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Proposições dos Padres sinodais mostram necessidades da sociedade africana

Cidade do Vaticano (Segunda, 26-10-2009, Gaudium Press) A África espera por um novo renascimento depois da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos. As 57 proposições, todas votadas positivamente pelos padres sinodais, pedem por decisões concretas que ajudarão a realizar mudanças em todo o continente. No documento, se expressa o desejo de luta contra a pobreza, de um acesso mais amplo a medicamentos, além da paz para todos os conflitos.

As “Proposições” começam com um pedido ao Santo Padre, o de “oferecer um documento sobre a Igreja na África a serviço da reconciliação, da justiça e da paz”. O Elenco contém três partes, intituladas em latim “Ecclesia in Synodo”, “Synodalia themata”, e “Promotores”.

Enquanto a I Assembleia Especial para a África foi chamada ‘sínodo da ressurreição e da esperança’, a que acabou de se concluir foi definida como “um novo Pentecostes” que exprime esperança de renascimento do continente africano.

A primeira parte, que contém três Proposições gerais, fala sobre a Igreja católica. A segunda contém proposições sobre questões do tema da II Assembléia: reconciliação, justiça e paz. “A reconciliação supera as crises, restitui dignidade ao povo e abre o caminho para o desenvolvimento e a duração da paz no povo em todos os níveis.” Os Padres sinodais veem a necessidade do diálogo ecumênico com as outras Igrejas cristãs presentes no continente africano e além disso também recomendam um diálogo inter-religioso, particularmente com o Islã.

No documento, pede-se por “respeito pelos direitos humanos através da educação cívica e da construção de uma cultura de justiça e de paz”. Aos governos africanos, os padres sinodais pedem que “sejam mais prudentes no acesso aos subsídios e empréstimos, de modo que não estimulem seu povo a contrair mais dívidas.”

A Proposição 20 sustenta sua oposição à promoção do aborto. “De acordo com os ensinamentos da igreja, – explica a proposição – o aborto é contrário à vontade de Deus. Além disso,  está em contradição com os direitos humanos e com o direito à vida. Banaliza a seriedade do crime do aborto e desvaloriza o papel da maternidade. A Igreja condena esta posição sobre o aborto, proclamando que, por valor e dignidade, a vida humana seja protegida desde a concepção até a morte natural.”

Os padres sinodais reforçam ainda seus apelos pela proteção do meio ambiente, na Proposição 22, e na Proposição 29, pelos recursos naturais. “Deve-se educar as pessoas sobre como usar o meio ambiente, além de adotar políticas e regulamentos legalmente vinculantes para a proteção do meio ambiente e para produzir fontes de energia alternativas e renováveis”. É preciso que haja um uso apropriado dos recursos naturais, da água, pedem os bispos.

Os padres sinodais também convidam “os governos africanos e as agências intermediárias a uma maior responsabilidade e a uma administração transparente da solidariedade internacional, no interesse do bem comum, conforme consta da Proposição 31, “A globalização e a ajuda internacional”.

Ainda segundo os padres sinodais, nos países africanos falta o respeito pelos princípios da democracia: igualdade entre as pessoas, soberania dos povos e respeito pela aplicação da lei, eleições livres, imparciais e transparentes. Deve-se proteger também a liberdade religiosa e a liberdade de culto, eliminando todas as formas de intolerância, perseguição e fundamentalismo religioso. A Igreja quer promover uma boa governança com uma formação espiritual, doutrinal, pastoral e prática dos políticos, que se realizará com capelanias nos governos.

A terceira parte do documento fala sobre os desafios da Igreja nos diversos campos: leigos, famílias, padres, seminaristas, diáconos permanentes, religiosas; além dos jovens, as crianças, pessoas deficientes, doentes. Aqui os Padres sinodais abordam a Aids e pedem a abolição da pena de morte.

Sobre os jovens, afirmam que são “um dom e uma riqueza, a esperança do continente”. Eles ressaltam ainda que a Igreja continuará a ajudar as pessoas que são dependentes de drogas. Sobre as crianças, os padres sinodais lembram as categorias que são “sujeitas a tratamentos intoleráveis”: órfãos, albinos, meninos de rua, crianças abandonadas, crianças-soldado, crianças prisioneiras, crianças operárias, crianças com deficiências físicas ou mentais, crianças acusadas de bruxaria, crianças vendidas como escravas do sexo, crianças traumatizadas e sem nenhuma orientação cristã ou perspectiva humana.

Com relação ao vírus HIV, disseram: “A AIDS é uma pandemia, que, junto à malária e à tuberculose, está dizimando a população africana e danificando fortemente a sua vida econômica e social”. Mas, de acordo com os Padres sinodais, a AIDS não é somente um problema médico. Os doentes de AIDS na África são vítimas de injustiças porque não recebem a mesma qualidade de tratamento de outros países, denunciam os religiosos. A malária, no entanto, permanece sendo ainda a maior causa de mortalidade no continente africano e suas ilhas, contribuindo para o agravamento da pobreza.

A Proposição 55 invoca a total abolição da pena de morte. “Às vezes, a pena de morte é usada para eliminar os opositores políticos. Além disso, as pessoas pobres que não podem se defender sozinhas são mais facilmente sujeitas a esta pena definitiva e inapelável”, dizem os padres sinodais.

As 57 Proposições foram preparadas para ajudar o Santo Padre a escrever a Exortação Pós-Sinodal. O Papa Bento XVI participou de quase todas as 20 congregações gerais e teve conhecimento pessoal de todos os temas abordados.

 

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