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“O critério da grandeza do ministério eclesiástico é o serviço”, explicita o Papa aos 24 novos cardeais

Cidade do Vaticano (Sábado, 20-11-2010, Gaudium Press) “Servir” segundo a lógica de Cristo e não “dominar” segundo critério humanos. Este foi o núcleo da mensagem apresentada pelo Papa aos 24 novos cardeais que criou neste sábado, ao presidir a cerimônia do Consistório Ordinário Público na Basílica Vaticana.

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Papa Bento XVI impõe o barrete ao arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis

Bento XVI aumentou o número de cardeais eleitores de seu sucessor para 121 membros. O Colégio Cardinalício hoje representa todos os cinco continentes, com 69 países – 53 dos quais possuem cardeais eleitores. A América Latina está representada por 15 países, entre os quais o Brasil, com 9 purpurados, o número mais alto entre todos seus demais pares da região – e que ficou ainda maior com a inclusão, agora, do arcebispo de Aparecida e também presidente do Conselho Episcopal Latinoamericano (Celam), Dom Raymundo Damasceno Assis. Também o Equador se enriqueceu com seu único cardeal, Raúl Eduardo Vela Chiriboga.

“Resposta a um chamado de Deus, não é nunca fruto de um projeto próprio ou de uma ambição própria”, afirmou Bento XVI, que com palavras fortes retorna ao verdadeiro sentido do ministério eclesiástico. Ao criar os 24 novos purpurados, o pontífice recordou que a sua missão não é aquela de serem “patrões” na Igreja, mas de servi-la segundo a regra, lógica e modelo de Jesus Cristo. Isto “vale para toda a Igreja”, explicitou, mas sobretudo aos ministros da Igreja “que possuem um labor de ‘guias’ do Povo de Deus”.

O ministério eclesiástico não é “a lógica do domínio, do poder segundo os critérios humanos, mas a lógica do curvar-se para lavar os pés, a lógica do serviço, a lógica da Cruz que está na base de todo exercício da autoridade”, reforçou o pontífice. A missão da Igreja é “fazer transparecer a verdadeira “Senhoria de Deus”, aquela do amor, e a doar este amor de forma total e radical estão na primeira fila os cardeais, afirmou o Papa. É um “encargo de responsabilidade”, pelo fato de serem os mais próximos colaboradores do pontífice nos diversos dicastérios da Cúria romana e nos próprios países. E alguns para serem eleitores do seu sucessor.

O Consistório Ordinário Público é anunciado geralmente quando o número dos membros eleitores do colégio cardinalício se diminui. As ocasiões regulares para a a realização da cerimônia são a Festa de Cristo Rei, que acontece no último domingo do ano litúrgico; a festa da Cátedra de São Pedro, celebrada no dia 22 de fevereiro; e a festa dos Apóstolos Pedro e Paulo, em 29 de junho.

A própria cerimônia para a criação de novos cardeais tem dois elementos significativos: a profissão de fé e juramento, e a imposição do barrete e assinalação do Título aos cardeais diocesanos e da Diaconia aos cardeais da cúria. A fórmula do juramente da fidelidade e obediência ao Santo Padre é pronunciada pessoalmente e compreende a promessa de “permanecer, de agora e para sempre até quando terei vida” fiel a Cristo e aos seu Evangelho, constantemente obediente à Santa Igreja Apostólica Romana, ao beato Pedro na pessoa do Sumo Pontífice”. Além disso, os purpurados juram conservar a comunhão com a Igreja Católica nas palavras e obras.

Antes de impor o barrete vermelho, o Papa recorda que todos têm o dever de “estarem prontos para defender com fortaleza, até a efusão do sangue, o incremento da fé cristã, a paz e a tranquilidade do povo de Deus e a liberdade e a difusão da Santa Igreja Romana”.

Os temas da unidade da Igreja, liberdade religiosa e sofrimento dos cristãos estiveram nas intercessões da oração universal. Temas recentemente fortes e significativos para a Igreja Católica, devido às notícias da China, onde no mesmo dia do Consistório, provavelmente na cidade de Chengde, se desenvolveram ilícitas ordenações sacerdotais. Houve uma intercessão em alemão para os chefes das nações e todos empenhados nas governanças “para que saibamos realizar concretamente as expectativas de liberdade, de justiça, de paz e solidariedade”.

Hoje o Colégio Cardinalício compreende 121 membros que de qualquer forma, de janeiro a abril de 2011, se diminuirá em 6 purpurados. Da América Latina há: 9 do Brasil, 4 do México e da Argentina, 2 da Colômbia e do Chile, e 1 da Venezuela, Honduras, Guatemala, Rep. Dominicana, Cuba, Peru, Bolívia, Equador, Nicarágua e Porto Rico.

Criado cardeal no sábado, Dom Raymundo Damasceno Assis é o nono cardeal brasileiro e um dos cinco eleitores do país que participarão do próximo conclave. O arcebispo de Aparecida recebeu o Título da Imaculada no Tiburtino. É o segundo cardeal brasileiro criado por Bento XVI, depois do cardeal Dom Pedro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Cinco outros foram criados por João Paulo II, mas estão vivos ainda dois cardeais criados ainda por Paulo VI.

 

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