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Santo Estevão: resplandecente como um Anjo

Reação (Terça-feira, 03-03-2020, Gaudium Press) Em Jerusalém, o número de fiéis crescia prodigiosamente e o Diácono Estevão realizava grandes milagres. Judeus ímpios vinham discutir com ele, mas Estevão, com sua insigne sabedoria, os esmagava.

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…avançaram contra Estevão, arrastaram-no para fora da cidade
e começaram a apedrejá-lo.(At 7, 57-58)
Foto: Liturgia das Horas

Martírio de Santo Estevão

Então, esses ímpios subornaram alguns indivíduos para propagar que o diácono, em suas pregações, dizia blasfêmias contra Deus e Moisés. Assim, Estevão foi levado ao Sinédrio, onde falsos testemunhos fizeram contra ele nefandas acusações.

“Todos os que estavam sentados no Sinédrio tinham os olhos fixos sobre Estevão e viram seu rosto resplandecente como o rosto de um Anjo” (At 6, 15). Mas, fechando-se à graça divina, o sumo sacerdote perguntou-lhe se as acusações contra ele eram procedentes.

Formado por Gamaliel, célebre mestre da Lei, Estevão tinha um conhecimento primoroso da Sagrada Escritura, e fez uma bela exposição sobre alguns fatos fundamentais da História de Israel.

E concluiu com esta increpação:
“Homens de cabeça dura, incircuncisos de coração e de ouvidos! Sempre resististes ao Espírito Santo, tanto vós como vossos pais! A qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anunciavam a vinda do Justo, de quem vós, agora, vos tornastes traidores e assassinos. Vós recebestes a Lei por meio de Anjos, e não a observastes!” (At 7, 51-53).

Ouvindo isso, os sinedritas rangeram os dentes de ódio. Estevão afirmou que estava vendo o Céu aberto, onde se encontrava Jesus à direita de Deus Pai.

Então, aqueles ímpios, “dando grandes gritos e tapando os ouvidos, avançaram todos juntos contra Estevão, arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas deixaram seus mantos aos pés de um jovem, chamado Saulo” (At 7, 57-58).

Sangrando da cabeça aos pés, Estêvão exclamava: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito. Dobrando os joelhos, clamou com voz forte: ‘Senhor, não os condenes por este pecado'” (At 7, 59-60). E entregou sua bela alma a Deus.

“Como esse martírio é digno de ser o primeiro da História da Igreja, exemplo para os demais holocaustos dos que morreram testemunhando sua Fé em Cristo Jesus, Senhor nosso!”

Grande número de conversões na Samaria

Afirma Fillion que Estevão, ao morrer, rezou pela conversão de Saulo, o qual depois se tornou o grande São Paulo. E explica que a palavra “jovem” servia para significar homens de até trinta anos, e esta era a idade de São Paulo nessa ocasião.

Começou, então, em Jerusalém uma grande perseguição contra a Igreja, e todos os fiéis, com exceção dos Apóstolos, se dispersaram para outras regiões.

Um dos chefes da perseguição era Saulo, que “devastava a Igreja: entrava nas casas e arrastava para fora homens e mulheres, para atirá-los na prisão” (At 8, 3).

E os cristãos que saíam de Jerusalém, chegando em outras cidades, não ficavam escondidos, com medo, mas faziam apostolado. Por exemplo, o Diácono Filipe, tendo ido à Samaria, pregava o Evangelho, expulsava demônios, curava enfermos, e houve grande número de conversões.

Ao serem informados sobre esses fatos, São Pedro e São João para lá se dirigiram. Além de celebrar Missas, “impuseram as mãos [sobre os batizados], e eles receberam o Espírito Santo” (At 8, 17), ou seja, foram crismados. De fato, sendo diácono, Filipe não podia celebrar o Santo Sacrifício, nem crismar.

Batismo do tesoureiro da Rainha da Etiópia

Certo dia, um Anjo apareceu a Filipe e ordenou-lhe que se dirigisse a uma determinada estrada. Ele obedeceu imediatamente e viu um homem viajando num carro puxado a cavalos; era o administrador geral do tesouro da Rainha da Etiópia. Voltava ele de uma peregrinação a Jerusalém e, sentado num banco de seu carro, lia trechos do Profeta Isaías.

Esse administrador era certamente um judeu que vivia na Etiópia. Aliás, a Rainha de Sabá, que tendo ouvido falar da sabedoria de Salomão foi visitá-lo, era soberana da Etiópia.

Inspirado pelo Espírito Santo, Filipe abordou o administrador e perguntou-lhe se entendia o que estava lendo. Respondeu ele que não, e pediu ao diácono que subisse no carro e lhe desse as explicações.

Enquanto o carro andava, Filipe mostrou-lhe que aquele trecho se referia a Jesus; e fez-lhe uma síntese da Doutrina Cristã.

Chegando a um lugar onde havia água, o administrador pediu que fosse batizado, e na mesma hora Filipe ministrou-lhe o Sacramento.

Quando saíram da água, o Espírito Santo arrebatou Filipe e o levou para outras regiões. E o administrador “prosseguiu sua viagem, cheio de alegria” (At 8, 39); foi o fundador da primeira cristandade na Etiópia.

Algum tempo depois, o Diácono Filipe, que possuía quatro filhas virgens, regressou para sua residência, na cidade de Cesareia, na qual, certo dia, ele recebeu a insigne graça de hospedar São Paulo (cf. At 21, 8-9). Ele tornou-se santo e sua memória é celebrada em 11 de outubro.

Simão mago

Na Samaria, um indivíduo chamado Simão, vendo os milagres operados pelos Apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro para receber os poderes que possuíam. São Pedro increpou-o duramente: “Que o teu dinheiro vá contigo à perdição!” (At 8, 20).

Simão era feiticeiro e passou para a História com a alcunha de Simão mago. Não era um impostor vulgar, mas um heresiarca que havia fundido numa síntese os principais erros do budismo indiano, do esoterismo do Egito, da cabala judaica, da mitologia politeísta, etc.

Acompanhado de uma mulher, andou por várias regiões, pregando que ele era deus e tomara a figura de homem para tornar livre o gênero humano. Dizia que era preciso crer nele e em sua companheira para obter a salvação. Conseguiu reunir grande número de adeptos e se fez adorar como o verdadeiro deus.

Vários autores do século V afirmam que Simão, tendo sido levado a grande altura dos ares por demônios, pelas preces de São Pedro foi precipitado ao chão e morreu.

Foi ele o fundador de uma heresia chamada simonia, termo que na linguagem comum significa: “tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades, benefícios eclesiásticos”.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História da Igreja” – 5)

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1- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Santo Estevão, cheio da graça divina. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano VI, n. 69 (dezembro 2003), p. 27.
2- Cf. FILLION, Louis-Claude. La sainte Bible avec commentaires – Actes des Apôtres. Paris: Lethielleux. c. 1889, p. 662.668.
3- Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours. Paris : Louis Vivès. 1869. v. V, p. 365-366.
4- Cf. Idem. op. cit., p. 367.
5- Cf. Idem. op. cit., p. 360.
6- Cf. MIGNE, Abbé. Encyclopédie Theologique. Paris: Ateliers Catholiques du Petit-Montrouge. 1847. v. XII, p. 110.112.114.
7- HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Dicionário Aurélio da língua portuguesa.

 

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