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São Bernardino de Siena: olhar de fogo, grandeza e seriedade

Um dos maiores batalhadores contra a decadência moral e religiosa produzida pelo Renascimento foi São Bernardino de Siena, que percorreu a pé a Itália fazendo pregações.

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Redação (11/12/2024 18:30, Gaudium PressBernardino nasceu no ano 1380, em Massa, Centro Oeste da Itália. Seu pai era governador dessa cidade e pertencia a uma das mais ilustres famílias de Siena.

Aos sete anos de idade, tendo ficado órfão de pai e mãe, foi conduzido por uma tia piedosa a Siena, onde recebeu aulas dos melhores mestres.

Grande devoto de Nossa Senhora, desde a adolescência jejuava todos os sábados em sua honra e manteve essa penitência durante a vida inteira.

Muito bem apessoado e de bela fisionomia, brilhava pela sua pureza mantida com firmeza e combatividade.

Certo dia, caminhando por uma praça de Siena, um dos principais habitantes da cidade fez-lhe uma proposta indecente. Bernardino desferiu-lhe possante murro no queixo, e as pessoas ali presentes vaiaram o indivíduo que fugiu.

Em outra ocasião, um depravado convidou-o a um pecado hediondo, e foi repelido com horror. Tendo o fato se repetido, o Santo pediu a católicos fervorosos que se munissem de pedras para expulsar o devasso.

Quando apareceu novamente, os bons investiram contra ele o qual começou a correr apavorado. Em feroz gritaria e jogando pedras, perseguiram-no através de ruas e praças, mas ele conseguiu fugir.

“Será um homem ilustre em toda a Itália”

Tornou-se franciscano e recebeu a ordenação sacerdotal. Pouco depois, foi assistir uma conferência de São Vicente Ferrer o qual, em certo momento, afirmou:

“Ó meus filhos, está nesta reunião um religioso da Ordem dos Frades Menores, que, em breve, será um homem ilustre em toda a Itália; sua palavra e seus exemplos hão de produzir grandes frutos entre o povo cristão”.[1]

Castigo de um jovem que zombou do Santo

Permaneceu em Siena durante 14 anos. Depois, percorreu a pé toda a Itália, fazendo pregações. Suas palavras eram como tochas de fogo que fortaleciam os fervorosos, convertiam os tíbios e fulminavam os obstinados no mal.

Perúgia – capital da Úmbria, na Itália central – estava conturbada por conflitos armados entre guelfos e gibelinos. São Bernardino para lá se dirigiu e declarou que Deus o enviara como seu Anjo.

Fez quatro discursos conclamando o povo para a concórdia. No último deles, realizado numa praça, pediu aos desejosos da paz que se colocassem à sua direita; e aos que não a queriam à sua esquerda.

Todos se puseram à sua destra, exceto um jovem nobre que ficou em seu lugar murmurando contra o Santo.

Este afirmou: Da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo, rogo-te perdoar os que te ofenderam e desejar a paz. Do contrário, não entrarás vivo em tua casa.

Zombando das palavras do homem de Deus, o jovem tomou o caminho de volta à sua residência e, ao pisar na soleira da porta, caiu morto…

Vitória esmagadora diante do Papa

Foi grande propagador da devoção ao Santo Nome de Jesus. Nas cidades onde pregava, as pessoas retiravam das fachadas de suas casas os símbolos dos guelfos ou gibelinos e os substituíam pela palavra “Jesus”.

Em 1427, alguns clérigos espalham a calúnia de que ele se opunha à Doutrina Católica, pela sua forma de invocar o Nome de Jesus. Um agostiniano escreveu uma obra acusando-o de idólatra porque incentivava o povo a venerar mais as letras do que o próprio Jesus…Assim, ele fomentava uma nova heresia.

Tendo eles pedido ao papa que o condenasse, Martinho V convocou-o para ir a Roma a fim de explicar-se diante da Corte Pontifícia. Ele para lá se dirigiu acompanhado por São João de Capistrano, que fora seu discípulo e se tornara grande pregador.

Tendo sido organizado um debate entre os defensores do Santo e seus opositores, a vitória do homem de Deus foi esmagadora.

Martinho V rogou-lhe fazer pregações na Cidade Eterna, encerrando-as com solene procissão em honra do Santíssimo Nome de Jesus. Quis nomeá-lo Bispo de Siena, mas ele não aceitou.

Posteriormente, a Igreja instituiu a festa do Santíssimo Nome de Jesus, celebrada em 3 de janeiro.

Ameaçado de morte pelo Duque de Milão

Reiniciou suas viagens e, em Milão, celebrou Missa na catedral que estava repleta, com a presença do Duque Filipe-Maria Visconti, governador da cidade.

Visconti era de maus costumes e o ameaçou de morte caso continuasse, em suas prédicas, a increpar a impureza. Mas, temendo a Deus e não aos homens, ele prosseguiu falando contra os vícios e operou grande número de conversões de pecadores. E o duque, humilhado, não cumpriu sua ameaça criminosa.

Eleito Superior da Ordem dos Frades Menores, em 1438, promoveu um revigoramento dos franciscanos. Cinco anos depois, pediu dispensa do cargo para continuar a pregar. Fez apostolado em regiões do Norte da Itália com grandes frutos, e recusou todas as ofertas de bispados que lhe faziam.

Em 1444, apesar de atingido por forte febre, ele continuou suas pregações. Ao chegar a um convento de Áquila, Sul da Itália, percebendo a chegada da morte, recebeu os Sacramentos e mandou que o colocassem no chão.

No momento em que os frades entoavam a antífona: “Pai, manifestei o vosso nome aos homens, e agora venho a Vós”, entregou sua alma a Deus. Era o dia 20 de maio de 1444.

 Pregou verdades duríssimas ao povo

Escreveu diversas obras nas quais trata, entre outros, dos seguintes temas: Santíssimo Nome de Jesus, Nossa Senhora Medianeira de todas as graças, São José. E um pequeno tratado onde analisa as regras para o discernimento dos espíritos.[2]

Descrevendo uma pintura de São Bernardino, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira comentou:

Em seu rosto se nota a seriedade “do homem que se sente revestido de uma missão divina, chamado a dizer verdades duríssimas aos seus contemporâneos, e que as disse de fato. Ele está cumprindo sua missão; e as brasas estarão acumuladas sobre a cabeça de quem não o ouvir.

“É uma alma povoada de ideias, de convicções a respeito da transcendência e da perfeição infinita de Deus, e do alto destino eterno. Olhar de fogo. Não há clima para conversar com ele sobre bagatelas. Quanta grandeza e seriedade!”[3]

Peçamos a São Bernardino de Siena, cuja memória se celebra em 20 de maio, a graça de termos amor ardente à Igreja e execrarmos as hediondezas que hoje se propagam.

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] THUREAU-DANGIN, Paulo. São Bernardino de Sena. Um pregador popular na Itália da Renascença. Petrópolis: Vozes, 1937, p.37.
[2] Cf. ROHRBACHER, René-François. Vida dos Santos. São Paulo: Editora das Américas. 1959, v. IX. p. 85-102. VACANT, A; MANGENOT, E. Dictionnaire de théologie catholique. Paris: Letouzey et Ané. 1905, v. 2-I. colunas 787-790.[3] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Olhar de fogo, grandeza e seriedade. In Dr. Plinio. São Paulo. Ano XVII, n.194 (maio 2014), p. 2.

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