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Protesto contra o Papa: mais de 500 belgas querem ser “desbatizados”

Durante sua recente viagem à Bélgica, no final de setembro, o Papa Francisco criticou fortemente a legislação belga que descriminaliza o aborto desde 1990.

Foto: Vatican news

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Redação (20/10/2024 09:38, Gaudium Press) A Bélgica, outrora predominantemente católica, já não é mais, ao menos em grande parte. As recentes declarações do Papa Francisco sobre o aborto provocaram uma onda de indignação na Bélgica. Durante sua recente viagem à Bélgica, no final de setembro, o Papa Francisco criticou fortemente a legislação belga que descriminaliza o aborto desde 1990. Com efeito, no avião de volta a Roma, Francisco reiterou que o aborto é um “homicídio” e comparou os médicos que realizam abortos a “sicários” (assassinos contratados).

Para demonstrar sua discordância e se distanciar da posição do Vaticano, mais de 500 belgas tiveram a absurda ideia de solicitar o “desbatismo”, ou seja, cancelamento de seu registro de batismo na Igreja Católica, em uma carta aberta ao Núncio Apostólico, ao Arcebispo de Mechelen-Bruxelas e às sete dioceses da Bélgica. Os signatários alegam que as declarações do Papa são “totalmente inaceitáveis”. Eles afirmam que tais comentários não têm lugar em um estado secular como a Bélgica, onde o aborto é um direito garantido por lei.

O ex-Delegado Geral belga para os Direitos da Criança, Bernard De Vos, convocou um grande “movimento de desbatismo” no início de outubro para expressar sua rejeição à posição defendida pelo Papa Francisco. De acordo com relatos da mídia, 524 pessoas já aderiram a esta campanha.

Na carta aberta, os signatários também denunciam o tratamento de casos de abuso na Igreja belga e o que consideram apoio e compensação insuficientes para as pessoas afetadas pelo abuso.

O governo belga

Por sua parte, o primeiro-ministro belga Alexander De Croo também foi contra o papa, defendendo os médicos e a legislação de seu país. Ele criticou severamente o Papa, lembrando-o de que “o tempo em que a Igreja ditava a agenda política acabou”, e pediu “respeito aos médicos que fazem seu trabalho com o melhor de seu conhecimento e dentro de uma estrutura legal”. E concordou com os pedidos de “desbatização”.

Na Bélgica, ao contrário da Alemanha, não é possível deixar formalmente a Igreja. As pessoas que desejam deixar a Igreja, tentam ter seu nome excluído do registro batismal da Igreja. No entanto, a Igreja rejeita esse procedimento, pois o princípio teológico é: uma vez batizado, sempre batizado.

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