa, filhos e muitos parentes. Relaciona-se.
“Só existe o eu em relação ao tu. É a convivência. É ele e suas circunstâncias. Atingir um é afetar muitos outros, que com ele convivem. Na família existem muitas coisas comuns, além da vida. São de todos. Por isso são de cada um: residência, utensílios, salas”, completa.
No entanto, acrescenta Dom Dadeus, o ser humano não é só família, porque integra uma comunidade, onde os laços são vitais, e integra uma sociedade, que se caracteriza pelos laços funcionais. Ele esclarece que há uma unidade na sociedade, que se organiza no Estado, e assim como o indivíduo e a família, também o Estado possui bens, o que equivale a dizer que os cidadãos possuem muitas coisas em comum. “Falamos então de bens comuns. Cada um é, à sua maneira, responsável por eles. São de todos. Por isso são de cada um, na medida em que integra o todo.”
O prelado recorda que em Porto Alegre, no Centro de Pastoral, existe uma escola do bem comum, aberta a todos, pois este assunto precisa ser estudado e esclarecido. Ele destaca que a Igreja elaborou, principalmente a partir da encíclica de Leão XIII, Rerum novarum, uma doutrina social para os nossos tempos, e coloca, na base, a dignidade humana, capaz de possuir, porque é livre e responsável por si e por seus atos.
“O primeiro bem comum são seus direitos humanos, que tem por lei básica o amor. Este, para se implantar na sociedade, teve que criar duas virtudes, a justiça para atribuir a cada um o que é seu, repartindo os bens sem dividir as pessoas; e a misericórdia, para ir ao encontro dos necessitados, sem apelar para a retribuição. Fala-se, por isso, da necessidade de criar uma civilização do amor”, ressalta.
Por fim, Dom Dadeus salienta que entre os maiores bens, que devemos garantir para uma feliz e harmoniosa convivência humana, estão a família, pela qual passa o futuro da humanidade; a vida humana, desde sua concepção até seu desfecho, com saúde e segurança; o trabalho como chave da questão social; a democracia, como participação de todos na condução do bem comum; o meio ambiente como garantia de uma base sólida para a vida e a paz como convivência pacífica de todos. (FB)
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