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Chambord: conhecendo a Deus na estética da Ordem do Universo

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Bogotá (Quarta-feira, 07-03-2012, Gaudium Press) Quem escreve estas linhas ainda não conhece o Chambord. Digo “ainda”, pois é essa uma graça que pedimos a Santíssima Virgem antes de morrer, como preparação para a glória eterna que tanto imploramos. Temos a certeza de que nosso espírito se extasiará e elevará, na contemplação daquele que é talvez o castelo arquetípico de todo o orbe.

Em Chambord tudo nos encanta, particularmente o conjunto.

Se ao agudo e perspicaz Saint-Simon -que não simpatizava muito com o Rei Sol- dizia que o Grande Versalles era um magnífico palácio cujo o teto pegou fogo, de Chambord podemos dizer pelo contrário é só pontas, só “teto”, que ele tem seu aspecto pinacular nas torres de seus telhados.

Só um romântico meloso como Chateaubriand, para dizer que o magnífico castelo se assemelhava a uma mulher com cabelos insuflados. Não. Suas estilizadas agulhas do corpo central e todo seu conjunto é mais um variado e surpreendente fogo de artifício que se eleva elegante, brilhante, cadencioso e sutil ao céu, não para ‘feri-lo’ com seus tiros, mas para subir integrando-se em sua harmonia celeste de uma forma pausada, serena. É um fogo de artifício lento, mas variado e magnífico o de suas torres.

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Chambord tem também grandeza: sua abundância de pináculos, torrezinhas, torreões e chaminés, que constituem seu particular encanto, é sustentado por um corpo que abriga por 440 salas, 60 escadas, 365 chaminés e que é circundado por milhares de hectares verdes. Só o corpo central do castelo, precisou do trabalho paciente e dedicado de por volta de 180 obreiros, por um espaço de 15 anos. 15 anos muito bem empregados, para consolo daqueles que cremos ainda que o homem não só é “lobo para o homem”, mas que também pode ser produtor de maravilhas.

Dizem alguns que Chambord é típica expressão do renascimento, e inclusive outros atribuem -sem provas- A Da Vinci, a autoria do projeto. Não concordamos com essa opinião.

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Quem olha suas grandes torres, particularmente as dos extremos, não pode deixar de perceber a fortaleza cândida e inocente, mas também régia da Idade Média.

Chambord mais parece uma continuação do sonho da Idade Média feito realidade.

Suas muitas pontas também recordam um dos castelos prototípicamente medievais, como é o castelo de Saumur, segundo está representado nas “Muito Ricas Horas do Conde de Berry”. Chambord além disso é humilde. Ele é grande, majestoso, mas não esmaga, não intimida mas atrai até si. Ele deixa, além disso, que outros aumentem, agreguem algo a sua beleza, como um entardecer matizado que lhe serve de moldura, ou o astro rei que banhe seus muros com todas as tonalidades de seu brilho particular de cada hora.

Poucas coisas são mais bonitas que Chambord banhado pelo sol de um entardecer primaveril.

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Por que é lindo Chambord? Porque respeita e faz mais explícitas todas as leis da estética da Ordem do Universo: O majestoso castelo de Francisco I, ao mesmo tempo que é variado, conserva sua unidade. Ele tem continuidades, mas também abertos contrastes, como a delgacidade e estilização de algumas de suas torres que diverge decididamente com a forte espessura de seus torreões base. Ao mesmo tempo que a selva de torres de sua coluna central é surpresa e assimétrica, as amplas asas acrescentadas ao corpo central, iguais de cada lado, repõem a simetria do conjunto.

Chambord além disso é hierárquico. O delgado e fino está nas alturas, sustentado pelo robusto nas bases. Ele é por sua vez robusto e frágil; grande e com aspectos da delicadeza do pequeno, todo ele reunido em uma harmoniosa unidade.

Assim como Chambord, é o universo criado por Deus: Um, mas diverso; contínuo e por vezes contrastante; simétrico em seu conjunto e por vezes assimétrico; contínuo mas hierárquico e anti-igualitário. E assim é Chambord, o reflexo do Universo, e se Deus quis que o Universo o refletisse perfeitamente a Ele, segundo expressa São Tomás, pois conhecendo Chambord, podemos através dele conhecer um pouco -ou muito- a Deus.

Por Saúl Castiblanco

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