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Papa convida artistas à amizade, ao diálogo e à colaboração com a Igreja

Cidade do Vaticano (Segunda, 23-11-2009, Gaudium Press) “A fé não subtrai nada de sua genialidade, de sua arte; aliás, as exalta e as alimenta, as encoraja”. Essas foram as acolhedoras palavras do Papa ouvidas pelos artistas. Na manhã deste sábado, na Capela Sistina, aconteceu o tão esperado Encontro do Pap com os Artistas. Representantes do mundo artístico da pintura, escultura, arquitetura, literatura e poesia, música e canto, cinema, teatro, dança e fotografia, foram representados por mais de 260 pessoas provenientes dos cinco continentes, ainda que a maior parte tenha sido de europeus.

O encontro aconteceu por ocasião dos dez anos da “Carta aos Artistas” de João Paulo II e pelo 45º aniversário da Missa dos Artistas, celebrado no mesmo lugar, em 7 de maio de 1964, pelo Papa Paulo VI.

No discurso dirigido aos artistas, o Papa lhes agracedeu a presença dando votos de renovação de amizade da Igreja com o mundo da Arte, para que esta relação seja “continuamente promovida e apoiada, para que seja autêntica e fecunda”. O pontífice fez um “convite à amizade, ao diálogo, à colaboração” meditando sobre o tema da beleza. Citou o pintor Georges Braque, um poeta polonês, Cyprian Norwid, o teólogo Hans Urs von Balthasar e Santo Agostinho.

“Nós precisamos de vocês”, lembrou Bento XVI as palavras de Paulo VI, ao desejar reafirmar e restabelecer a amizade entre a Igreja e as artes, em direção a um autêntico renascimento da arte, do novo Humanismo. “Este mundo no qual vivemos necessita de beleza”, disse o Papa Bento XVI.

“A experiência do belo, do belo autêntico, não efêmero nem superficial, não é algo acessório ou secundário na busca do sentido e da felicidade” e “leva a um confronto cerrado com o cotidiano, para liberá-lo da obscuridade e transfigurá-lo, para torná-lo luminoso”.

O Santo Padre explicou também o significado simbólico da Capela Sistina. Entre os artistas presentes estavam alguns que estiveram presentes também no primeiro encontro. O Papa, ao falar sobre o “Juízo Universal”, o mais famoso afresco da Capela Sistina, observou que ele recorda que “a história da humanidade é movimento e ascensão, é inexausta tensão em direção à plenitude, em direção à felicidade última”. E lembrou “o perigo da queda definitiva do homem”. Além disso, o afresco, sengundo o Papa, lança um forte grito profético contra o mal, contra todas as formas de injustiça.

“A Arte, em todas as suas expressões, no momento em que se confronta com as grandes interrogações da existência, com os temas fundamentais do qual deriva o sentido de viver, pode assumir um valor religioso e transformar-se em um percurso de profunda reflexão interior e de espiritualidade”, disse.

Bento XVI chamou os artistas de “protagonistas deste encontro” – “caros artistas”, “guardiães da beleza” – , expressando assim sua simpatia pelo mundo artístico. O Pontífice lhes fez votos de serem, através da arte, “anunciadores e testemunhas de esperança pela humanidade”.”E não tenham medo de se confrontar com a fonte primária e última da beleza, de dialogar com os que creem, com quem, como vocês, se sente peregrino no mundo e na história da Beleza infinita! A fé não subtrai nada de sua genialidade, de sua arte; aliás, as exalta e as alimenta, as encoraja a ultrapassar o limite e a contemplar com olhos fascinados e comovidos a meta última e definitiva, o sol que não se põe, que ilumina e torna belo o presente.”

O Santo Padre terminou o seu discurso como Paulo VI, com um “até logo”. Depois saudou os artistas em francês, inglês, alemão e, por fim, em espanhol:”Saludo cordialmente a los artistas que participan en este encuentro. Queridos amigos, os animo a fomentar el sentido y las manifestaciones de la hermosura en la creación. Que Dios os bendiga. Muchas gracias.”

O evento, organizado pelo presidente do Conselho Pontifício para a Cultura e da Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja, Mons. Gianfranco Ravasi, suscitou grande interesse e apreciação por parte dos artistas. Mons. Ravasi deseja que esse encontro seja impulso e inspiração para novas obras e próximos encontros.

 

Reflexões sobre o encontro:

“Foi um grande encontro. Me senti em família, em uma reunião de família. E eu ouvi os passos de Deus por trás da Capela Sistina. Foi incrível”. Kader Abdolah, escritor iraniano.

Foi um momento interessantíssimo, para mim muito tranquilizador. Foi muito importante ouvir as palavras do Papa sobre a importância da beleza. Ele vê, em um certo modo, também o nosso trabalho, as nossas atividades, a importância que podem ter em acordar as consciências, a fé. Portanto, estou muito feliz com o que ouvi.” Andrea Bocelli, cantor italiano.

“Foi uma reunião maravilhosa, que deixou mensagens de esperança. Isso é muito bom”. Bob Wilson, dramaturgo americano

“A beleza foi fundamental dentro da História da Arte, da cultura, do passado. Encontrando-a não somente como estetismo, mas como possibilidade de ter uma recriação da grandeza da respiração, da esperança da humanidade. Por outro lado, possibilita encontrar ainda uma espécie de irmandade, de parentesco entre arte e fé. Porque mesmo que tenham tomado caminhos diferentes entre elas, e que tenham se perdido algumas vezes nos vínculos das ramificações, ambas (arte e fé) quiseram alcançar a mesma meta. Tanto a fé quanto a arte não querem representar o invisível. Querem buscar o eterno e o infinito que se esconde na forma fria da palavra, da imagem e do som. Por isto, se retorna a ambas esta vocação, provavelmente encontrarão um grande futuro, glorioso.” Mons. Gianfranco Ravasi.

 

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