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ChatGPT: Progresso ou regresso?

Um aparelho que elabora seu discurso em segundos; um chip que fabrica artigos sem esforço; um software que, posto a serviço dos estudantes, lhes granjeia excelentes trabalhos. Maravilhas do progresso!… Será isto mesmo assim?

Foto: alex-shuper/ unsplash

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Redação (08/02/2023 09:56, Gaudium Press) Certamente, já deve ser do conhecimento do leitor o último investimento bilionário da Microsoft no recente – e já tão famoso – ChatGPT. Baseado no sistema de IA (inteligência artificial) este revolucionário artifício tem se revelado capaz de solucionar um problema comum a inúmeros homens e mulheres cada vez mais sufocados de atividades e carentes de tempo. O ChatGPT está desenvolvido para, com base em um gigantesco banco de dados, construir respostas rápidas para as mais diversas circunstâncias, desde um diálogo com seu dono, passando pela elaboração de discursos inteiros, redações, até chegar a resolver difíceis questionários de Universidade.

Quiçá para a surpresa de muitos, seu lançamento esteve longe de ser bem acolhido em todas as partes. Em muitos lugares, o aparecimento do dispositivo inovador levanta não poucos temores.

Afinal, progresso de quê?

Pareceria difícil justificar esses temores quando todos nós já estamos mais que habituados à inovação. Criticar o ChatGPT não soa como uma crítica ao progresso?

Ao que tudo indica, não.

Em primeiro lugar, é mister delinear bem de que progresso falamos. Se se trata do avanço da IA, então sim, ChatGPT se revela como um indiscutível avanço. Contudo, tratando-se de analisar o progresso da humanidade, o gráfico parece se inverter.

Acaso é um progresso para o ser humano tornar-se a tal ponto dependente da máquina que, sem ela, faz-se incapaz de redigir um simples texto? Acaso entendemos como progresso a preguiça mental que inevitavelmente decorre do desuso destas faculdades, sob o pretexto de acompanhar os ventos da inovação?

Há, todavia, razões ainda mais profundas.

“Como não ver no Chat GPT a igualização do pensamento?”

Ao adotar o uso de um programa como o GPT, estamos nos expondo a sermos vítimas de uma tirania muito mais despótica que a de regimes totalitários.

Desde há muito que o homem vem lutando por afirmar-se enquanto ser livre, independente, capaz de escolher e tomar decisões por si mesmo.

Ora, tudo isso não pode cair por terra com o aparecimento de uma IA como a do ChatGPT?

Não sejamos ingênuos. Uma inteligência artificial não é capaz de criar nada de novo. As máquinas, ainda que com uma eficácia e velocidade que deixem pasmos muitos gênios, apenas podem reproduzir, processar e pesquisar informações nelas armazenadas.

Ora, o texto, como uma obra de arte, é expressão da personalidade de seu próprio autor. As premissas ali contidas foram escolhidas pelo autor. O desenvolvimento da ideia é desenvolvimento do autor. A conclusão é do autor…

Então, como não ver no ChatGPT a igualização do pensamento humano? No fundo, a “escravidão” a que estará sujeito um usuário do GPT não será a uma máquina, mas sim a seu programador. Se tudo correr por essa via, em breve, estaremos diante de um domínio oligárquico e totalitário como nunca a História presenciou.

E para os católicos, os inconvenientes deste novo aparecimento são ainda mais alarmantes.

Que crença o ChatGPT professa? O que dirá ele dos Mandamentos? Se esses serão os instrumentos que educarão os nossos filhos, que ideias, que doutrinas comunicarão a eles?

Essas e muitas outras perguntas devem, pois, reger nossa escolha em adotar ou não uma inovação como a do ChatGPT. Afinal, de que adiantaria assumir a dianteira de um presumível progresso, se este nos afasta de nossa própria humanidade?

Por Aloísio de Carvalho

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