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“O presente fornece a perspectiva, o passado é lembrança e o futuro não passa de previsão”, lembra arcebispo de Porto Alegre

Porto Alegre (Quinta-Feira, 21/02/2013, Gaudium Press) Com o título “Vida em prestações”, dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, disse em seu mais recente artigo que, a rigor, real é somente o passado, pois ele já foi e o futuro ainda não chegou. Mas tempo é abstração, que não existe em si e identifica-se com o movimento dos corpos, enumerado segundo o anterior e posterior.

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Neste sentido, explicou o arcebispo, o tempo tem parentesco com o espaço, que também não existe em si e identifica-se com a extensão dos corpos. Para ele, ambos têm uma incidência decisiva sobre a vida humana, constituindo suas coordenadas imprescindíveis, pois para tornar o tempo real é preciso concretizá-lo. Dom Dadeus afirmou que o primeiro dado é a consciência.

“Digo eu. Sei que existo. Isto significa que tenho consciência de mim, mesmo que não saiba dizer exatamente quem sou. Descartes buscou ali a base de seu pensamento: ‘penso, logo existo’. Mas não sou somente pensamento. Também sinto, quero, recordo, projeto… Situado no espaço olho para frente, ou para trás ou para os lados”, completou.

De acordo com o prelado, à semelhança deste olhar o ser humano se situa também no tempo e o traduz para frente como futuro, e para trás como passado. Ele ainda ressaltou que o presente é o ponto de observação, pois fornece a perspectiva; o passado é lembrança; e o futuro não passa de previsão.

“Situo-me no aqui e agora – no presente e no espaço físico. Real é o agora. Isso significa realização: Estar atualizado. Mas atualizado em relação a que? No momento presente estou atualizado, ou seja, sou real em relação a mim mesmo. Tenho consciência de mim, na certeza de que existo. Isso significa que não estou dormindo, quando, por assim dizer, me apago; nem estou alienado de mim, pela inconsciência.”

Mas então, questiona o arcebispo, por que vem a acusação de desatualizado? Segundo ele, se o progresso, em proporções cada vez mais incrementadas, nos põe em risco de, em um ano, desatualizar-nos 50%, se não acompanharmos seu ritmo, em dois anos 65% e em três anos 83%, mostra que a consciência de si, no momento presente não basta.

Para o arcebispo, atualizar-se exige colocar-se em dia. Dom Dadeus lembrou que o italiano cunhou uma expressão emblemática: “aggiornamento”, e que hoje se diria correr com o tempo, que tenta fugir de modo cada vez mais depressa. Ele acredita que se tempo é abstração, não há como correr com ele, é preciso descobrir os movimentos que nos cercam e o produzem.

“Eu os vejo facilmente no meu corpo e no corpo dos outros. Têm as marcas do tempo. Tudo envelhece. Eu me situo na família. Meus pais envelheceram e morreram. Falo então da perda: pais já foram retirados do meu convívio. Meus irmãos e colegas também envelheceram. E eu com eles. Assim sei, por experiência, o que é envelhecer”, analisou o prelado.

Por fim, dom Dadeus lembrou dos dias de infância, do tempo da juventude, dos trabalhos da vida adulta e, agora, dos tempos de velhice. “Insistem que é preciso fazer periodicamente exames médicos. Ver, cientificamente, o que acontece no corpo e com o organismo. Fazem exames de todos os órgãos. Vem então a receita de medicamentos e até intervenções cirúrgicas. Baixa-se hospital… Mas eu estou bem. Digo, como muitos, que não me sinto velho”, concluiu. (FB/JS)

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