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Cardeal holandês diz que decisão sobre eutanásia traz incerteza e perplexidade

Cardeal e médico, o arcebispo de Utrecht critica e demonstra preocupações diante de decisão judiciária que permite a eutanásia em pacientes dementes.

Cardeal e médico, o arcebispo de Utrecht critica e demonstra preocupação diante de decisão judiciária que permite a eutanásia em pacientes dementes.

Utrecht – Holanda (24/04/2020 18:25, Gaudium Press) Falando em nome da Conferência Episcopal Holandesa, o cardeal Willem Jacobus Eijk, arcebispo de Utrecht, que também é médico, criticou e externou preocupações a propósito de uma recente decisão da Suprema Corte Holandesa que permite a prática da eutanásia em pacientes em estado de demência.

Para o cardeal esta decisão cria confusão e levanta graves questões sobre o consentimento da prática da eutanásia, especialmente para os mais vulneráveis.

A eutanásia só seria aplicada a pedido de paciente gravemente doente

Quando a Holanda aprovou a eutanásia em 2002, disse que ela seria realizada apenas a pedido de paciente gravemente doente e com garantias estritas.

Passado o tempo, nem o pedido nem as garantias continuaram tão rigorosas e já nem é necessário estar realmente doente.

História recente justifica as apreensões

E as críticas e apreensões do Cardeal são inteiramente justificáveis pela história recente, quando a Suprema Corte da Holanda tomou uma decisão relativa à pratica de aborto nessas circunstâncias permitidas.

Em 2012, uma mulher foi diagnosticada com Alzheimer: ela escreveu que queria ser morta antes de perder totalmente o funcionamento normal de suas faculdades mentais: “Quero ser quem decide, enquanto ainda estiver em sã consciência, quando achar que chegou a hora”.

Em 2016, seu médico e seus parentes decidiram sacrificá-la, sem seu conhecimento ou consentimento. Eles mesmos decidiram que a “perda de poder”. Durante um café que eles compartilharam, o médico colocou um sedativo na xícara da mulher com a intenção de sedá-la e depois dar-lhe a injeção letal, com a intenção de lhe dar a injeção letal depois que adormecesse.

A senhora adormeceu, mas logo acordou e levantou-se ao sentir a agulhada. Ela percebeu que eles queriam matá-la e disse ao médico que parasse com aquilo. Ele não parou e também o marido e filha da senhora impediram que ele continuasse a injetar o veneno.

Decisão da Corte: o médico fez bem matando uma demente

Em abril de 2020 surgiu a decisão da Suprema Corte holandesa a propósito desse caso: o médico fez bem em matar a mulher em 2016, protegendo-se em documento da falecida datado de 2012, desconsiderando a resistência que a paciente apresentou.

As críticas e apreensões do Cardeal Eijk são inteiramente justificadas

Em um resumo de sua decisão a Suprema Corte afirma que “Um médico pode realizar um pedido (anterior) por eutanásia de pessoas com demência avançada”.

Como consequência, surge a interpretação de que os médicos podem sacrificar pessoas com demência avançada, mesmo que o paciente se oponha ou não a confirme: basta mostrar um pedido do passado.

Em outras palavras, alguém com demência insiste em querer viver, basta que o médico decida que ele não está mais em condições mentais suficientes para que sua nova decisão de viver exceda sua antiga decisão de ser eliminada.

Assim, as promessas de 2002 de que apenas quem pedir será morto se tornarão o slogan “e se ele mudar de ideia ou não pedir, também o matamos”.

É dentro dessa situação que o cardeal Willem Jacobus Eijk fez suas críticas e apontou as perplexidades a que levam a decisão dos magistrados. O arcebispo de Utrecht, que também é médico, está carregado de razões. (JSG)

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