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Embora divididos entre si, os maus se unem contra o bem

Redação (Terça-feira, 22-10-2019, Gaudium Press) Pilatos não encontrou nenhum motivo para condenar Jesus. Tendo sido informado de que Nosso Senhor principiara sua ação na Galileia, o governador romano enviou-O a Herodes Antipas, que era o tetrarca da Galileia e da Pereia, “províncias nas quais Pilatos não tinha nenhuma jurisdição”.

Embora divididos entre si, os maus se unem contra o bem-Foto Wikipédia.jpg

Herodes e Pilatos se tornaram amigos

Herodes, que havia mandado decepar a cabeça de São João Batista e se encontrava em Jerusalém devido às solenidades pascais, fez muitas perguntas ao Redentor, porém Ele nada lhe respondeu.

 Jesus havia respondido ao medíocre Pilatos, aos infames sumo sacerdotes Anás e Caifás, mas não disse uma palavra ao ímpio Herodes. Eis uma lição para nós quanto ao trato com pessoas empedernidas no mal.

Então, Herodes mandou-O de volta ao governador romano. “Naquele dia, Herodes e Pilatos se tornaram amigos, pois antes eram inimigos” (Lc 23, 12).

Notamos aqui como os maus, embora divididos entre si por interesses conflitantes, se unem quando estão diante do bem. No mundo de hoje, vemos como há terríveis choques entre pessoas que desejam fazer o mal; entretanto, percebe-se que, de modo claro ou velado, elas se unem contra a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Outro exemplo de como os maus se conluiam contra o bem é a atitude tomada pelos judeus, logo depois, preferindo o homicida e ladrão Barrabás a Nosso Senhor.

Os sumos sacerdotes instigaram o povo

Na festa da Páscoa judaica, o governador romano costumava soltar um preso que o povo escolhesse. Naquela ocasião, havia um detento famoso, Barrabás, que chefiara uma rebelião e cometera um assassinato.

Pilatos, então, perguntou ao povo ali reunido: “Quem quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus? […] Os sumos sacerdotes e os anciãos, porém, instigaram as multidões para que pedissem Barrabás e fizessem Jesus morrer. […] Eles gritaram: ‘Barrabás!’. Pilatos perguntou: ‘Que farei com Jesus, que é chamado o Cristo?’ Todos gritaram: ‘Seja crucificado!’ […]

“Então [Pilatos] mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e disse: ‘Eu não sou responsável pelo sangue deste homem.

A responsabilidade é vossa.’

“O povo todo respondeu: ‘Que o sangue d’Ele recaia sobre nós e sobre nossos filhos.’ Então Pilatos soltou Barrabás, mandou açoitar Jesus e entregou-O para ser crucificado.” (Mt 27, 17-26).

A respeito do ódio desses ímpios contra o Divino Salvador, comenta Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Conspiraram contra Vós, Senhor, os vossos inimigos. Sem grande esforço, amotinaram o populacho ingrato, que agora ferve de ódio contra Vós.

O ódio. É o que de toda parte Vos circunda, Vos envolve como uma nuvem densa, se atira contra Vós como um escuro e frio vendaval.

“Ódio gratuito, ódio furioso, ódio implacável: ele não se sacia em Vos humilhar, em Vos saturar de opróbrios, em Vos encher de amargura; vossos inimigos Vos odeiam tanto que já não suportam vossa presença entre os viventes, e querem a vossa morte.

Querem que desapareçais para sempre, que emudeça a linguagem de vossos exemplos e a sabedoria de vossos ensinamentos.

Querem-Vos morto, aniquilado, destruído. Só assim terão aplacado o turbilhão de ódio que em seus corações se levanta. […]

“Tão forte foi o ódio que contra Vós se levantou, que a própria autoridade de Roma, que julgava o mundo inteiro, abateu-se acovardada, recuou e cedeu ante o ódio dos que sem causa alguma Vos queriam matar.

A altivez romana, vitoriosa no Reno, no Danúbio, no Nilo e no Mediterrâneo, afogou-se na bacia de Pilatos.”

O crime profissional mais monstruoso de toda a História

Analisando o infame Pilatos, que condenou Nosso Senhor à crucifixão, escreve Dr. Plinio:

“O juiz que cometeu o crime profissional mais monstruoso de toda a História, não foi a ele impelido pelo tumultuar de nenhuma paixão ardente.

Não o cegou o ódio ideológico, nem a ambição de novas riquezas, nem o desejo de comprazer a alguma Salomé.

“Moveu-o a condenar o Justo o receio de perder o cargo, parecendo pouco zeloso das prerrogativas de César; o medo de criar para si complicações políticas, desagradando ao populacho judeu; o medo instintivo de dizer ‘não’, de fazer o contrário do que se pede, de enfrentar o ambiente com atitudes e opiniões diferentes das que nele imperam.

“Vós, Senhor, o fitastes por longo tempo com aquele olhar que em um segundo operou a salvação de Pedro. Era um olhar em que transparecia vossa suprema perfeição moral, vossa infinita inocência, e, entretanto, ele Vos condenou.”

Agrediram Nosso Senhor por ódio a Deus

Nosso Senhor Jesus Cristo, considerado na sua humanidade santíssima, é a perfeição do gênero humano levada a um grau inconcebível por nós.

Assim, Ele deveria despertar em todas as pessoas atitudes de adoração, de veneração, de respeito, de fidelidade. Entretanto, esses ímpios “amarram-Lhe as mãos, atam-No a uma coluna e começam a fustigá-Lo por ódio a Deus.

“Poder-se-ia objetar: Mas eles não sabiam que Ele era o Homem-Deus, e até negavam isso. […] Eles viam aquela perfeição, que é uma com Deus, e tal perfeição eles odiaram. Portanto, agrediram Nosso Senhor por ódio a Deus.”

Roguemos à Santíssima Virgem a graça de amarmos ardentemente Nosso Senhor e de execrarmos aqueles que, em nossos dias, agridem a Igreja Católica Apostólica Romana, Esposa Mística de Cristo, procurando desfigurá-la.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 212)

 

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1- FILLION, Louis-Claude. La sainte Bible avec commentaires – Évangile selon S. Luc. Paris: Lethielleux. 1889, p. 383.
2- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. In PRECES PRO OPPORTUNITATE DICENDAE. São Paulo. Edições Loyola. 2016. 3. ed., 2016, p. 173-174.

3- Idem, ibidem, p. 203-204.
4- Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O Homem-Deus. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XIII, n.151 (outubro 2010), p. 24.
5- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O Homem-Deus – II. In revista Dr. Plinio, Ano XIII, n.152 (novembro 2010), p. 17.

 

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