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A imperiosa necessidade da Eucaristia

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Convido o leitor a fazer uma composição de lugar remontando-se ao Oriente Médio de mil anos atrás.

Imaginemos alguém que houvesse conhecido e acompanhado pessoalmente a Nosso Senhor Jesus Cristo durante sua vida pública, paixão, morte na cruz, ressurreição e ascensão; que esse alguém tivesse fé e cresse que o Nazareno era verdadeiramente Deus. Este homem imaginário, depois de presenciar a subida de Jesus aos céus, bem poderia exclamar desolado: “Jesus nos deixa? Nunca mais virá a terra? Que vazio e que tristeza!”.

Nossa hipotética testemunha poderia dar um passo a mais e seguir seu raciocínio: “uma vez que Jesus fez pela humanidade tudo o que fez e que se imolou dessa forma tão terrível por nós; já que estabeleceu uma aliança e uma relação tão íntima com os homens fazendo-os membros da Igreja, seu corpo místico, sendo Ele a cabeça e o princípio motor de toda a vida sobrenatural… Jesus iria aos céus e nunca mais estaria conosco até o fim do mundo, ignorando nossa companhia? Isto não parece pouco razoável?”

Ainda que aceitando os desígnios divinos, a pessoa em questão deixaria brotar em sua alma uma nostálgica desolação. Pois, depois de Jesus ter feito uma união tão íntima e definitiva conosco como é que propicia uma separação tão drástica e tão irremediável? Diria-se que tudo clamava, tudo gritava, tudo suplicava, para que Jesus não se separa-se assim definitivamente dos homens.

Mesclando sentimentos encontrados de confiança e de inconformidade, o seguidor de Jesus que imaginamos, seria levado a concluir: “Posto que Ele é onipotente e sábio, terá que encontrar um meio de permanecer sempre presente entre nós, suas criaturas redimidas; um meio que lhe possibilita- continuar estar na glória intercedendo por nós e, ao mesmo tempo, acompanhar, passo a passo, a vida de cada homem aqui na terra, essa via dolorosa que cada um deve trilhar até seu próprio “consumatum est”.
Mas… Como se faria esta maravilha?

Mesmo sendo impossível adivinhá-lo, a pessoa que considerasse esta realidade com os olhos da fé, ficaria desconfiada e com suspeitas de que de alguma maneira a continuidade de Sua presença na terra se realizaria, já que essa hipótese adapta-se tanto às qualidades divinas de Jesus, nosso redentor e amigo, e as nobres apetências dos que lhe conheceram, creram e conviveram com Ele.

Essa presença anelada e de imperiosa necessidade, se faz, precisamente, através do mistério Eucarístico, algo que nenhuma mente angélica ou humana poderia sonhar, mas que o Sagrado Coração de Jesus concebeu, em uma loucura de amor.

A Eucaristia é sua presença real entre nós. Tão real, como a que há dois mil anos percorreu os caminhos da Galiléia, de Samaria e da Judéia; e até mais prodigiosa, já que seu corpo está em estado glorioso, tal qual como quando subiu aos céus, de onde intercede por nós junto ao Pai e está a nossa espera. Jesus se foi… e ficou.

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A Eucaristia é a solução maravilhosa a esse problema crucial do vazio deixado por Cristo na ascensão. Deus não só morreu uma vez por nós, Ele vive sempre conosco!

O “sensum fidei”, o sentido da fé, não mente. Fazem dois mil anos, o preocupado personagem imaginário tratava de imaginar o inimaginável… que foi imaginado e realizado por Deus.

A Escritura não mente. Disse Deus no Antigo testamento: “Colocarei minha morada entre vós” (Levítico 26, 11). E depois de ressuscitar, quando dispunha-se a subir aos céus, Cristo ratificou: “Estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mateus 28, 20).

E eu como posso chegar a subestimar, ou pior, a ignorar a Deus realmente presente na Eucaristia, e não dar-lhe o culto devido? Por acaso, não é a Eucaristia uma Páscoa eterna? É que não estou dando ouvidos a Palavra de Deus, nem as íntimas comunicações que Jesus me infunde pela virtude da Fé.

Assim sendo, como o pai do rapaz possuído por um espírito impuro, também eu digo cheio de confiança: “Senhor, eu creio, mas ajuda a minha incredulidade” (Marcos 9, 24).

Por Padre Rafael Ibarguren EP.

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