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Para o tenor José Carreras, peregrinação e música falam de mística espiritual

Roma (Segunda-feira, 06-06-2011, Gaudium Press) Peregrinações e música têm uma em comum: a mística. A observação é de José Carreras, o tenor catalão que conquistou as óperas do mundo – e que no último sábado cantou na Praça Espanha, em Roma, pelo Festival Internacional Jornadas do Espírito 2011 – Josp Fest 2011, organizado pela Obra Romana Peregrinação (ORP).

Há 22 anos, o cantor se recuperou de uma leucemia linfoblástica severa. Como forma de agradecimento, sentindo que tinha ganhando novamente a vida, decidiu criar uma fundação para a pesquisa contra a doença, a “José Carreras Leuchemia Foundation”.

Um dia antes do concerto, José Carreras conversou brevemente com Gaudium Press. “Peregrinação fala de mística, e a música também tem um componente importante de mística, sobretudo um determinado tipo de música. Música clássica, sinfônica, operística em geral… Para mim, este tipo de música e a peregrinação têm em comum a mística do espírito”.

Se a mística fala através da música, fala também através dos lugares. E para o o concerto do tenor, foi escolhido um dos mais belos de Roma: a escadaria Trinità dei Monti, na Praça Espanha, que se transformou em palco do concerto. Para o artista, cantar em um espaço assim é um presente. “Sinto-me afortunado, contente de poder fazer aquilo que está no meu coração e de fazê-lo em circunstâncias assim. Ainda mais pensando que é um festival de manifestações onde o Vaticano também está envolvido. Me sinto honrado de ser partícipe disto”.

José Carreras nasceu em 5 de dezembro de 1956 em Barcelona, na Espanha. Tem 65 anos, portanto. Na época, por uma forte devoção mariana, costuma se dar à criança também o nome de Maria. “Agora não tanto, mas quando eu nasci o nome Maria era acrescido aos demais nomes, sobretudo aos nomes masculinos. E como meu pai era José Maria, fui batizado como Josep Maria”. “Josep”, em catalão, e não “José”, como é conhecido desde que teve de passar a usar esta variação durante a época da ditadura de Franco, que proibia palavras em catalão.

A fé sempre foi importante para ele, e foi fundamental para ajudá-lo durante a doença. O tenor está convencido de que “são poucas as pessoas no mundo que não acreditam em algo superior, alguma coisa que esteja além de todos nós. O chamamos de formas diferentes, talvez, mas não acredito que existam muitas pessoas 100% agnósticas”.

Graças também, claro, ao esforço dos médicos, Carreras conseguiu superar a doença. “Eu me senti em dívida quando venci a doença, porque recebi as pessoas que me acompanharam, que me deram o afeto da solidariedade. Senti-me em dívida tanto com a sociedade como com, logicamente, a comunidade científica. Pensei que a melhor forma de pagar essa dívida seria criando uma iniciativa que lutasse contra a mesma doença que tive”.

Assim nasceu sua fundação. Segundo ele, o trabalho é bastante exitoso. “Digo, sem arrogância, sem presunção, que fizemos e estamos fazendo um trabalho incrível. Mas não será nunca suficiente enquanto a doença não for erradicada completamente e seja uma doença curável para todos”, vaticinou, consciente.

 

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