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“João Paulo II era uma pessoa muito afável e simples no dialogar”, afirma o comendador Giuseppe D’Amico

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 27-04-2011, Gaudium Press) Às vésperas da cerimônia de beatificação do Papa João Paulo II, Gaudium Press traz a seus leitores o depoimento do comendador Giuseppe D’Amico, que durante 40 anos foi oficial do Corpo da Gendarmeria vaticana e que conheceu de perto o pontífice polonês.

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Caminhadas de João Paulo II eram ocasiões para o pontífice conhecer pessoas e descansar

Presente no momento da eleição para pontífice do então cardeal Karol Wojtyla, comendador D’Amico conta como foi o anúncio de sua eleição e também revela detalhes das caminhadas que João Paulo II fazia de forma não oficial; percursos solitários que lhe davam um pouco de fôlego entre uma obrigação e outra na sua intensa atividade apostólica.

No que concerne à eleição do Papa Wojtyla, comendador D’Amico revela que na ocasião estava na na Sala de Imprensa da Santa Sé, a poucos passos da Praça São Pedro, no lugar de onde cotidianamente saem as notícias sobre a vida da Santa Sé. “Esperava-se a fumaça e quando se viu a fumaça branca os jornalistas gritaram: ‘a fumaça, a fumaça!’. Quando apareceu na sacada o Cardeal Felici, ele disse ‘Habemus Papam’ pronunciando o nome do Cardeal Wojtyla. Todos os jornalistas ficaram em silêncio. Somente um jornalista polonês reagiu com entusiasmo”, afirmou.

Para comendador D’Amico, após a eleição do Papa João Paulo II tudo rapidamente mudou. Conforme o oficial, Karol Wojtyla transformou o estilo da vida de um pontífice. E uma das características do Santo Padre que levaram a esta transformação foram suas caminhadas solitárias. “João Paulo II gostava muito de caminhar na montanha, ao ar livre, no ar puro. Ele gostava das coisas muito simples. Estas saídas davam a ele a oportunidade de conhecer as pessoas, mas principalmente de descansar”.

Segundo o oficial do Corpo de Gendarmeria, com esse gesto João Paulo II não queria perturbar a comunidade. “Os lugares das famosas saídas secretas eram aqueles perto de Roma, as montanhas de Abruzzo e, no verão, as Dolomites. Ali ,Wojtyla meditava a natureza. Ia nas cidadezinhas, mas sempre na montanha. Uma das coisas que amava ver, quando ia a região de Abruzzo, no outono, eram as cores da vegetação: era como ver uma palheta com todos os tons de amarelo, vermelho, verde. E ele parava frequentemente para olhar e contemplar”, diz.

Para o Papa polonês, conta o comendador, os passeios fora do Vaticano eram a oportunidade de meditar e preparar documentos importantes, como as encíclicas. “Passeios, descanso, meditação. Este era o ritmo e o programa destas saídas. Tudo aquilo que faríamos nós se fôssemos para a montanha. Fazia realmente um passeio no campo. Ele gostava de ver também o fogo aceso, fazer piquenique e comer alguma coisa. Ele fazia isso desde quando era jovem, quando ia para os lagos Mazury ou aos montes Tatra”.

Comendador D’Amico recorda ainda que durante suas saídas, João Paulo se dedicava também à oração. “Durante os percursos nas cidadezinhas, nas aldeias, era muito preciso e pontual: quando era hora do Ângelus, toda a companhia que tinha, todo o grupo parava e recitava o Ângelus. Para ele, a oração do Ângelus era muito importante”, destaca.

Giuseppe D’Amico se lembra de João Paulo II como uma pessoa “muito afável, muito simples nos momentos, nos fatos, no dialogar, uma pessoa que não deixava ninguém pouco a vontade. Era muito simples”, concluiu.

Corpo da Gendarmeria
O serviço do Corpo da Gendermaria desenvolve um importante serviço de segurança junto à Guarda Suíça Pontifícia. A missão do Corpo é a defesa da pessoa do pontífice em qualquer lugar que ele se encontre: no Vaticano, durante os eventos públicos, durante as visitas paroquiais em Roma e durante as viagens, sejam essas na Itália ou no exterior, além do controle e da segurança do Vaticano. O Corpo da Gendarmeria também tem a função de Polícia do Estado da Cidade do Vaticano. O serviço deve ser realizado com muita discrição e reserva, para não perturbar o pontífice nem criar problemas.

A Gendarmeria vaticana nasceu em 1816 como o Corpo dos Carabineiros Pontifícios, denominado depois Vélites Pontifícios e sucessivamente Gendarmeria Pontifícia. O nome permaneceu até o dia 14 de setembro de 1970, quando o Papa Paulo VI decidiu pela dissolução dos corpos armados pontifícios. Havendo porém, a necessidade de um corpo com funções de polícia propriamente dita, foi instituído o Escritório Central de Vigilância do Estado da Cidade do Vaticano, que em 1991 foi definido Corpo de Vigilância do Estado da Cidade do Vaticano e em 2002 assumiu a denominação ainda atual de Corpo da Gendarmeria do Estado da Cidade do Vaticano.

 

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