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Cristo crucificado é o grão de trigo, que morre, para dar fruto”, diz arcebispo de Porto Alegre

Porto Alegre (Quinta-Feira, 12-04-2012, Gaudium Press) Em meio à discussão sobre a proibição da utilização de crucifixos nos recintos do Judiciário no Rio Grande do Sul, oportunamente o arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, escreveu um artigo intitulado “Deus Crucificado”, onde ele fala sobre o que significou a cruz de Jesus de Nazaré e o que ela significa hoje para nós.

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Dom Dadeus Grings
Arcebispo de Porto Alegre
 
 

O arcebispo afirma que o Sinédrio de Jerusalém nunca poderia imaginar que sua decisão, a respeito de Jesus de Nazaré, mudaria radicalmente o conceito de Deus, e não pela declaração do réu, de ser Filho de Deus, mas pela sentença de morte de Cruz que lhe infligiram. “De então para cá, Deus será representado por uma Cruz. Ele está pregado nela. Algo inimaginável. Paulo chega a dizer que se trata de um escândalo para os judeus e de um opróbrio para os pagãos. É a própria rejeição de Deus”, disse.

Mas, explica Dom Dadeus, por incrível que pareça, nesta imagem, grande parte da humanidade reconhece seu Deus, que está pregado na Cruz! Ele destaca que São Paulo, homem de profunda cultura, tanto judaica como grega e romana, quando se deu conta deste mistério, sentiu necessidade de se retirar para o deserto por três anos, para assimilá-lo. “Precisou deste tempo para aprender e assumir um Deus pregado na Cruz.”

De acordo com o prelado, o Sinédrio, com sua sentença, forçou a humanidade a rever seu conceito de Deus e de religião. Ele ressalta que não por nada o Evangelho diz que, no momento da morte de Jesus, rompeu-se o véu do templo. “Acabava-se uma era da história das religiões e da Antiga Aliança. Algo totalmente novo surgia. Do alto da Cruz se ouvem os reflexos do grande anúncio: coragem, eu venci o mundo! Quando for levantado da terra, atrairei todos a mim. A Cruz tornou-se sinal de vitória: neste sinal vencerás”, completa.

Dom Dadeus lança o seguinte questionamento: Qual é, pois, a nova ideia de Deus e qual a noção da salvação? Ele então apresenta uma imagem que fala por si: a Cruz de Cristo, ou, melhor ainda, Cristo crucificado. Para o arcebispo, “este é o grão de trigo, que morre, para dar muito fruto; é o sangue derramado, que purifica o mundo; é o corpo entregue para alimento dos homens; é o sinal de esperança e vida, que se eleva sobre a humanidade toda”.

“Do alto do Calvário ouvimos ressoar as palavras: hoje estarás comigo no paraíso; e a adoção filial de todos em Maria: Eis teu filho. Mas, do alto da Cruz, aprendemos também as lições mais profundas da vida: da entrega a Deus: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. O sentido do sofrimento humano e da morte, como redenção. Mas também entendemos o alcance do mal no mundo. Em Cristo crucificado vemos a suprema tentativa de excluir Deus do âmbito da História humana”, escreve o prelado.

Toda essa cena, segundo Dom Dadeus, parece a vitória do mal, e nos dá a entender a gravidade do pecado: sua consequência é a morte, que atinge o inocente, pregado na Cruz. “É a extrema expressão da selvageria humana, sem Deus. Parece que venceu o último obstáculo. Matou o Salvador. Por incrível que possa parecer, foi neste drama fatal que os homens começaram a ver salvação. Há algo totalmente novo na humanidade”, sublinha.

Por fim, o arcebispo enfatiza que alguém morreu para que todos tivessem vida, e ninguém conseguiria imaginar algo semelhante. O prelado afirma que “tudo está envolto em um mistério: Como se tornou possível aos homens acolherem este mistério? Como ver nele vida e salvação, quando as aparências são de morte e de perdição?”.

“É neste momento que se manifesta, de modo mais pleno, a presença de Deus. Só por Deus! Só Ele é capaz de proporcionar esta compreensão! Quem a experimenta reconhece, nela, a sabedoria e o poder de Deus. Mudou a História humana e, de modo especial, mudou a História das religiões. Falamos de um Novo Testamento”, conclui.

 

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