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Cardeal Arcebispo de Washington fala sobre a Nova Evangelização

Roma (Sexta-feira, 03-02-2012, Gaudium Press) O Cardeal Donald Wuerl, arcebispo de Washington, EUA, é também relator geral do próximo Sínodo sobre a Nova Evangelização, e uma das principais personalidades da Igreja no mundo. Nesta semana a Gaudium Press conversou com ele a sobre diversos temas.

Gaudium Press – Sua Eminência foi convidado para fazer parte do Conselho para o próximo Sínodo, como relator geral . Em 16 e 17 de fevereiro haverá no Vaticano a segunda reunião de preparação para a Assembleia. Como vão os trabalhos até agora?

Cardeal Wuerl – Neste momento, o Conselho para o Sínodo, o organismo encarregado de prepará-lo, está trabalhando muito diligentemente no “Instrumentum laboris”, o documento de trabalho. Fui convidado a tomar parte em tudo isto. Creio que tudo está caminhando bem e o próximo passo será a publicação do mesmo. Este é o segundo passo, o primeiro passo foi trabalhar os “Lineamenta”, a elaboração das ideias para o Sínodo. Muitas das conferências episcopais responderam a ele. E procuramos todo esse material, dele vem um marco de referência para delinear este “Instrumentum Laboris”. Quando este for distribuído nós ouviremos a resposta das conferências episcopais sobre ele.

Temos uma ideia bastante boa de qual perspectiva os bispos querem que o Sínodo ofereça para conduzir as discussões. Os bispos trouxeram sua própria perspectiva, porém eles gostariam de ter um ponto de referência que o reflexo da experiencia dos bispos de todo o mundo. Portanto, estamos fazendo progressos.

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Para Dom Wuerl, a Nova Envagelização “é repropor não uma mensagem nova, mas a mesma mensagem”

GP – Para muitas pessoas, a expressão “nova evangelização” pode ser confusa e pouco clara de entender. Qual é a explicação de Sua Eminência para esse termo?

Cardeal Wuerl – Creio que a palavra que para mim é a que melhor o explica é aquela que o Papa Bento XVI pronunciou quando anunciou a criação do novo Conselho Pontifício. Ele disse que temos que aprender a repropor. Nós não refundamos, não recriamos, porque a mensagem do Evangelho já está proclamada. Jesus veio e nos disse que devemos amar a Deus e ao próximo. Esta mensagem nos últimos anos, e especialmente em nossa cultura, essa mensagem para muitas pessoas, de alguma maneira, perdeu seu caráter salvador, perdeu seu poder. Não toca o coração.

A nova evangelização é voltar a propô-lo às pessoas. Voltar a escutar o Evangelho, escutar de novo, e pode ser que você o ouça pela primeira vez corretamente. É isto que Jesus veio oferecer-nos. É o que a Igreja nos oferece hoje em dia. Este viver a continuidade com os Apóstolos e com o Evangelho. Repropor não uma mensagem nova, mas a mesma mensagem, só que agora apresentada em uma nova forma. Nova na forma em que envolucramos para as pessoas ouvi-la.

Todos os meios modernos de comunicação hoje em dia estão nesta posição. Nos estávamos acostumados a confiar no catecismo, a confiar nos boletins da igreja, e agora temos o “Youtube”, temos o “Facebook”, temos o “Twitter”, temos blogs, temos todos estes meios eletrônicos. Nova evangelização significa usar isso para narrar a mesma historia.

GP – Como pode a Igreja hoje repropor através dos meios de comunicação sua mensagem Evangélica e o ensinamento dos documentos do Concilio Vaticano II e o Catecismo da Igreja Católica, como sugere o Papa?

Cardeal Wuerl – Existem duas coisas. Uma é assegurar-se de que você tem uma mensagem preciosa, correta e adequada. Porque você tem a mensagem e tem um “invólucro” da mensagem e em seguida você tem a entrega da mensagem. Esses são os três elementos. Para assegurar-se de que se tem a mensagem correta o Papa disse que temos que voltar atrás e refletir sobre o Concílio Vaticano II. Mas, desta vez, refletir sobre ele em uma hermenêutica da continuidade. Refletir sobre ele, já que é a verdade que nos chega dos Apóstolos, que no Concílio Vaticano II os bispos refletiram sobre ela em termos de como aplicar isso aos problemas de hoje. Temos que assegurar que temos a mensagem correta.

Em segundo lugar, como ela está “involucrada”, temos que ser capazes de dizer a mensagem na linguagem da pessoas de hoje. Você tem que aprender a falar de uma maneira diferente. Portanto, há uma mensagem, o ‘invólucro’ e a entrega. Temos que transmitir a mensagem com todos os mecanismos que os jovens estão utilizando hoje. Eles não necessariamente recorrem ao jornal de nossa Arquidiocese, pelo contrário acessam nosso blog. Eles frequentam nossa página web. Portanto, temos que ver como se articula a mensagem e temos que ver os meios para tentar chegar às pessoas.

GP – É a voz da Igreja ouvida no mundo moderno?
Cardenal Wuerl – Eu penso que estamos encontrando muitas pessoas que apreciam a voz dos bispos. Mas temos que lembrar que estamos lutando contra um quase enorme tsunami de vozes seculares. Assim, muitos dos meios de comunicação são claramente seculares e algumas vezes inclusive hostis aos princípios de que estamos falando. E portanto, é uma luta, uma luta para fazer escutar a voz do Evangelho nesta cacofonia de outras vozes.

GP – Recentemente, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma “nota” com algumas sugestões de como viver o ano da fé. Qual delas, eminência, se realizará na Arquidiocese de Washington?

Cardeal Wuerl – Em nível arquidiocesano estamos fazendo quase tudo o que foi proposto. Estamos empregando todos os esforços da nova ‘mídia’ para chegar a nosso povo. No plano educativo estamos fazendo fóruns da catequese, estamos promovendo a participação ativa das pessoas em nível paroquial através dos conselhos paroquiais, mediante o esforço pastoral da paróquia. No compromisso de nosso esforço pela justiça social, estamos convidando as pessoas a fazerem parte de todas as diferentes iniciativas às quais as paróquias da Arquidiocese se dedicam.

O que também estamos fazendo é, cada vez que temos uma oportunidade, por exemplo se tratar-se de uma homilia no Natal, ou tratar-se de uma palestra do Advento ou de Quaresma, invadimos a comunidade com anúncios de televisão, anúncios de rádio de nossos sites web. Inclusive colocamos avisos em toda a cidade. É uma maneira de conseguir a atenção do povo, convidando-o a visitar nossa página da web.

Provavelmente, é quase tudo o que está na lista de sugestões aquilo que estamos fazendo ou nos tocou fazer em seu momento.

GP – Os frutos desses programas já podem ser sentidos?

Cardenal Wuerl – Bem, penso que estamos vendo muitos jovens responderem. Dou-lhe um exemplo. Temos o ministério catequético em uma das universidades leigas. Anos atrás, o jovem sacerdote desse ministério começou com 20 estudantes que iam missa. E ele começou a explicar-lhes a beleza, a maravilha do Evangelho e disse a cada um: “Você deve converter-se em apóstolo deste campus. Você deve trazer alguém novo para a missa”. Eu fui lá há um ano e havia 200 jovens estudantes. É só um exemplo, um dos frutos do esforço, da necessidade de convidar a regressar. A nova evangelização é, basicamente, o chamado a regressar para a Igreja. Existem pessoas afastadas e pessoas que simplesmente procuram a Palavra. E esse é apenas um exemplo.

GP – Em que nos poderá ajudar o Ano da Fé?

Cardenal Wuerl – É uma oportunidade de voltar atrás e olhar o que o Concílio disse e como estamos implantando-o bem. É uma oportunidade para renovar em nossos corações a fé, nossa convicção no Evangelho. E uma oportunidade para convidar outros a compartilhar conosco o mistério do amor de Deus e o chamado ao discipulado. E o Ano da Fé será um tempo para concentrar-se nas coisas que já se e para recordar que a nova evangelização vai continuar no futuro. O Ano da Fé está abrindo as portas para o futuro.

Gaudium Press / Anna Artymiak

 

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