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Comissão Teológica Internacional publica documento sobre critérios e princípios metodológicos da Teologia

Cidade do Vaticano (Terça-feira, 13-03-2012, Gaudium Press) Em resposta a complexa condição da teologia mundial no período pós-conciliar, a Comissão Teológica Internacional (ITC – sigla em inglês) publicou esta semana um documento sobre a identidade da teologia, reafirmando os fundamentos dos princípios e critérios da mesma. O documento, publicado na versão original em inglês, dividido em três partes, expressa, como explica em uma entrevista a Rádio Vaticana Mons. Krzysztof Charamsa -secretário adjunto da Comissão- que “existe uma coisa que é indispensável a todos os teólogos católicos; uma coisa que deve ser conservada por qualquer cultivador” como “raiz comum, como guia e critério de toda reflexão coerente com o depósito da fé”.

“Teologia hoje: perspectivas, princípios e critérios” é este o título de um novo documento da ITC (o corpo composto por 30 teólogos de todo o mundo, é um órgão consultivo), cujo objetivo é ajudar os teólogos a refletir e entender sobre a verdadeira natureza e identidade da teologia na Igreja e no mundo. Os princípios e critérios foram resumidos em 100 pontos divididos em três capítulos: escutando a Palavra de Deus; Permanecendo na comunicação da Igreja; Dando conta da Verdade de Deus.

O documento apresentado no site do Vaticano é o último texto notável em Teologia examinado pela Comissão. Anteriormente foram publicados: Pluralismo teológico em 1972, Teses sobre a relação entre o Magistério Eclesiástico e Teologia em 1975, e A Interpretação do dogma em 1990. Este texto que agora sai a lume propõe aos teólogos uma pauta importante de princípios teológicos e critérios. É uma resposta a uma situação complexa no amplo mundo da Teologia que depois dos anos posteriores ao Concílio Vaticano II foi muito produtivo para a teologia católica, que se enriqueceu com novas vozes dos novos contextos culturais, e novos temas. Mas ao mesmo tempo, este período marcou por uma certa fragmentação da teologia. Neste sentido, a ITC na Introdução recorda que “a Igreja claramente necessita de um discurso comum se trata-se de comunicar a mensagem de Cristo ao mundo, tanto teológica como pastoralmente”. Assim que, a teologia nescessita unidade “cuidadosamente entendida” o que significa “que não deve confundir-se com uniformidade ou um só estilo”. A natureza da teologia é “estar estreitamente relacionada com a idéia de catolicidade”, e também com a de “santidade e apostolicidade”.

Como primeiro, mais importante e fundamental princípio a ITC coloca “a escuta da Palavra de Deus”. Teologia, “em todas suas diversas tradições, disciplinas e métodos, se assenta no ato fundamental da escuta na fé a Palavra revelada de Deus, Cristo mesmo”, diz o documento. O segundo princípio é “uma fé viva” em dimensão “pessoal e eclesiástica” como reposta à Palavra de Deus. Este aspecto joga um papel importante na manutenção da Teologia fora do alcance das heresias. Ao mesmo tempo, se recorda que “a heresia serve como uma recordação de que a comunhão da Igreja só pode garantir-se sobre a base da fé católica em sua integridade, e lhe pede a Igreja uma busca cada vez mais profunda da verdade em comunhão”.

Escritura, Tradição e Fé

A teologia é uma ciência que “tem como objetivo compreender de uma maneira racional e sistemática a verdade salvífica de Deus”. É por isso que seu lugar está “dentro da Igreja”, cujos “três critérios fundamentais” são “a unidade da Escritura, o testemunho da Tradição, e a analogia da Fé”, elementos “inseparavelmente unidos”, define o documento. Tradição, a Igreja Católica entende, recorda a ITC, como “algo vivo e vital, um processo contínuo no qual a unidade da Fé encontra expressão na variedade de idiomas e na diversidade das culturas”. Enfoque correto até a Tradição e o magistério da Igreja é a fidelidade e a obediência.

“Sensus Fidelium”

Outro critério interessante que é mencionado no documento é o “sensus fidelium”, que “deve ser bem entendido”, segundo o magistério. O papel dos teólogos neste terreno é o de “ajudar a esclarecer e articular o conteúdo do ‘sensus fidelium'”. O ITC sublinha também a necessidade de uma “responsável adesão ao magistério eclesiástico”. Assim, “uma metodologia teológica correta portanto requer uma compreensão adequada da natureza e a autoridade do magistério em seus diferentes níveis, e das relações que existem entre o bem, o magistério eclesiástico e a teologia”. O magistério da Igreja deve ser visto por um teólogo como “uma ajuda indispensável à teologia por sua autêntica transmissão do depósito da fé”. Isto requer uma relação entre teólogos e bispos baseada no respeito de cada um dos chamamentos e responsabilidades. Os documentos também indicam a importância da liberdade dos teólogos que deve significar uma “verdadeira responsabilidade científica” não limitada à chamada teologia “científica” ou “confessional”.

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