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Padres sinodais preparam documento que será entregue ao Papa

São Paulo (Quinta, 22-10-2009, Gaudium Press) Os cerca de 200 padres sinodais reunidos desde o último dia 4 de outubro no Vaticano na II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, entram, depois de muita discussão, na reta final dos trabalhos. Nesta semana, os bispos estão concentrados na elaboração de um documento que será entregue ao Papa Bento XVI no próximo sábado.

Neste documento os bispos colocam vários temas importantes como o diálogo inter-religioso, em especial com o Islã, a tutela do ambiente, a necessidade de democracia em toda a África e uma atenção especial ao fenômeno migratório.

Depois que o documento for analisado pelo Santo Padre, será elaborada uma exortação apostólica. Um dos temas que está sendo cuidadosamente discutido e que foi um dos principais temas deste sínodo é a paz e reconciliação. Por isso, os participantes do encontro pedem a criação de um tratado internacional sobre o tráfico de armas e para os países mais pobres e endividados, o perdão se suas dívidas junto aos credores.

Os padres também reafirmaram que a liberdade religiosa é um direito fundamental que deve ser protegido e reconhecido e pedem que as igrejas e as propriedades eclesiásticas confiscadas sejam restituídas e que se diga “não” ao fundamentalismo.

O documento – que ainda é provisório – volta sua atenção para a defesa da família que, segundo os padres sinodais, “muitas vezes é atingida pela banalização do aborto e pelo desprezo à maternidade e nesse âmbito se pensa na criação de uma federação pan-africana das famílias católicas”.

O texto será posteriormente revisto, submetido ao voto da Assembléia e depois apresentado, oficialmente, na próxima sexta-feira. No Esboço, os padres sinodais abordaram a importância da paz e da justiça na família, a necessidade de tutelar as crianças e o ambiente, de desenvolver a comunicação social da Igreja e de mudar os princípios que regulam as finanças mundiais.

O documento fala, ainda, da necessidade de formação cultural dos fiéis leigos e apoio e programas voltados aos jovens africanos, sobre os migrantes africanos no mundo, a pobreza, a pandemia da Aids e a importância do diálogo interreligioso e ecumênico.

Quando o Papa Bento XVI convocou a Assembleia Especial para a África tinha a “esperança de que a reunião representasse um impulso no continente africano para a evangelização, a consolidação e o crescimento da Igreja, bem como a promoção da reconciliação e da paz”.

O Sínodo e a África

O primeiro sínodo para a África aconteceu no Vaticano entre os dias 10 de abril a 8 de maio de 1994 e o tema principal foi “A Igreja na África e a sua função evangelizadora face ao ano 2000”. As conclusões deste encontro foram acolhidas pelo Papa João Paulo II, que posteriormente publicou a exortação apostólica “Ecclesia in Africa”.

Entre o primeiro e o segundo Sínodo se criou uma nova dinâmica na Igreja Católica Africana. E entre estas mudanças está o seu crescimento conforme mostram os números divulgados pela Conferência Episcopal Africana.

Entre os anos de 1994 e 2009 a população na África saltou de 705 milhões para 943 milhões. Consequentemente, o número de católicos também cresceu, saindo da casa dos 102 milhões para 164 milhões de pessoas.

Foram criadas 3.600 paróquias no continente e o número de sacerdotes passou de 23.900 para 34.600. Em 1994, eram 12 cardeais, 88 arcebispos, 15 arcebispos religiosos, 277 bispos diocesanos, 117 bispos religiosos. Passados 15 anos, o número saltou para 14 cardeais, 99 arcebispos, 25 arcebispos religiosos, 394 bispos diocesanos e 155 bispos religiosos.

E os resultados do primeiro Sínodo deram ainda mais saldos positivos para o continente africano. Naquela época haviam sido ordenados 1.125 novos padres e até o final de 2008 haviam recebido as ordens presbiterais, 1.606 padres. Este crescimento se deve à criação de 97 novos seminários saltando de 546 em 1994 para 643 em 2008.

O que chamou muito a atenção foi o aumento no número de batismos. Em 1994, receberam o sacramento pouco mais de 3 milhões de pessoas em todo o continente; no ano passado este número saltou para 3,5 milhões.

Estas estatísticas mostram o crescimento da Igreja na África após a realização do Sínodo em 1994, que foi considerado como a principal causa deste importante impulso. E com este crescimento também aumentou o número de dioceses. Foram criadas 80 novas cúrias até o início deste II Sínodo, além de cinco prefeituras apostólicas.

O II Sínodo para a África segue os passos do primeiro e acontece a partir de sua lógica e pensamento. Nestes 15 anos o continente cresceu apesar das guerras e dos conflitos, mas graças à realização da Assembleia dos Bispos Africanos se criou uma atmosfera de evangelização com a missão de edificar as famílias para que se tornassem igrejas domésticas.

Nesta segunda Assembleia os bispos foram chamados a comprometer a Igreja e a sociedade africana no caminho do perdão, da reconciliação e da paz.

 

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