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Exaltação da Cruz

Todo cristão é um outro Cristo. Assim, no dia em que a Santa Igreja nos apresenta a festa litúrgica da Exaltação da Santa Cruz, Ela nos oferece também uma excelente ocasião para refletirmos com que estado de espírito aceitamos nossas próprias cruzes.

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Redação (13/09/2023 14:36, Gaudium Press) Ao término da Última Ceia, Nosso Senhor Jesus Cristo elevou ao Eterno Pai uma prece pungente: “Pai, é chegada a hora. Glorifica teu Filho!” (Jo 17,1).

Por fim, era chegado o momento de o Filho de Deus ser exaltado! E qual seria esta glória? Sem dúvida aquela mesma que o Senhor anunciara aos discípulos: “quando Eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim” (Jo 12,32).

O instrumento de glória escolhido pelo Pai foi a cruz.

Da infâmia à glória

Instrumento de suplício, utilizado na execução de criminosos, a cruz era um objeto que evocava infâmia e maldição. Por isso São Paulo afirma que: “Cristo fez-se maldição por nós” (cf. Gl 3,13).

Não tardou, porém, para que os primeiros cristãos vissem no instrumento de expiação de seu Senhor um título de glória, e da mais alta das glórias. Assim, com o início do cristianismo, principiou-se também a trajetória ascensional da cruz, que fez com que aquele objeto de punição deixasse de figurar nas execuções de criminosos para tomar seu lugar nas coroas dos reis, nas condecorações dos heróis de guerra e nos pináculos das catedrais. Ela passou a ser, realmente, um sinônimo de glória.

E a minha cruz?

Entretanto, nossa análise seria em muito superficial se neste ponto cessasse. Pois, embora se possa dizer que a cruz goza de grande prestígio no campo da iconografia, o mesmo não pode ser dito, infelizmente, no âmbito pessoal e espiritual da maior parte dos homens. Isto porque, se esse madeiro é símbolo de glória, também o é de sofrimento; deste sofrimento que o Cordeiro Imolado aceitou por inteiro (e por isso foi glorificado), mas que nós, muitas vezes, desprezamos.

Eis o paradoxo que nem todos chegam a conhecer: assim como a cruz foi o instrumento que o Pai escolheu para a glorificação de Cristo, assim também as maiores glórias e os mais elevados prêmios da vida de cada homem estão condicionados à aceitação de grandes cruzes.

Este mistério, foram capazes de o compreender os santos, esta estirpe de heróis que lutou constantemente no mais feroz dos campos de batalha que pode haver: a própria alma. De fato, eles foram os homens e as mulheres mais felizes da Terra, pois souberam, a exemplo do Verbo Encarnado, carregar sua cruz com ufania.

Deste modo, no dia em que a Santa Igreja nos propõe uma festa para a exaltação da Santa Cruz, peçamos a Nossa Senhora — a qual mais do que ninguém compreendeu este mistério — a graça de abraçarmos e oscularmos com alegria todas as cruzes que Deus coloca em nossa via rumo à glória eterna.

Por Aloísio de Carvalho

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