“A solidariedade, baseada na fé em Cristo, leva ao compromisso social”, afirma o arcebispo de Porto Alegre
Porto Alegre (Terça-Feira, 23/04/2013, Gaudium Press) Dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em seu mais recente artigo “Assistência Social”, fala sobre a caridade. O prelado afirma que a Igreja de Cristo se distingue por três dimensões: a Igreja da Palavra, anunciando uma Boa Nova da Salvação à humanidade; a Igreja da santificação, transmitindo vida divina através de suas celebrações e sacramentos, instituídos por Cristo; e a Igreja da Caridade, indo ao encontro dos mais necessitados, na certeza de encontrar e socorrer neles o próprio Cristo.
De acordo com o arcebispo, o governo fala de filantropia para caracterizar algumas entidades, incluindo a Igreja, como altamente sociais, e concede-lhes, por isso, certas facilidades e isenções a fim de possibilitar-lhes melhor exercício de suas atividades, que afinal são de sua competência, principalmente no campo da educação, da saúde e da assistência social.
“Sabe-se que o Estado, por mais que seus governantes tenham boa vontade e se empenhem neste campo, não tem coração, ou seja, não possui uma mística de ação. Restringe-se à técnica. Daí, no dizer de Péguy, tudo começa na mística,ou seja, com altos ideais de beneficência, e termina na política, que significa uma administração técnica sem alma, que logo cansa e cai na rotina. Para não dizer que esclerosa”, avalia.
Dom Dadeus então explica que a Igreja tem uma mística que lhe provém de Cristo, de atender crianças e jovens, doentes e pobres, idosos e desamparados, através da educação, transmitindo-lhes mais que conhecimentos técnicos, valores de vida. “Leva-os assim à felicidade e à realização pessoal bem como a uma convivência familiar e comunitária mais sadia. Ampara-os na saúde, velando pelos doentes e apoiando-os no seu sofrimento, mas acima de tudo, proporcionando-lhes esperança, paz e segurança, numa perspectiva que só ela consegue transmitir, de eternidade.”
Ainda segundo o prelado, a Igreja tem a certeza de que 35% de sua melhora depende da fé, do aconchego e da oração de pessoas queridas, mas sabe também que não basta educação e saúde para promover o bem comum e de cada um. Para ele, a Igreja sabe que é também preciso saber conviver para ser feliz e sentir-se realizado, e por isso se empenha na promoção humana. “Diz-se, com razão, que o pobre mais pobre é quem não tem alegria nem fé”, completa.
Com relação às obras sociais, o arcebispo ressalta que desde os seus primórdios a Igreja está empenhada nessa questão, pois isso faz parte de seu DNA. Ele enfatiza que Cristo uniu indissociavelmente o amor a Deus e o amor ao próximo, mostrando que a fé em Deus providente e criador está relacionada à fé no mundo criado por ele e à fé no homem, feito à sua imagem e semelhança.
“Por isso o Cristianismo assume, como seu símbolo máximo, a Cruz. Com a haste vertical aponta para Deus, como transcendente a tudo o que existe no mundo, e com a haste horizontal indica o homem, como imanência no mundo. S. Bento concretizou este símbolo na Cruz e no Arado, como oração e trabalho, qual binômio a caracterizar a vida cristã”, diz.
Por fim, dom Dadeus destaca que a arquidiocese de Porto Alegre, além das paróquias, onde se administram a catequese, os sacramentos e se reúnem os fiéis para a convivência fraterna, dispõe de uma animação missionária para levar a Boa Nova da Salvação às pessoas que ainda se encontram afastadas; e organiza diaconias para o exercício da caridade, como coordenação das pastorais sociais, que são muitas.
“Gostaríamos de chegar, entre nós, à verificação da verdade das comunidades cristãs primitivas, que garantia que entre eles não havia necessitados. Na verdade, também na comunidade católica, não passa fome quem realmente participa dela. Os cristãos na fé não permitem. A solidariedade, baseada na fé em Cristo, leva ao compromisso social”, conclui. (FB)
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