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China quer a rendição do Vaticano, afirma Cardeal Zen

Redação (Segunda-feira, 187-02-2020, Gaudium Press) Em recente entrevista durante sua visita aos Estados Unidos, o Bispo emérito de Hong Kong (China), Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, afirmou em uma entrevista que o governo comunista chinês quer a rendição do Vaticano.

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“Você não pode se comprometer” com o Partido Comunista Chinês,
eles são “perseguidores” da fé, diz Cardeal Zen.
Foto:CNA

Ele previu o fim da Igreja clandestina ou subterrânea no país asiático, como são conhecidos os católicos que permanecem fiéis à Santa Sé.Para o Cardeal Emérito, “A situação é muito ruim e a fonte disso não é o Papa que não sabe muito sobre a China”. 

“O Papa tem um carinho especial por mim”, disse o Cardeal Zen à CNA.

O Cardeal continuou com suas palavras e afirmou sobre o Cardeal Pietro Parolin Secretário de Estado do Vaticano: “estou lutando contra Parolin porque as coisas ruins vêm dele”.

Partido comunista

“Você não pode se comprometer” com o Partido Comunista Chinês porque eles são “perseguidores” da fé, continuou o Cardeal Zen:
“Eles querem a rendição total. Isso é comunismo”.

A entrevista – São Paulo de hoje

A entrevista do Cardeal Zen para a CNA foi realizada em 11 de fevereiro, durante sua visita ao Capitólio em Washington, quando reuniu-se com alguns congressistas no escritório do representante republicano de Nova Jersey, Chris Smith.

Smith disse à CNA que o Cardeal Zen é “um São Paulo do nosso tempo, pois ele não é apenas um santo e eficaz testemunho do Evangelho de Jesus Cristo, mas um homem de grande verdade sobre o que realmente está acontecendo na China”.

Controle de religiões na China

Durante a reunião, o Cardeal e os membros do Congresso dialogaram sobre o programa de “sinização” da prática religiosa da China e sobre os grandes esforços do governo para submeter e controlar as religiões no país.

Entre outras coisas, o Cardeal explicou aos legisladores que a celebração do Natal foi proibida na China, as bíblias foram reescritas por ordem das autoridades regionais e há uma queda nas vocações.

Em 2018, o Vaticano e a China assinaram um acordo para a eleição dos bispos.

Segundo o Cardeal, esperava-se que isso unificasse a Igreja no país, de modo que a Associação Católica Patriótica Chinesa, que está sob controle do governo, alcançasse a comunhão com a Santa Sé e se juntasse à Igreja clandestina ou subterrânea que sempre permaneceu fiel a Roma.

Violações de direitos humanos e situação da Igreja

As violações dos direitos humanos no país asiático se intensificaram em 2019 e a perseguição contra os católicos aumentou.
“A Igreja está sendo cada vez mais perseguida”, disse o Cardeal Zen.

A Igreja clandestina, ligada a Roma, lamentou, “está condenada a desaparecer”, porque os bispos mais idosos estão morrendo e não se nomeiam sucessores, o que significa que não estão sendo ordenados novos sacerdotes.

Quando os fiéis se aproximam dele para perguntar como pode agora ajudar a Igreja, o Cardeal assinalou à CNA que ele lhes diz que “não posso fazer nada. Não tenho voz no Vaticano. Simplesmente nada”.

“E a situação para a Igreja Católica é, humanamente falando, desesperadora”, disse o Cardeal Zen.

Situação dos católicos na China

Em abril de 2019, Pe. Bernardo Cervellera, especialista em Igreja Católica na China e editor da agência de notícias ‘Asia News’, informou que, “em muitas dioceses, a Associação Patriótica e o Departamento de Assuntos Religiosos continuam exigindo que todos os sacerdotes se inscrevam na associação e mantenham a ‘Igreja independente'”.

Na China, existe a Associação Católica Patriótica Chinesa, controlada pelo governo, e a Igreja clandestina ou subterrânea, que sempre permaneceu fiel à Santa Sé.

Na prática, afirma Pe. Cervellera, ao invés de “reconciliação” entre a Associação Patriótica e a Igreja clandestina ou subterrânea, com o acordo provisório entre a China e o Vaticano para a nomeação de bispos, “há uma grande pressão sobre a comunidade subterrânea com forte interferência na vida da Igreja”.

(ARM)

 

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