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Entrevista com Dom Murilo Krieger, novo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil

Porto Alegre (Sexta-feira, 14-01-2010, Gaudium Press) Com o recente pedido de renúncia do arcebispo de Salvador, na Bahia, cardeal Dom Geraldo Majella, por motivo de idade, o Papa Bento XVI nomeou no último dia 12 de janeiro, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger novo arcebispo da arquidiocese baiana e primaz do Brasil (título dado ao arcebispo de Salvador por ser esta a primeira diocese criada no país), transferindo-o da Arquidiocese de Florianópolis, em Santa Catarina.

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“Levo da Arquidiocese de Florianópolis a experiência de uma Igreja que tem imensos valores”, Dom Murilo

Em uma entrevista exclusiva para a Gaudium Press, Dom Murilo fala sobre sua alegria e surpresa com a nomeação, suas expectativas, planos e projetos relacionados a esse novo trabalho ministerial.

Gaudium Press – Como foi recebida a nomeação do Papa para ser primaz do Brasil?

Dom Murilo – Não estava em meus planos ir para a Bahia ou para qualquer outra diocese. Tinha, mentalmente, um programa de trabalhos para os próximos oito anos em Florianópolis. Mas estou na Igreja para servi-la da forma que ela precisa,não da forma que eu gostaria. Mais: tinha certeza de que outro irmãobispo, por suas qualidades, seria nomeado para a Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Por isso, foi com muita surpresa que recebi a nomeação para lá. Destaco a palavra “nomeação”: não é feita uma consulta para a pessoa envolvida. Ora, como dizer um “não” a uma nomeação papal? “Quem vos ouve, a mim ouve”, disse Jesus. Disse meu “sim” ao Papa Bento XVI e, agora, irei para a minha nova missão com a mesma disposição com que enfrentei outras responsabilidades na Igreja.

GP – Sente que há um desafio pela frente em substituir o cardeal Majella?

Dom Murilo – Seguramente, um grande, um imenso desafio. Mas levo uma certeza comigo: não me caberá começar os trabalhos, muito pelo contrário, estarei à frente de uma Arquidiocese que tem uma longa e bela história, rica de tradições e de experiências religiosas. Assim, vou me apoiar em meu antecessor, nos demais bispos auxiliares, nos sacerdotes, nos religiosos e religiosas, e nas lideranças leigas.

GP – Quais serão suas prioridades episcopais na arquidiocese de Salvador?

Dom Murilo – Lembro-me do que o saudoso Papa João Paulo II escreveu, no início do terceiro milênio: a grande prioridade da Igreja para este milênio é a busca da santidade. Tudo o que a Igreja fizer ou planejar deverá ser em vista desse objetivo. A santidade é a nossa meta. A lembrança constante desse objetivo será envolvida, por mim, pela certeza que nasce daquele que é meu lema episcopal: “Deus é amor” (1Jo 4,16). Estou convicto de que, se nos conscientizarmos dessa verdade, tudo mudará em nossa vida.

GP – O que aprendeu e que realizações apontaria como principais a frente da Arquidiocese de Florianópolis?

Dom Murilo – Levo da Arquidiocese de Florianópolis a experiência de uma Igreja que tem imensos valores: um clero bem formado, uma rica presença de religiosos e religiosas; talvez a melhor experiência, no Brasil, de Diaconato Permanente; um imenso grupo de líderes cristãos etc. Devo isso a meus antecessores, que deixaram aqui as marcas de seu amor à Igreja. O que fiz? Incentivei a presença da Igreja nos meios de comunicação, pois acredito que precisamos levar o Evangelho também e particularmente àqueles que não nos procuram; procurei organizar a Cúria; esforcei-me para dar unidade aos Estatutos, Regimentos e normas diocesanas.

GP – Que boas recordações levarás da Arquidiocese de Florianópolis, do povo da região e do trabalho episcopal?

Dom Murilo – É bom lembrar que esta é a minha Arquidiocese: aqui nasci, aqui vivi minha infância e aqui tudo me é familiar. Em síntese: sou filho desta Arquidiocese. Muito do que sei e muito de meu amor à Igreja, foi aqui que se desenvolveu. Levarei comigo, para a Bahia, esta riqueza imensa.

GP – Para enfrentarmos os desafios da nossa fé é preciso saber viver com temor e tremor. Quais são os seus temores e tremores diante dessa nova missão?

Dom Murilo – Meus temores: assumir uma Arquidiocese que tem uma história de 460 anos e uma população de quase três milhões e trezentos mil habitantes. Meu tremor: a consciência de minhas limitações… Mais um motivo para confiar na graça de Deus que nunca falha.

GP – Quando e como será a posse na Arquidiocese de Salvador?

Dom Murilo – Minha posse na Arquidiocese de São Salvador da Bahia será no dia 25 de março próximo. Uma comissão está sendo formada pelo Cardeal Dom Geraldo, para cuidar dos detalhes da celebração.

Fernanda Baldini e Pedro Ozores

 

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