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Sublime martírio de Santo Inácio de Antioquia

Após o martírio de Santo Inácio, os cristãos recolheram seus restos mortais como relíquias e viram que em seu coração estava escrito um nome: Jesus Cristo.

Após o martírio de Santo Inácio, os cristãos recolheram seus restos mortais como relíquias e viram que em seu coração estava escrito um nome: Jesus Cristo.

Redação (25/08/2020, 10:15 – Gaudium Press) Diversos historiadores, ou melhor, contadores de histórias, fazem elogios ao Imperador Trajano, dizendo que foi um grande militar e muito bom administrador. Entretanto, não afirmam que ele perseguiu atrozmente os cristãos.

Santo Inácio da Antioquia: sabedoria que confunde o imperador, um martírio que marcou a história

Trajano exerceu o poder de 98 a 117 e sob suas ordens sofreu o martírio São Simeão, Bispo de Jerusalém, tendo 120 anos de idade. Denunciado por judeus cristãos heretizantes, ele foi crucificado.

Santo Inácio, terceiro Bispo de Antioquia, mostrou tanta Fé e altanaria diante das feras, que seu martírio marcou a História. O primeiro bispo dessa cidade foi São Pedro, o segundo Santo Evódio, massacrado por uma multidão por ter recusado adorar um ídolo.

Encontrando-se em Antioquia, Trajano quis discutir com Santo Inácio a respeito de religião e ficou totalmente confundido. Ordenou, então, que o prendessem e o conduzissem a Roma. 

Durante a longa viagem, ele escreveu seis cartas às igrejas da região e uma a São Policarpo, discípulo de São João Evangelista e Bispo de Esmirna.

Essas missivas, plenas de sapienciais ensinamentos sobre a Doutrina Católica, fizeram com que ele fosse considerado Padre da Igreja, juntamente com o Papa São Clemente I e São Policarpo, chamados Padres Apostólicos, ou seja, aqueles que tiveram contato pessoal com os Apóstolos. 

Após o martírio de Santo Inácio, os cristãos recolheram seus restos mortais como relíquias e viram que em seu coração estava escrito um nome: Jesus Cristo.

Contemplando o Coliseu, local do martírio de Santo Inácio de Antioquia 

Chegando a Roma, Santo Inácio foi levado ao Coliseu. Eis como Dr. Plinio Corrêa de Oliveira descreve esse anfiteatro:

“Sua maior beleza aparece à noite, quando as sombras e trevas atenuam o prosaísmo das coisas modernas que o circundam, e o silêncio das altas horas envolve os ruídos cacofônicos da cidade que adormece.

“Em certo momento, enquanto uma Lua graciosa e amiga esparge suas aveludadas cintilações, ouve-se o demorado silvo de uma ave noturna, aninhada sob um dos arcos do Coliseu. Aquela espécie de brado nos faz lembrar o gemido dilacerante de um mártir, a derradeira prece lançada aos Céus por uma alma a caminho da suprema imolação…

“Contemplar aquele anfiteatro de tragédias e de heroísmos leva nossa imaginação a reproduzir um dos mais belos episódios de martírio que registra a hagiografia católica.

“É noite na Roma dos Césares. Aqui e ali, as tochas que a iluminam vão se apagando. Pouco a pouco, esmorecem os barulhos das festas, extinguem-se conversas e risos. Na soberana metrópole do mundo, tudo é calma e repouso. Despertos, em meio a densas trevas, ficam apenas os mártires do Coliseu, orando e se encorajando mutuamente. Por vezes a noite é borrascosa, o tempo inóspito, tornando ainda mais horrorosa e dorida aquela vigília para a morte.

Santo Inácio de Antioquia, o menino sobre o qual a mão de Nosso Senhor pousou

“De súbito, ouve-se o bramido de uma fera ecoando pelos lúgubres porões do grande circo. Rugido de animal faminto, há dias privado de alimento para que mais encarniçado se atire sobre sua vítima, na hora do fatídico encontro. E o urro do tigre, do leão, da pantera ou da hiena repercute como um estremecimento de terror nos corpos dos católicos.

“Alguns choram, com medo de lhes faltar a coragem no momento decisivo. Suplicam a Deus, com toda a alma, forças superabundantes para não cometerem a pior das infidelidades, para não apostatarem da verdadeira Religião de Nosso Senhor Jesus Cristo.

“Sereno em meio a tanta apreensão, um dos cativos, já entrado na ancianidade, percorre as fileiras de prisioneiros, dirigindo a cada um palavras de ânimo e esperança.” 

 “Alguns autores dizem que aquele menino contemplado por Nosso Senhor, cuja alma puríssima chegou a este píncaro de heroísmo na inocência, foi depois Santo Inácio de Antioquia. A mão divina tinha pousado sobre ele. […]

 “Se o Lago de Genezaré estremecia, se o ar se enchia de perfumes, de brisas e de luzes, o que dizer da alma de um menino fiel que Nosso Senhor aproxima de Si?

“E Ele, de outro lado, sabia que esse menino seria o grande Inácio de Antioquia.

Após o martírio de Santo Inácio, os cristãos recolheram seus restos mortais como relíquias e viram que em seu coração estava escrito um nome: Jesus Cristo.

Santo Inácio: “’Senhor, assim como o trigo é esmagado para se transformar na Sagrada Eucaristia, assim esta fera triture o meu corpo, por Vós, ó meu Deus!’

“Aos poucos vão se atenuando as trevas, e a claridade da manhã traz consigo o ponteiro que marca a hora do sangrento suplício. Os rugidos das feras tornam-se mais intensos e aterradores; as súplicas, mais prementes e fervorosas.

“Soam os clarins, anunciando a chegada do César. Abrem-se as prisões, e os mártires são conduzidos ao local da imolação. Ao vê-los, trôpegos e maltratados, o povo pagão que lota as arquibancadas do Coliseu explode em vaias e apupos. Libertas de suas jaulas, as feras esfomeadas se precipitam sobre as carnes dos católicos. Exceto uma. Dando provas da autenticidade da Fé que professa, aquele velho cativo detém miraculosamente o leão que cresce para ele. Abre seus grandes braços e eleva aos céus uma extraordinária prece:
“’Senhor, assim como o trigo é esmagado para se transformar na Sagrada Eucaristia, assim esta fera triture o meu corpo, por Vós, ó meu Deus!’

“Só então, desvencilhado da misteriosa força que o retinha, o animal se atira sobre o mártir, despedaçando-o. O herói foi Santo Inácio de Antioquia, aquele que, quando menino, fora acariciado pelo Mestre Divino, recebendo d’Ele a promessa do Reino dos Céus.

Martírio de Santo Inácio: dolorido, encantador, fonte de santos e guerreiros

“De dentro dessa cena encantadora nós vemos emergir, ensopadas de sangue, duas figuras trágicas: Jesus, o Cordeiro de Deus coberto de sangue, de escarros, alvo de bofetadas, de injúrias durante a Paixão; e o cadáver de Santo Inácio de Antioquia estraçalhado pelas feras!

“Mas desse sangue, depois, sai um incenso mil vezes mais grato a Deus do que o exalado do sacrifício de Abel. Pelo seu Sangue, Jesus reconciliou Deus com os homens no alto da Cruz, fazendo nascerem mártires e guerreiros até o fim da história dos homens.

“As Cruzadas não foram senão o mais belo reflexo dos martírios, os quais nasceram — em certo sentido da palavra — de um menino a quem Nosso Senhor agradou numa cena encantadora, dizendo: “Deixai vir a Mim os pequeninos, porque deles é o Reino dos Céus.”

Após o martírio de Santo Inácio, cristãos acorreram para recolher seus restos mortais e verificaram que em seu coração estava escrito o nome de Jesus Cristo.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História da Igreja” – 24)

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1- Cf. SÃO JOÃO BOSCO. História Eclesiástica. 6 ed. São Paulo: Salesiana, 1960, p. 45; LLORCA, Bernardino. Historia de la Iglesia Católica – Edad Antigua. 6. ed. Madri: BAC, 1990, v. I, p. 191. 250.

2- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Magnífico palácio espiritual. In Dr. Plinio, São Paulo. Ano III, n. 30 (setembro 2000), p. 34.

 

3- Idem. Divinamente admirável, supremamente admirador! In Dr. Plinio, São Paulo. Ano XV, n. 170 (maio 2000), p. 12.

4- Cf. DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires. São Paulo: Quadrante. 1988, p. 175.

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