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Secretário de Estado do Vaticano diz que Europa troca crucifixos por abóboras

Roma (Quinta, 05-11-2009, Gaudium Press) “Infelizmente, esta Europa do Terceiro Milênio nos deixa somente as abóboras e nos tira os símbolos mais queridos”, disse nesta quinta-feira o cardeal secretário de Estado do Vaticano, Tarciso Bertone, sobre a recente e polêmica decisão da Corte Europeia de Direitos Humanos de Estrasburgo de que crucifixos fossem retirados de todas as escolas da Itália. Ao citar as abóboras, cardeal Bertone fez uma alusão ao símbolo da festa do Halloween.

“É uma verdadeira perda. A nossa reação não pode ser outra senão deplorar [essa medida]. “Devemos procurar com todas as forças conservar os sinais da nossa fé para quem crê e para quem não crê”, acrescentou o cardeal.

A afirmação do secretário de Estado foi feita após a apresentação de um concerto em Roma. Políticos italianos e juristas também se opõem fortemente à decisão do tribunal europeu.

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, também é contrário à decisão. “Para nós é uma sentença absolutamente inaceitável”, disse o premiê. Porque a “Itália é um país no qual o cristianismo é a sua própria história”, disse hoje Berlusconi.

Segundo Umberto Bossi, líder do partido italiano “Liga”, a cruz não somente não deveria ser proibida, como também deveria ser exposta em todos os lugares públicos. Para ele, a sentença da Corte de Estrasburgo é “um lixo”.

O caso

Na última terça-feira, em comunicado, a Corte Europeia disse “que a presença de crucifixos em escolas poderia ser interpretada por alunos de todas as idades como um sinal religioso; eles sentiriam como se estivessem sendo educados em um ambiente escolar que carrega a marca de determinada religião”. A sentença da corte foi favorável à reivindicação da italiana Soile Lautsi, que pediu ao colégio de seus filhos que retirasse o crucifixo das salas de aula ao alegar que a representação feria o princípio de laicismo.

Antes de chegar a Estrasburgo, o caso passou pelo Tribunal Constitucional italiano, por um tribunal administrativo do país e pelo Conselho de Estado da Itália, que rejeitaram a reivindicação.

A Corte Europeia avaliou que a exposição de símbolos católicos configurava uma “violação [dos direitos] dos pais de educar seus filhos segundo suas próprias convicções” e uma “violação da liberdade de religião dos alunos”. Segundo o Tribunal europeu, a presença do símbolo poderia “causar desconforto para alunos praticantes de outras religiões ou ateus”.

Ontem, o Vaticano já havia se manifestado duramente contra a medida por meio de seu porta-voz, padre Federico Lombardi, que disse que a sentença era “míope e absurda”.

Os ministros da Educação e das Relações Exteriores da Itália também criticaram a decisão, lembrando que o crucifixo é um símbolo da tradição e está ligado à história do país, como o próprio cristianismo.

O governo italiano informou que vai recorrer por meio do magistrado Nicola Lettieri, que defende o país ante a Corte Europeia de Direitos Humanos.

 

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