Pandemia de Covid-19 “não pode ser um tempo de vazio pastoral” diz pároco do Porto
Porto – Portugal (Quinta-feira, 12-03-2020, Gaudium Press) O pároco de Nossa Senhora da Hora, na Diocese do Porto, disse à Agência Ecclesia que a pandemia do novo coronavírus “não pode ser um tempo de vazio pastoral”, mas de “oportunidades virtuosas” para uma “Quaresma reforçada”.
Nossa palavra de pastores não se deve reduzir à comunicação de algumas regras de procedimento higiénico-sanitário e litúrgico… Foto:Arquivo Gaudium Press |
“A nossa palavra de pastores não se deve reduzir à comunicação de algumas regras de procedimento higiénico-sanitário e litúrgico:
Isso é bem-vindo, faz falta!
Mas acho que é preciso mais, é preciso oferecer ao povo de Deus uma interpretação cristã do momento crítico que estamos vivendo”, afirmou o padre Amaro Gonçalo.
Para o sacerdote da Diocese do Porto, é necessário uma fazer uma “leitura dos sinais para crescer na fé, caminhar na esperança e testemunhar o amor”.
“Aproveitar o tempo da quarentena forçada para uma quaresma reforçada” é o propósito do pároco de Nossa Senhora da Hora.
A Pandemia e a Quaresma não cancelada
O padre Amaro Gonçalo considera que a pandemia covid-19 é uma “oportunidade para ver as doenças e os pecados” de uma “sociedade globalizada”, onde se encontram “múltiplos sinais da graça de Deus em formas extraordinárias de dedicação e de alteração de alguns comportamentos”.
“Embora se possam cancelar muitas atividades -e não sei se chegaremos ao ponto de cancelar as celebrações- a Quaresma não está cancelada, pelo contrário: o tempo que estamos a vivendo não deve ser vivido como um insuportável intervalo nas nossas vidas, mas como um tempo de graça”, sublinhou o religioso.
Para o sacerdote, a impossibilidade de realização de encontros nas igrejas ou nas paróquias é uma oportunidade para “valorizar a família” como Igreja doméstica e de dar maior relevância a ferramentais digitais para a oração e celebração nos ambientes domésticos.
“O fato de não haver celebrações e catequese não significa que estejam canceladas, mas que somos desafiados a cultivar uma interioridade maior”, afirmou.
Preencher o vazio com silêncio fecundo e os antivírus
O padre Amaro Gonçalo considera que é necessário “preencher o vazio” da atualidade para que o “silêncio não seja mutismo, mas um silêncio fecundo”.
Para o pároco de Nossa Senhora da Hora, a pandemia em curso sugere o exercício de virtudes como da humildade, afirmando a todos que não são “donos da vida”, e leva a relativizar o alcance dos progressos da ciência e da técnica.
O padre Amaro Gonçalo indica ainda que a “fraternidade solidária” é um “antivírus” contra “a superficialidade, a indiferença, a autossuficientes e o narcisismo que vem ao de cima nestes momentos”.
A proposta do pároco de Nossa Senhora da Hora vai ser partilhada na paróquia, sugerindo um “estilo de vida mais sóbrio”, vivendo este tempo como “um desafio à interioridade”. (JSG)
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