"Profissão que não busque promoção humana, fica a desejar na sua razão de ser", afirma o arcebispo de Maringá
Maringá (Terça-Feira, 30/04/2013, Gaudium Press) “Trabalho com dignidade”. Este é o título do mais recente artigo de dom Anuar Battisti, arcebispo metropolitano de Maringá, no Estado do Paraná, onde ele lembra que na maioria dos países industrializados o 1º de maio é o Dia do Trabalho.
O prelado explica que a data vem do fim do século 19 e é comemorada no Brasil desde 1895 tendo sido transformada em feriado nacional a partir de setembro de 1925, por um decreto do presidente Artur Bernardes.
Por ocasião da data, dom Anuar afirma que na arquidiocese de Maringá, este ano, será realizada a 24º Romaria do Trabalhador, e por ser o ano da Jornada Mundial da Juventude, a Campanha da Fraternidade e Juventude, foi escolhido como tema: “Juventude e Trabalho”, e como lema “Construindo um mundo novo”.
Ele enfatiza que a romaria terá início dentro da Universidade Estadual de Maringá (UEM), como um ato simbólico mostrando a juventude que se prepara para o mundo do trabalho, a fim de exercer uma profissão, para trabalhar, buscando o bem da coletividade e não somente realização profissional e financeira.
“A caminhada prossegue pelo bairro, para simbolizar o caminho difícil e competitivo do mercado de trabalho, principalmente nos grandes centros. Os jovens que saem das universidades vivem hoje um verdadeiro drama com relação a sua profissão com a falta de oportunidades. Por outro lado são muitos os que conseguem dar o que receberam, realizar os sonhos sem querer construir impérios e sim se promover promovendo a dignidade dos mais necessitados”, acrescenta.
Segundo o prelado, são muitos os profissionais conscientes de que receberam gratuitamente e que devem dar gratuitamente, pois uma profissão que não busque a promoção humana em primeiro lugar, fica a desejar na sua razão de ser. “Nesta romaria, caminhando lado a lado, simbolizando a luta de todos os trabalhadores e trabalhadoras, abrimos a mente e o coração para a realidade bonita e complicada do mundo do trabalho.”
Ele ainda destaca que não queremos trabalho escravo, somos livres no exercício da profissão, mas permanecemos escravos do salário e da sociedade consumista que mata inclusive o domingo, dia do lazer e da família. Para o arcebispo, somos escravos do “capitalismo selvagem”, onde a pessoa vale pelo que produz e não por aquilo que ela é.
“O trabalho é que dignifica o homem; o trabalho com dignidade, com salário justo. A ganância insaciável do poder econômico mata o ser humano, frustra os ideais, e faz perder o sentido de viver. A nossa urna funerária não tem gavetas. Acreditamos que esta 24º Romaria é a continuidade de um longo caminho na busca de dignidade no trabalho e do trabalhador”, avalia.
Por fim, dom Anuar pede que ninguém se sinta fora desta comemoração, desde aquele que lavra a terra, até aquele que em uma sala com ar-condicionado contribui para o bem de toda a coletividade. Para ele, nenhum trabalho é mais digno ou menos digno, pois todos são fundamentais desde que sejam feitos com dignidade.
O prelado espera também que ninguém se sinta alheio às exigências de exercer sua cidadania, promovendo o bem, a justiça, a paz, dando espaço ao protagonismo dos jovens, que sonham construir um mundo novo.
“O homem de Nazaré, filho do carpinteiro, calejou suas mãos na carpintaria, junto com seu pai adotivo, José. Não foi apenas um filho, foi também, um operário. Que o dia primeiro de maio seja para todos um dia de comemorações pelas conquistas dos direitos mas também demonstração da luta pelo compromisso incansável pela dignidade de todos e todas”, conclui.
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