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Rute, antepassada de Nosso Senhor

Redação – (Quinta-feira, 10/09/2015, Gaudium Press) – São Mateus inicia seu Evangelho com a genealogia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em certo trecho, afirma: “Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi”. (Mt 1, 5-6).

Família israelita emigra para as terras de Moab

Quem foi Rute?

A respeito dela, bem como de Booz, seu esposo, há um Livro do Antigo Testamento – o “Livro de Rute”-, que apresenta um “delicioso quadro de família, que produz com a história agitada dos Juízes o mais marcante contraste […] Ele completa a história dos Juízes. Sem ele, não teríamos conhecido a época dos Juízes senão de um modo muito imperfeito e somente por fora […] Este pequeno Livro nos revela a vida íntima dos piedosos israelitas de então”.[1]

Em determinada fase da época dos Juízes, a fome começou a grassar no país de Judá. Então, um israelita residente em Belém – também chamada Éfrata – emigrou para as terras de Moab, levando sua mulher, Noemi, e dois filhos.

Ao longo dos dez anos em que residiram em Moab, faleceu o pai e os filhos tinham se casado com mulheres moabitas, uma das quais se chamava Rute; morreram também os dois filhos de Noemi, sem deixar descendentes.

Conversão de Rute

Sabendo que a fome havia cessado em Judá, Noemi resolveu voltar para Belém, e pediu que as noras regressassem para as casas de seus respectivos pais. Uma delas de fato foi para a família de seus progenitores e, portanto, voltou a cultuar os ídolos de Moab[2].

Entretanto, Rute, que muito estimava a Noemi, disse-lhe: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1, 16). “Resposta sublime, que exprime a união mais perfeita […] Doravante ela é israelita de coração e adoradora de Jeová pela fé.”[3]

Percebe-se que Noemi era virtuosa e, por seu trato cheio de bondade, converteu Rute do paganismo para o verdadeiro Deus. Abandonando a terra de Moab, Rute acompanhou sua sogra.

“Uma mulher de valor”

Ambas chegam a Belém. Noemi se encontrava numa situação de penúria, mas tinha um parente muito rico, chamado Booz, que possuía plantações de cevada e grande quantidade de servos. Instruída por Noemi, Rute foi até a lavoura de Booz a fim de recolher as espigas que sobravam, para a alimentação de sua sogra e dela. Era um direito que ela possuía, consignado no Deuteronômio.

“A lei do Deuteronômio [cf. Dt 24, 19-21] é tão humana, ou melhor, tão divina com os pobres, que manda aos colhedores não se voltarem para recolher as espigas que ficaram para trás, mas as deixem para os pobres.”[4]

Todos os servos que trabalhavam nos campos de Booz perceberam que Rute era “uma mulher de valor” (Rt 3, 11). E Booz, ao vê-la fazer esse trabalho com tanta humildade e dedicação, tratou-a com respeito e bondade e notou que ela era “mulher de grande virtude”.[5]

Simbolismo do casamento de Booz com Rute

Booz, que já estava em idade madura, casou-se com a jovem Rute e, “com a graça do Senhor” (Rt 4, 13), ela deu à luz um filho que recebeu o nome de Obed, o qual “foi o pai de Jessé, que foi pai de Davi” (Rt 4, 17). Portanto, Rute foi bisavó do rei Davi.

Afirma Fillion[6] que a intenção do inspirador do escritor do Livro de Rute, ou seja, o Espírito Santo, foi sobretudo de fixar, para esse período histórico, a lista dos ancestrais do Messias.

Segundo Orígenes (185-253), “a união de Booz e Rute simboliza a dos israelitas com os gentios no seio da Igreja de Cristo”.[7]

Que em nossos corações esteja gravada de modo indelével esta verdade: se Noemi foi bondosa para com Rute, Maria Santíssima o é insondavelmente mais para cada um de nós. Como diz uma das invocações da Ladainha do Imaculado Coração de Maria, Ela é “um oceano de bondade”.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (45))

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II ,
p. 195-196.
2 – FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las
lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p.287.
3 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II ,
p. 199.
4 – FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las
lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p.288.
5 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.98.
6 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923,
v.II , p. 195.
7 – Apud FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané.
1923, v.II , p. 196.
[1] FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 195-196.
[2] FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p.287.
[3] FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 199.
[4] FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p.288.
[5] SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.98.
[6] Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 195.
[7] Apud FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 196.

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