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“Padre pra que?” – responde o Bispo de Osório (RS)

Osório (Sexta-Feira, 10/08/2012, Gaudium Press) Em recente artigo, intitulado “Padre pra quê?”, dom Jaime Pedro Kohl, bispo da diocese de Osório, no Rio Grande do Sul, aproveita o mês de agosto, mês dedicado às vocações, para falar sobre a importância dos sacerdotes, que foram lembrados pela Igreja no último dia 4 de agosto.

O prelado acredita que muita gente hoje em dia se pergunta: Padre, mas para quê? Quem precisa deles? O que fazem de útil à sociedade? Tem ainda gente que os procura para algo? E a pergunta mais comum que a gente ouve: porque os padres não podem casar?

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Dom Jaime Kohl, Bispo de Osório (RS)

Dom Jaime afirma que para certo público falar do padre seria como falar de um ser exótico, longe da sua realidade, tanto que para eles não fazem a mínima falta. Segundo ele, a sua opção vocacional, especialmente pela promessa de vida celibatária, é vista como loucura, emasculação, desnaturação. “Sei que é difícil às pessoas entenderem essa vocação, especialmente para quem absolutiza o sexo, para quem a felicidade é ter dinheiro, para quem liberdade é seguir o seu capricho. Para estes a opção pela vida sacerdotal parece sim um suicídio, um absurdo, uma loucura”, diz.

De acordo com o bispo, o único motivo que lhes convence da conveniência do celibato parece ser a questão econômica, pois acham que se os padres tivessem mulher e filhos para sustentar iriam pesar muito no bolso dos fiéis. “Há uma grande incompreensão dos valores que animam a vida do padre.

Quando é visto simplesmente como um profissional do sagrado, sua vocação se esvazia e sua nobre missão parece covardia, fuga, estupidez. Mas estupidez não é, muito pelo contrário, é honradez, coragem, altruísmo, amor, doação, desprendimento, gratuidade”, ressalta o prelado.

No entanto, dom Jaime questiona: Como não compreender a conveniência do celibato quando há tanta gente mal amada, abandonada, desorientada, órfã, precisando de alguém que lhe faça de pai, mãe, irmão, irmã? Quantos não são os que buscam um ombro amigo que lhes escute e ajude a discernir os rumos de sua vida ou para um simples desabafo? Para ele, tanto o celibato consagrado como a promessa de obediência não são nenhuma escravidão, mas paradoxalmente são fonte de verdadeira liberdade. “Essa é a minha experiência e sei que não só minha, mas de muitos outros padres e bispos no mundo todo.”

O bispo destaca ainda que traz dentro dele a convicção de que, se o padre for realmente aquilo que o povo espera dele e que faz parte de sua vocação e missão, ou seja: homem de Deus para os homens e homem dos homens para Deus, ele será uma pessoa feliz e poderá ajudar muita gente a ser feliz também. Porém, dom Jaime avalia que o sacerdócio ministerial não é para todos, pois não é uma simples profissão como tantas outras. “Não basta o querer da pessoa, mas somente subsiste se for resposta a um chamado de Deus. Essa vocação é um dom dado gratuitamente, não por merecimento do candidato e nem de ninguém, mas por pura graça”, completa.

Por fim, dom Jaime enfatiza que quando o padre se esforça por viver bem e com fidelidade sua missão junto à comunidade e essa aceita seu ministério, se dá, como que um amor esponsal, um vínculo afetivo-espiritual, uma relação de paternidade e filiação de grandíssimo valor. No entanto, o bispo lamenta que muitos não percebem ou não querem ver essas preciosidades de vida e, infelizmente, há quem só fique apontando defeitos ou vendo limites e não vislumbram caminhos de crescimento humano e espiritual.

Ele acha importante reforçar que não está dizendo que os padres são perfeitos, pois como pessoas humanas, são suscetíveis a fraquezas e fragilidades, mas quando são sinceros e esforçados na busca de viver o ministério se tornam para a comunidade cristã uma referência importante, não por mérito pessoal, mas por uma graça própria que deriva da ordenação sacerdotal.

“O respeito pela vocação do outro e o bom senso nas relações pessoais e comunitárias serão de grande ajuda, tanto para crescimento espiritual dos padres como dos leigos. Então, padres para que? Resumo tudo em duas palavras: padres para amar e servir”, conclui. (FB/JS)

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