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A Igreja deve continuar sendo um obstáculo à secularização total da sociedade, afirma Arcebispo de Baltimore

Baltimore (Quarta-feira, 27-06-2012, Gaudium Press) A quinzena pela Liberdade, promovida pelos bispos dos Estados Unidos, que tem como objetivo manifestar a defesa da liberdade religiosa diante das disposições governamentais, começou oficialmente com uma Santa Missa, celebrada no dia 21 de junho passado, na Basílica do Santuário Nacional da Assunção da Santíssima Virgem, em Baltimore, EUA. O celebrante, Dom Wiliam Lori, fez um forte chamado a “defender a liberdade religiosa dos indivíduos e a liberdade religiosa das instituições”.

A celebração de abertura deu-se nas vésperas da memória de São Tomas Morus e São João Fisher, dois mártires da liberdade religiosa, condenados à morte em 1535 por opor-se às disposições do Rei Henrique VIII, que eram contrárias à Fé da Igreja e deram origem ao cisma da Inglaterra. Ambos foram “mártires que preferiram dar a vida a ferir suas consciências ou seus princípios sagrados”, afirmou Dom Lori.

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Fiéis participam da Santa Missa

“Fomos feitos à imagem de Deus para sermos participantes da Sabedoria e riqueza d’Ele”, explicou o Arcebispo. “Porque fomos criados no amor e pelo amor, recebemos do Criador direitos inerentes à vida, liberdade e à busca da felicidade”. A luta atual da Igreja nos Estados Unidos, concluiu, exige o respeito desses direitos.

Liberdade religiosa para os indivíduos

O prelado tratou sobre o sentido que há em começar a “Quinzena pela Liberdade” na véspera da memória desses dois Santos, que ofereceram um claro ensinamento para a atualidade: “São Tomas Morus é exemplo para o crente individual, o cidadão que busca unir o Culto Divino dos domingos ao trabalho das segundas-feiras, levar os valores de nossa Fé na vida familiar, ao mercado e à praça pública”.

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Dom Wilian Lori dirige-se aos fiéis

Este Santo leigo, advogado e político, em palavras de Dom Lori, “representa ao empregador o empregado consciente que busca evitar ou facilitar o mal no curso de seu trabalho diário. Que trata de viver e trabalhar de acordo às exigências da justiça”. O exemplo de São Tomas Morus é também inspirador para “aqueles que entendem quão prejudicial é para o bem comum o separar a Fé da vida, o Evangelho da cultura”. 

Nesse contexto, o Arcebispo expôs o ultraje que significa para os empregadores estarem obrigados a adquirir produtos que vão contra sua consciência, como o são para os católicos os anticoncepcionais, os remédios abortivos e a esterilização. A norma governamental muda o panorama para os “empregadores conscientes”: para eles “até agora era totalmente possível, sob a lei federal […] dirigir negócios privados de acordo com suas consciências e os ensinamentos de sua Fé”. Segundo o prelado, a entrada em vigor do mandato, acaba com essa liberdade.

Liberdade religiosa para as instituições

São João Fisher, o santo que também comemora a Igreja nessa data, foi colocado como exemplo para a atualidade a partir de sua condição de Bispo. “São João Fisher simboliza nossa luta por manter a liberdade religiosa nas instituições religiosas e ministérios, como nossas escolas e casas de caridade, explicou Dom Lori. O Santo Bispo de Rochester deu sua vida para não curvar-se diante do intromissão indevida do Estado na vida da Igreja.

Depois de esclarecer que a Igreja norte-americana não encontra hoje a ameaça do uso da violência, como enfrentou São João Fisher, o Arcebispo comparou a vida do santo com o que se passa na atualidade.

A Igreja segundo a lei, denunciou Dom Lori, “contrata principalmente a seus próprios membros, e serve a seus próprios membros”, o que não corresponde a realidade e trairia sua vocação. “Na medida em que a Igreja se confine a si mesma na Sacristia, estaria então isenta de pagar pelos serviços mandados pelo governo e contrários a seus ensinamentos”.

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Religiosos e leigos presentes

“Se a Igreja sai das estreitas margens dessa definição”, continuou o Arcebispo, “se contrata pessoas de outros credos, e se serve ao bem comum, então o governo nos diz que essas instituições não são suficientemente religiosas, que não merecem uma exceção”. A lei obriga então a “violar os princípios que motivaram a Igreja a estabelecer essas instituições em primeiro lugar”. Como exemplo das organizações afetadas, o prelado mencionou os colégios, universidades, hospitais e todo tipo de obras de beneficencia.

Atuar em defesa da Igreja

“Não devemos permitir ao governo, a nenhum governo, em nenhum tempo e de nenhum partido, que imponha uma definição tão constrangedora sobre nossa amada Igreja”, exortou Dom Lori. “Nossa Igreja foi enviada pelo Senhor a ensinar e batizar as nações, foi capacitada por nosso Salvador para pregar a Boa Nova […] foi enviada ao mundo para levar a cabo os trabalhos do amor e da misericórdia. É nosso dever defender a liberdade da Igreja de cumprir sua missão, de manifestar livremente o amor de Deus através dos trabalhos da educação e da caridade”.

As duas dimensões da liberdade religiosa, exemplificadas por esses dois santos Mártires “estão inseparavelmente vinculadas”, afirmou o prelado. “Se não defendemos os direitos dos indivíduos, a liberdade das instituições estará em risco, e se não defendermos os direitos de nossas instituições, a liberdade individual estará em perigo. Morus precisa de Fisher e Fisher necessita de Morus. E hoje precisamos de ambos mais que nunca”.

Dom Lori também assinalou a causa desses ataques à liberdade: “alguns diziam que a Igreja Católica é um obstáculo para a criação de uma cultura completamente secularizada nos Estados Unidos”, explicou. “Permaneçamos unidos para continuar a ser esse obstáculo”.

O prelado concluiu sua pregação confiando aos presentes o labor da defesa fiel da Liberdade e a prática coerente da Fé nas dimensões pública e privada da vida cristã: “que sejamos homens e mulheres de amor valente pela glória de Deus, pelo bem da Igreja e pelo amor ao país”.

Com informações da Archidiocese of Baltimore. Imagens: Tom McCarthy Jr – The Catholic Review.
(MF / DA)

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