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Dom Gianfranco Girotti, Regente da Penitenciaria Apostólica fala sobre sobre o Curso “Foro Interno”, em Roma

Cidade do Vaticano (Segunda-Feira, 12-03-2012, Gaudium Press) De 5 a 9 de março, em Roma, aconteceu a 23ª edição do curso sobre Foro Interno, promovido pela Penitenciaria Apostólica. O tema escolhido este ano foi a formação da consciência moral. Participaram 700 sacerdotes de 78 países do mundo todo. Entre os temas tratados: a história e a missão da Penitenciaria Apostólica; as realidades e as problemáticas do “Foro Interno”; atenções e implicações do sacramento da penitência, assim como algumas categorias especiais de penitentes e algumas condições particulares; e as censuras, as irregularidades e os impedimentos do confessor e do penitente.

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Dom Gianfranco Girotti

O Regente da Penitenciaria Apostólica da Santa Sé concedeu entrevista à correspondente da Gaudium Press em Roma, Anna Artymiak. 

Gaudium Press – Como nasceu a ideia do curso?

Dom Gianfranco Girotti – Nasceu depois de muitos pedidos por parte dos confessores, a muitas perguntas que eram feitas à Penitenciaria Apostólica para poder desenvolver o ministério da reconciliação. Como havia muitas perguntas, pensou-se talvez em criar um momento particular para poder dar instruções precisas. Teve início o “Curso sobre o Foro Interno”. Hoje é um encontro que acontece todos os anos e que se concentra sobre o aprofundamento formativo dos jovens sacerdotes sobre um aspecto essencial, sobre um aspecto insubstituível do ministério sacramental do perdão e da reconciliação. Neste Curso oferecemos uma vasta atualização sobre a disciplina penitencial, sobre a administração do Sacramento da Penitência, sobre as funções específicas e os deveres do Tribunal da Penitenciaria Apostólica. Em particular, nesses dias tratamos de situações de relevante delicadeza que interessam o ministério penitencial. É privilegiada a parte relativa à reta administração do Sacramento da Penitência e também à solução de casos delicados e complexos que são submetidos cotidianamentre ao julgamento da misericórdia da Igreja.

Gaudium Press –  Quais problemas os sacerdotes levam à Penitenciaria Apostólica?

Dom Gianfranco Girotti – São geralmente problemas de caráter moral, de caráter jurídico, problemas de consciência que emergem de tantas situações. Nós, principalmente, levamos em conta as competências do Dicastério que é um Órgão que assiste o Santo Padre, isto é, um Órgão exclusivo em matéria do Foro Interno que assiste o Santo Padre. Ele, de fato, exercita ordinariamente a sua autoridade e seu poder através do Dicastério. De fato, este não é um Tribunal que exerce funções judiciárias de Foro Externo. Normalmente exercita uma jurisdição graciosa. Entre os dicastérios da Cúria Romana é o único a desenvolver, em maneira direta, uma atividade que não é burocrática, um serviço propriamente espiritual, próprio da missão fundamental da Igreja que consiste na “salvação das almas”. Nós nos comprometemos, principalmente com isto. A nossa competência se refere, principalmente ao Foro sacramental e também não sacramental.

De fato se recorre ao Foro interno não somente para os pecados, as censuras e as irregularidades, mas em geral para as situações ocultas, como por exemplo, dispensas, sanações, convalidações de atos nulos derivantes de circunstâncias ocultas. Em concreto nós somos competentes para absolver das censuras reservadas. O confessor ordinário não pode absolver de alguns delitos que são reservados à Sé Apostólica. O recurso à Penitenciaria, obviamente, acontece sempre quando se trata de fatos ocultos.

Gaudium Press – Como mudam as situações no mundo sobre estes casos?

Dom Gianfranco Girotti – A nossa é uma atividade muito constante, especialmente no que diz respeito a casos reservados, como por exemplo, a profanação das sagradas espécies (delito, isto que se verifica com frequência, não irei agora referir as modalidades realmente inquietantes com as quais acontecem tantas profanações) a violação do sigilo sacramental, a absolvição do cúmplice, a dispensa das irregularidades, etc.

Gaudium Press – Em quais países se notam estes casos, mais no ocidente ou nos países subdesenvolvidos?

Dom Gianfranco Girotti – Sendo o nosso um Tribunal universal, recebemos recursos de todas as partes do mundo. Da Europa, da América, da Ásia, etc…

Gaudium Press – Quais países estão representados pelos sacerdotes participantes do curso? Quem participa? Mais sacerdotes jovens?

Dom Gianfranco Girotti – Não somente jovens, a maior parte certamente são jovens, mas participam também sacerdotes de uma certa idade, os quais exercem o ministério da Reconciliação em alguns Santuários. O Curso sobre o Foro Interno teve início justamente para dar uma formação sólida aos jovens sacerdotes que estavam na véspera de seu ministério pastoral. Pensamos em oferecer a eles um instrumento a nível não somente doutrinal, mas principalmente prático. Depois foi crescendo até acolher todos que o requisitavam. No Curso deste ano vieram sacerdotes não somente de todas as partes da Itália, mas de muitas outras nações. Posso fornecer uma breve estatística: são 53 as nações representadas: Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, China, Coréia, Costa Rica; da África, Quênia, etc. Numerosas são as dioceses representadas, precisamente 240 dioceses. As Ordens e os Institutos Religiosos presentes são 37. A participação é variada e proveniente de muitas partes.

Gaudium Press – O Curso é em italiano?

Dom Gianfranco Girotti – Obviamente a língua oficial é o italiano. Se durante o debate alguém precisa falar em inglês ou francês, certamente é permitido.

Gaudium Press – Os temas são diferentes todos os anos?

Dom Gianfranco Girotti – A estrutura principal, substancialmente é sempre a mesma, porém todos os anos oferecemos temáticas novas e atuais, que despertam sempre muito interesse…Por exemplo, este ano temos um tema que se refere à formação da consciência moral nos desafios de hoje. No ano pasado tratamos de temáticas como as células-tronco, problemas que se referem à AIDS. Todas as problemáticas, de qualquer maneira, estão sempre ligadas ao Sacramento da Confissão. Procuramos, de fato, atrair a atenção e oferecer um serviço sobre temáticas atuais que sempre têm referência com o Sacramento da Reconciliação.

Gaudium Press – Sua Excelência pode explicar o tema da formação da consciência?

Dom Gianfranco Girotti – Naturalmente o nosso compromisso é finalizado em fazer crescer a sensibilidade pelos valores éticos e fazer amadurecer uma consciência que possa enfrentar e acolher os desafios de hoje, principalmente no cenário social de hoje, que parece atravessado por um perigoso relativismo.

Gaudium Press – O “Ordo Paenitentiae”, esse manual ainda é usado pelos sacerdotes?

Dom Gianfranco Girotti – Certamente. Hoje mesmo, de fato, o Prof. Don Manlio Sodi oferecerá uma reflexão justamente sobre este manual de espiritualidade, que poderíamos dizer que é uma espécie de ‘vademecum’ para os confessores.

Gaudium Press – É útil também para os penitentes…

Dom Gianfranco Girotti – Sem dúvida. É muito útil com a finalidade de uma adequada formação da própria consciência.

Gaudium Press – Por causa de algumas circunstâncias particulares, como os casos de abusos sexuais, a Igreja Católica é criticada por não violar o segredo da confissão.

Dom Gianfranco Girotti – Antes de tudo falemos da violação do sigilo sacramental, que é diferente do segredo sacramental. O segredo deve ser mantido pelo fiel que ouviu a confissão de uma outra pessoa, ou foi intérprete, ao qual se recorre em particulares circunstâncias. Ao sacerdote compete o sigilo. Este é um capítulo muito relevante da Igreja, que sempre o defendeu em maneira muito rigorosa com gravíssimos procedimentos penais. Pode-se falhar no sigilo diretamente ou indiretamente. Diretamente quando o sacerdote de fato revela a pessoa e o pecado que esta cometeu; nesta hipótse se incorre automaticamente na censura da excomunhão reservada à Santa Sé, através da mediação do Confessor, é sucessivamente absolvida.

Gaudium Press – Qual valor tem para a Igreja o sigilo sacramental?

Dom Gianfranco Girotti – Um valor altíssimo, que administra com exemplar rigor.

Gaudium Press – No Curso é tratado também o tema das indulgências…

Dom Gianfranco Girotti – Este Dicastério tem também competência no que diz respeito à concessão e ao uso das Indulgências, competência atribuída a ele pelo Sumo Pontífice Bento XV em 1917. Anteriormente esta competência era da Congregação para a Doutrina a Fé, o antigo Santo Ofício, com o qual, de qualquer maneira permanece a competência doutrinal das Indulgências Congregação para a Doutrina da Fé. Aqui, agora, são feitas as perguntas contínuas. O campo das indulgências foi reexaminado, reestruturadas as possibilidades onde é possível conceder as indulgências. Porque as indulgências são estritamente ligadas ao sacramento da penitência.

Gaudium Press – Prepara-se uma particular indulgência para o próximo Ano da Fé?

Dom Gianfranco Girotti – Estamos já preparando um Decreto geral para a concessão das indulgências do Ano da Fé. Em ato deste decreto geral.

Gaudium Press – Isto será para a Igreja Universal?

Dom Gianfranco Girotti – Certamente.

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