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São Gregório VII, o maior Papa da História

Entre os muitos pontífices santos, destacou-se um que batalhou heroicamente contra inimigos da Igreja espalhados por todo o mundo, e atingiu tal santidade que se tornou o maior Papa da História: São Gregório VII, cuja memória a Igreja celebra no dia 25 de maio.

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Redação (04/11/2022 09:43, Gaudium Press) Filho de um carpinteiro, nasceu ele numa cidadezinha da Toscana, Itália central, em 1020, recebendo o nome de Hildebrando. Foi educado num mosteiro situado no Monte Aventino, em Roma, cujo abade era seu tio.

Tendo sido ordenado sacerdote, o Papa Gregório VI nomeou-o capelão de seu palácio. Após o falecimento desse pontífice, em 1046, Hildebrando, grande admirador de Santo Odilon, tornou-se monge no Mosteiro de Cluny.

São Leão IX – pontífice de 1049 a 1054 –, conhecedor das virtudes de Hildebrando, chamou-o para a Cidade Eterna e nomeou-o Administrador da diocese romana. Era um cargo pesado a carregar, pois em Roma grande parte do clero estava corrompida pela simonia e sensualidade.

Tal era a retidão, sagacidade e fortaleza de Hildebrando que sete papas o escolheram como conselheiro: Gregório VI, Clemente II, São Leão IX, Vitor II, Estevão X, Nicolau II e Alexandre II.

Em 1056, morreu o Imperador Henrique III, deixando a regência a sua frágil esposa Agnes; o príncipe herdeiro – Henrique IV – contava apenas seis anos de idade.

Estevão X faleceu em 1058. Hildebrando trabalhou pela eleição de Nicolau II e o convenceu a lançar um decreto condenando os potentados que nomeavam indivíduos para ocuparem cargos na Igreja.

A corte imperial, dominada por conselheiros ímpios, muitos deles bispos, revoltou-se contra esse decreto pois ela pretendia eleger bispos, abades e até mesmo o Papa.

Ora, o Pontífice não está sujeito a nenhum outro poder, como afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“A soberania [do Papa] é tão unida à chefia da Igreja como a claridade à luz. Porém, ela é ainda um imperativo inelutável da universalidade da Igreja. De fato, se a Igreja é universal, e se o supremo ministério do Papado é também universal, como pode estar o Papa sujeito às injunções de governos, de partidos, de facções?”[1]

Santo Altmann batalhou contra o clero corrompido

Em outubro de 1061, os prelados germanos e lombardos elegeram um antipapa chamado Cadalous; a Imperatriz Agnes e seu filho Henrique IV entregaram-lhe as insígnias pontifícias.  Posteriormente, Agnes se arrependeu desse hediondo pecado, apoiou com denodo São Gregório VII e se tornou religiosa.

O antipapa reuniu um exército e invadiu Roma, em junho de 1063. O povo reagiu contra Cadalous, fazendo com que seus soldados fugissem, mas o filho do prefeito o acolheu no Castelo Santo Anjo. Por fim, os católicos fiéis expulsaram o infame Cadalous e Alexandre II foi reconhecido como verdadeiro Papa.

Tendo falecido Alexandre II em abril de 1073, o clero e o povo romanos aclamaram Hildebrando como novo papa, o que foi confirmado por todos os cardeais e bispos.

Escolhendo o título de Gregório VII, convocou um concílio em Roma e escreveu aos bispos conclamando-os:

“Todo cavaleiro que abandona seu senhor no dia do combate incorre na degradação. Mostrai que sois verdadeiros soldados de Jesus Cristo, vindo vos reunir sob seus estandartes, lutar a seu lado e merecer com honra a vitória e as recompensas que lhe seguem”.[2]

Um herói que batalhou contra o clero corrompido foi Santo Altmann, Bispo de Passau, na Baviera – Sul da Alemanha.

Em dezembro de 1074, na catedral repleta de fiéis Santo Altmann anatematizou os clérigos sensuais e simoníacos. Um grupo de ímpios se precipitou sobre ele e o teriam assassinado se alguns nobres de valor não o defendessem, expondo suas próprias vidas.

O Santo foi expulso de sua diocese por Henrique IV e morreu exilado num mosteiro de uma cidade da atual Áustria, em 1091. Sua memória é celebrada em 8 de agosto.

Condessa Matilde dedicou a vida em defesa da Igreja

Henrique IV, já imperador, reuniu em janeiro de 1076, na cidade de Worms – Sudoeste da Alemanha –, uma dieta da qual participaram bispos da Germânia e da Lombardia.  Eles se rebelaram contra o Papa e, entre outras infâmias, acusaram-no de manter relações desonestas com a Condessa Matilde.

A sentença dessa assembleia, comunicada a São Gregório VII pelo próprio Henrique IV, dizia que o Papa estava deposto “como herético, feiticeiro, adúltero, bajulador do populacho, usurpador do Império, besta feroz e sanguinário”.[3]

A Condessa Matilde era uma dama de pureza ilibada que dedicou sua vida em defesa da Igreja, inclusive pela força das armas, como o faria alguns séculos depois a virginal Santa Joana d’Arc.

Filha da Marquesa Beatriz, ela herdou grandes extensões de terras na Toscana e Lombardia – Centro e Norte da Itália –, com castelos, abadias, igrejas. Casou-se com Godofredo III, Duque da Baixa Lorena – que abrangia partes das atuais Bélgica, Holanda, Alemanha e França –, tio de Godofredo de Bouillon, o grande herói da Primeira Cruzada.

São Gregório VII excomungou todos os participantes da nefanda assembleia de Worms, depôs o imperador e declarou que seus súditos estavam desligados do juramento de fidelidade.

Muitos bispos e padres da Lombardia eram simoníacos e viviam com suas mulheres. O Papa escreveu a todos os prelados dessa região da Itália, ordenando-lhes que lutassem contra a devassidão:

“Maldito seja aquele que embainha sua espada por medo de tingi-la de sangue (cf. Jr 48, 10), isto é, quem não ousa fazer ressoar o relâmpago da palavra evangélica aos ouvidos dos homens carnais.

“Eu emprego essa linguagem porque no meio dos crimes que pululam sobre a Terra, encontram-se na Lombardia ministros de Satanás, precursores do Anticristo”.[4]

Pavorosa morte do Bispo de Utrecht

Em fevereiro de 1076, São Gregório reuniu em Roma um concílio do qual participaram 110 bispos, vários abades e pessoas de alta nobreza, entre as quais a Imperatriz Agnes, a Marquesa Beatriz e sua filha Condessa Matilde.

Enviados por Henrique IV, dois embaixadores penetraram na sala conciliar e entregaram uma carta desse ímpio, declarando que São Gregório não era Papa, mas um falso monge.

A rogos de todos os participantes do concílio, São Gregório excomungou Henrique IV, que recebeu essa notícia quando se encontrava em Utrecht, atual Holanda.

O bispo dessa cidade convocou o povo para uma assembleia numa igreja e, do alto do ambão, começou a berrar as mais nefandas injúrias contra o Santo Pontífice. Em certo momento, sentiu-se mal e foi levado à sua residência, em meio a terríveis convulsões.

Sentindo a chegada da morte, vendo ao lado um dos servidores de Henrique VI, gritou:

“Ide dizer ao vosso mestre que ele, eu e todos seus fautores somos condenados para sempre. Vejo os demônios que circundam meu leito, prestes a levar minha alma”.[5]

E assim esse ímpio expirou. Não se ousou dar-lhe sepultura eclesiástica.

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O Legionário. São Paulo.15-8-1943.

[2] DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1875, v. XXI, p. 613.

[3] DICTIONNAIRE DE THÉOLOGIE CATHOLIQUE. Paris: Letouzey et Ané. 1914, v. 6-II, coluna 1796.

[4] DARRAS, op. cit., v. XXI, p. 582.

[5] Idem, v. XXII, p. 102.

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