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“Testemunha da verdade que nos torna livres”, diz Bento XVI sobre o beato João Paulo II

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 02-05-2010, Gaudium Press) “Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da nação polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. (…) Ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade”. Com essas palavras, pronunciadas em polonês, o Santo Padre Bento XVI recordou o seu imediato predecessor na homilia da cerimônia de beatificação que presidiu.

Com uma grande expectativa e silêncio, a homilia foi ouvida por mais de um milhão de peregrinos. “Feliz és tu, amado Papa João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu – nós te pedimos – a sustentar a fé do Povo de Deus”, desejou ao fim da homilia o Santo Padre.

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Bento XVI lembrou o papel de João Paulo II nos trabalhos e depois na realização do Concílio Vaticano II

A palavra-chave da homilia pronunciada por Bento XVI na missa de beatificação de João Paulo II foi “a fé”. “João Paulo II é Beato pela sua forte e generosa fé apostólica”, explicou o Papa. A fé do novo beato era baseada no modelo da Virgem Maria. Ele tinha uma teologia com ” uma visão que se resume no ícone bíblico de Cristo crucificado com Maria ao pé da Cruz. Um ícone que se encontra no Evangelho de João (19, 25-27) e está sintetizado no brasão episcopal e, depois, papal de Karol Wojty?a: uma cruz de ouro, um “M” na parte inferior direita e o lema ‘Totus tuus'”.

Bento XVI lembrou o papel de João Paulo II nos trabalhos e depois na realização do Concílio Vaticano II, ressaltado pelo Papa Wojtyla como uma verdadeira continuação do magistério dos pontífices. A “figura amada e venerada de João Paulo II”, continuou o Papa, “abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e econômicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus -, uma tendência que parecia irreversível”.

Recordando que João Paulo II escreveu a sua primeira encíclica, “Redemptoris hominis”, sobre Jesus Cristo, Bento XVI observou que “a sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem. Com esta mensagem, que é a grande herança do Concílio Vaticano II e do seu “timoneiro” – o Servo de Deus Papa Paulo VI -, João Paulo II foi o guia do Povo de Deus ao cruzar o limiar do Terceiro Milênio, que ele pôde, justamente graças a Cristo, chamar “limiar da esperança””.

“Aquela carga de esperança – observou o Santo Padre – que de certo modo fora cedida ao marxismo e à ideologia do progresso, João Paulo II legitimamente reivindicou-a para o Cristianismo, restituindo-lhe a fisionomia autêntica da esperança, que se deve viver na história com um espírito de “advento”, numa existência pessoal e comunitária orientada para Cristo, plenitude do homem e realização das suas expectativas de justiça e de paz”.

Na homilia, não faltaram os toques pessoais. Papa Ratzinger recordou os 23 anos de colaboração com João Paulo II, que o chamou para dirigir um dos mais importantes e fundamentais dicastérios da Cúria Romana, a Congregação para a Doutrina da Fé. “O meu serviço foi sustentado pela sua profundidade espiritual, pela riqueza das suas intuições. Sempre me impressionou e edificou o exemplo da sua oração: entranhava-se no encontro com Deus, inclusive no meio das mais variadas incumbências do seu ministério”.

“O seu testemunho no sofrimento: pouco a pouco o Senhor foi despojando-o de tudo, mas permaneceu sempre uma “rocha”, como Cristo o quis. A sua humildade profunda, enraizada na união íntima com Cristo, permitiu-lhe continuar a guiar a Igreja e a dar ao mundo uma mensagem ainda mais eloquente, justamente no período em que as forças físicas definhavam. Assim, realizou de maneira extraordinária a vocação de todo o sacerdote e bispo: tornar-se um só com aquele Jesus que diariamente recebe e oferece na Eucaristia”.

A beatificação de João Paulo II atraiu uma enorme multidão de pessoas de todo o mundo. Segundo os dados da polícia italiana, havia mais de um milhão de peregrinos na Praça de São Pedro. A maior parte deles certamente de poloneses que marcaram sua presença com as numerosas bandeiras.

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A palavra-chave da homilia pronunciada por Bento XVI na missa de beatificação de João Paulo II foi “a fé”

Para a importante cerimônia para toda a Polônia estiveram presentes o presidente Bronislaw Komorowski com sua esposa e uma comitiva de 15 pessoas. O Brasil foi representado pelo vice-presidente Michel Temer com uma comitiva de três pessoas. Esteve também o presidente do México, Felipe Calderon Hinojosa, com sua esposa e uma comitiva de 5 pessoas.

No total, acompanharam a cerimônia de beatificação 88 delegações oficiais, cinco de casas reais, 16 chefes-de-Estado, três vice-presidentes, sete primeiros-ministros.

Havia numerosas delegações dos presidentes de parlamento ou de senado, de ministros das Relações Exteriores, de ministros, ex-presidentes, primeiras-damas, embaixadores e organizações internacionais. Entre as delegações oficiais havia também personalidades que, como o cantor italiano Andrea Bocelli, queriam participar da cerimônia.

Todas as pessoas das delegações e do ambiente vaticano foram recebidas com um almoço oferecido pelo Cardeal Tarcisio Bertone junto ao presidente da Polônia, Bronislaw Komorowski.

 

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