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Bento XVI visita sede do Osservatore Romano e deseja “feliz aniversário” à equipe do periódico

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 06-07-2011, Gaudium Press) Na manhã de ontem, o Papa visitou a sede do jornal “Osservatore Romano” por ocasião do 150º aniversário de fundação do periódico vaticano. Foi uma visita de “parabéns”, e Bento XVI não foi sozinho. Acompanhavam o pontífice seu secretário particular, Dom Georg Ganswein, o prefeito da Casa Pontifícia Dom James M. Harvey, e também o cardeal secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, além de outros altos oficiais da Secretaria de Estado vaticana.

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Papa fez um discurso de improviso aos funcionários do jornal vaticano

Quem, na manhã de ontem, se encontrasse próximo ao portão Sant’Anna, uma das entradas no Vaticano, podia surpreendentemente ver o Papa em seu carro preto com as bandeiras vaticanas em direção à pequena e antiga Rua dos Peregrinos, onde fica sede a do jornal. Nesta pequena rua, por um segundo a vida quase que parou para ver passar o Santo Padre.

Foi um Papa “observador” que foi visitar a sede da redação do “seu” jornal, que há um século e meio publica os discursos e as atividades do pontífice e da Santa Sé – além de notícias, artigos e reflexões diversos sobre acontecimentos no mundo. Na sede do OR, Bento XVI ressaltou que via ali não um escritório, mas “um grande observatório”, como indica o próprio nome do jornal.

“Observatório para ver a realidade deste mundo. E me parece que deste observatório se veem tanto as coisas distantes quanto às próximas”. Na ocasião, o Papa fez um discurso pronunciado de improviso aos funcionários do cotidiano, logo após ter vistado as redações e saudado cerca de 120 jornalistas.

“Gostaria de dizer-lhes, de coração, como se diz em casa: feliz aniversário!”. Antes de fazer os costumeiros discursos pontifícios quando de uma visita papal, Bento XVI quis encontrar pessoalmente a equipe do jornal. Acompanhando o Papa estava o diretor do jornal, prof. Giovanni Maria Vian, que apresentou nominalmente todos os seus colaboradores. O pontífice procurou trocar com todos breves palavras. Como disseram alguns dos presentes, “foi muito comovente”. O Papa também viu como se prepara a edição de um jornal, como se tratam as fotos para a publicação. Com grande atenção e curiosidade escutou e viu como se desenvolve o dia-a-dia de “seu” jornal.

“Normalmente nos jornais – observou o pontífice – se dão informações, mas com uma certa preponderância do próprio mundo, e isso faz com que muitas outras partes da terra, que não são menos importantes, sejam esquecidas. Aqui se vê algum elemento da Urbis et Orbis, que é característica da catolicidade e, em um certo sentido, é também uma hereditariedade romana: verdadeiramente ver o mundo e não somente a si mesmo”.

“Há um outro fenômeno que me faz pensar e do qual sou grato”, continuou o Papa, “que é o fato de que ninguém pode informar sobre tudo. Os meios mais “universalizados”, por assim dizer, não podem dizer tudo: é impossível. É sempre necessária uma escolha, um discernimento. E por isso é decisivo na apresentação dos fatos o critério da escolha: não há nunca um fato puro, há sempre também uma opção que determina o que aparece o que não aparece. E sabemos bem que as escolhas das prioridades hoje são, frequentemente, em muitos organismos da opinião pública, muito discutíveis”.

Bento XVI recordou dois critérios que segundo ele sempre estiveram presentes na linha editorial do “Osservatore Romano”: “Unicuique suum” e “Non praevalebunt”, ou seja, resguardar o direito romano e também o direito natural.

“Estes dois critérios, juntos – a justiça que respeita cada um e a esperança que vê também as coisas negativas à luz de uma bondade divina da qual estamos seguros pela fé – ajudam realmente a oferecer uma informação humana, humanística, no sentido de um humanismo que tem suas raízes na bondade de Deus. E assim, não é somente informação, mas de fato formação cultural”.

Origens históricas

As origens do “Osservatore Romano” estão ligadas à derrota das tropas pontifícias em Castelfidardo (18 de setembro de 1860), que determinou um forte redimensionamento do poder temporal do Papa em termos de território e a solidão política do papado no contexto europeu. Enquanto numerosos intelectuais católicos afluíam em Roma para se colocarem a serviço de Pio IX, autoridades romanas desejosas de restaurar o “status quo”, entre os quais o Substituto Ministro do Interior Marcantiono Pacelli, formularam um projeto de dar vida a uma publicação cotidiana de caráter privado, que defendesse o Estado Pontifício e os princípios dos quais era portador.

A ideia assumiu contornos mais precisos nos primeiros meses de 1861, com a chegada de Nicola Zanchini e Giuseppe Bastia, advogados, aos quais foi confiada a direção do jornal. No dia 22 de junho daquele mesmo ano, os futuros co-diretores enviaram ao Ministro do Interior pedido formal de publicação, que passou à análise do Conselho dos Ministros. O processo se concluiu no dia 26 de junho com a ascensão do Papa Pio IX ao “Regulamento do Osservatore”.

Com a Breccia de Porta Pia (20 de setembro de 1870), o “Osservatore” se tornou um jornal de “oposição” dentro do Reino da Itália. Após um mês de suspensão, retomadas as publicações no dia 17 de outubro, reportou em primeira página uma declaração de obediência ao Papa e às suas diretivas e ressaltando a própria fidelidade “aquele imutável princípio de religião e de moral dos quais reconhece como único depositário o vigário de Jesus Cristo na terra”.

 

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