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Rute, antepassada de Nosso Senhor

Redação – (Quarta-feira, 16/09/20015, Gaudium Press) – São Mateus inicia seu Evangelho com a genealogia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em certo trecho, afirma: “Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi”. (Mt 1, 5-6).

Família israelita emigra para as terras de Moab

Quem foi Rute?

A respeito dela, bem como de Booz, seu esposo, há um Livro do Antigo Testamento – o “Livro de Rute”-, que apresenta um “delicioso quadro de família, que produz com a história agitada dos Juízes o mais marcante contraste […] Ele completa a história dos Juízes. Sem ele, não teríamos conhecido a época dos Juízes senão de um modo muito imperfeito e somente por fora […] Este pequeno Livro nos revela a vida íntima dos piedosos israelitas de então”.

Em determinada fase da época dos Juízes, a fome começou a grassar no país de Judá. Então, um israelita residente em Belém – também chamada Éfrata – emigrou para as terras de Moab, levando sua mulher, Noemi, e dois filhos.

Ao longo dos dez anos em que residiram em Moab, faleceu o pai e os filhos tinham se casado com mulheres moabitas, uma das quais se chamava Rute; morreram também os dois filhos de Noemi, sem deixar descendentes.

Conversão de Rute

Sabendo que a fome havia cessado em Judá, Noemi resolveu voltar para Belém, e pediu que as noras regressassem para as casas de seus respectivos pais. Uma delas de fato foi para a família de seus progenitores e, portanto, voltou a cultuar os ídolos de Moab.

Entretanto, Rute, que muito estimava a Noemi, disse-lhe: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1, 16). “Resposta sublime, que exprime a união mais perfeita […] Doravante ela é israelita de coração e adoradora de Jeová pela fé.”

Percebe-se que Noemi era virtuosa e, por seu trato cheio de bondade, converteu Rute do paganismo para o verdadeiro Deus. Abandonando a terra de Moab, Rute acompanhou sua sogra.

“Uma mulher de valor”

Ambas chegam a Belém. Noemi se encontrava numa situação de penúria, mas tinha um parente muito rico, chamado Booz, que possuía plantações de cevada e grande quantidade de servos. Instruída por Noemi, Rute foi até a lavoura de Booz a fim de recolher as espigas que sobravam, para a alimentação de sua sogra e dela. Era um direito que ela possuía, consignado no Deuteronômio.

“A lei do Deuteronômio [cf. Dt 24, 19-21] é tão humana, ou melhor, tão divina com os pobres, que manda aos colhedores não se voltarem para recolher as espigas que ficaram para trás, mas as deixem para os pobres.”

Todos os servos que trabalhavam nos campos de Booz perceberam que Rute era “uma mulher de valor” (Rt 3, 11). E Booz, ao vê-la fazer esse trabalho com tanta humildade e dedicação, tratou-a com respeito e bondade e notou que ela era “mulher de grande virtude”.

Simbolismo do casamento de Booz com Rute

Booz, que já estava em idade madura, casou-se com a jovem Rute e, “com a graça do Senhor” (Rt 4, 13), ela deu à luz um filho que recebeu o nome de Obed, o qual “foi o pai de Jessé, que foi pai de Davi” (Rt 4, 17). Portanto, Rute foi bisavó do rei Davi.

Afirma Fillion que a intenção do inspirador do escritor do Livro de Rute, ou seja, o Espírito Santo, foi sobretudo de fixar, para esse período histórico, a lista dos ancestrais do Messias.

Segundo Orígenes (185-253), “a união de Booz e Rute simboliza a dos israelitas com os gentios no seio da Igreja de Cristo”.

Que em nossos corações esteja gravada de modo indelével esta verdade: se Noemi foi bondosa para com Rute, Maria Santíssima o é insondavelmente mais para cada um de nós. Como diz uma das invocações da Ladainha do Imaculado Coração de Maria, Ela é “um oceano de bondade”.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (45))
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1 FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II ,p. 195-196.

2 FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p.287.

3 FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II p. 199.

4 FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las lenguas originales. 11.ed. Madrid: BAC. 1961, p.288.

5 SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.98.

6 Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 195.

7 Apud FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.II , p. 196.

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