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Como entrar no céu?

A liturgia deste 28º Domingo do Tempo Comum nos convida, de um lado, a meditarmos nas realidades celestes, onde Deus nos tem reservada uma recompensa eterna e, de outro, a considerarmos que estamos neste mundo temporariamente.

Aquele que entrou sem estar vestido de acordo Parabola da festa de bodas Igreja de Santa Maria Obidos Portugal Foto Francisco Lecaros

Redação (15/10/2023 19:46, Gaudium Press) Quem dentre nós, tendo de fazer uma viagem longínqua a um lugar que temos grande desejo de conhecer, não a prepararia com muita antecedência? Seria necessário analisar as condições climáticas para se ter uma ideia das provisões a serem levadas; as condições do local da visita; onde se hospedaria, a fim de calcular os gastos etc. Isso, pois, não passa de uma mera imagem da vida futura que o homem terá na eternidade. Porém, há muitos que, consoante um ditado popular, se esquecem que “caixão não tem gaveta e mortalha [1] não tem bolso” …

Por esta razão, vivem como se a vida após a morte não existisse, olvidando-se das promessas de um terrível castigo destinado aos infiéis, e o Céu prometido aos justos.

Como será o Céu?

Ora, como será esse Céu prometido aos justos? A resposta a essa indagação não é nenhum pouco simples. Já São Paulo, que por graça insigne de Deus subiu ao terceiro Céu, assegura:

“O que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9).

Contudo, Deus, sendo Pai, a fim de nos dar uma vaga ideia do que teremos no fim da vida – se Lhe formos fiéis –, serviu-se de figuras humanas para representar as realidades celestes. Assim, na primeira leitura, extraída do livro do profeta Isaías, está predito:

“O Senhor dará nesse monte um banquete de ricas iguarias, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos. Ele eliminará para sempre a morte, e enxugará as lágrimas de todas as faces” (cf. Is 25,6-10).

Como entrar no céu?

No Evangelho de São Mateus, Nosso Senhor compara o Reino dos Céus à história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho, e mandou por duas vezes seus empregados chamarem os convidados, mas estes não deram ouvidos ao chamado, desprezando o convite. Por fim, o rei disse:

“Ide até as encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes” (Mt 22,8-9).

No presente comentário, deter-nos-emos somente nesses que não deram ouvidos ao chamado. É interessante notar que o rei não desistiu ao receber a primeira recusa, mas renovou o convite. Contudo, a reação dos convidados foi ainda pior do que na primeira vez, chegando inclusive a “bater nos empregados e a matá-los” (cf. Mt 22,6).

Ora, a humanidade atual, que vive sufocada pelos afazeres e preocupações pragmáticas, esquecendo-se de que nada levará deste mundo, corre o risco cada vez maior de dizer não a Deus, seja em seu interior, seja espancando e matando os “empregados”, isto é, os porta-vozes enviados por Deus para alertar o mundo acerca da situação em que se adentra.

Já os pastores de Fátima, a quem Nossa Senhora apareceu em 1917, prenunciaram que, se a humanidade não se voltasse de todo o coração a Deus, sobreviriam guerras e catástrofes, e muitas nações seriam aniquiladas.

Os apelos do céu não faltaram. Os homens, contudo, parecem não querer se emendar. Nossa Senhora, que é mãe, e nos ama com um amor indizível, ainda tem misericórdia de nós e continua rogando a seu Divino Filho que prorrogue um pouco os castigos, a fim de que Ela possa salvar o maior número de almas possível. Mas até quando?!

Sem embargo, quando começar a “festa de casamento”, as portas serão fechadas. E, se o rei, ao entrar, se deparar com alguém que não esteja com trajes apropriados, dirá:

“Amarrai os pés desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Aí haverá choro e ranger de dentes’. Porque muitos são chamados, e poucos os escolhidos” (Mt 22,13-14).

Que Nossa Senhora abra nossos corações à sua voz, a fim de que, um dia, possamos gozar a seu lado das alegrias celestes.

Por Guilherme Maia


[1] Mortalha: trata-se da vestimenta com que se envolve o morto.

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