Há 124 anos, consagrados ao Coração de Jesus
“Meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).
Redação (16/06/2023 09:37, Gaudium Press) Na segunda metade do séc. XVII, na França, Deus elegeu uma virgem consagrada para ser portadora das divinas revelações de seu Sagrado Coração: Margarida Maria Alacoque. Em suas aparições à santa, Nosso Senhor Jesus Cristo manifestou seu veemente desejo de que toda a humanidade se consagrasse ao seu Sagrado Coração.
Transcorridos mais de dois séculos após este pedido do Divino Redentor, o Papa Leão XIII acedeu ao forte clamor de inumeráveis fiéis, ansiosos da efetivação deste desejo de Cristo.
Foi assim que, há 124 anos, em todas as paróquias do mundo, por mandato papal, foi realizada a solene consagração do gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus.
Neste mês de junho, em que a Igreja comemora de modo especial o Sagrado Coração de Jesus, convém recordar as palavras de Leão XIII, ao promover a referida consagração, por meio da encíclica Annum Sacrum:
Excertos da Encíclica Annum Sacrum
“[…] Ao se aproximarem as solenidades do segundo centenário da recepção da Bem-aventurada Margarida Maria Alacoque ao mandamento divino de propagar o culto ao Sagrado Coração, muitas cartas de todas as partes, não apenas de particulares, mas de Bispos também foram enviados a Pio IX, implorando que consentisse em consagrar todo o gênero humano ao Sacratíssimo Coração de Jesus.
“Na ocasião, julgou-se melhor adiar o assunto para que se chegasse a uma decisão bem ponderada. Enquanto isso, a permissão foi concedida de modo individual às cidades que desejavam assim se consagrar, e uma forma de consagração foi elaborada. Agora, por algumas razões novas e adicionais, consideramos que o plano está maduro para ser cumprido.
“Este testemunho universal e solene de honra e piedade é plenamente devido a Jesus Cristo, que é Cabeça e Senhor Supremo do gênero humano. Seu império não se estende apenas sobre as nações católicas e sobre aqueles que, tendo sido devidamente lavados nas águas do santo Batismo, pertencem de direito à Igreja – embora opiniões errôneas os desviem, ou a divergência doutrinal os afaste do vínculo da caridade –, mas compreende também todos aqueles que são privados da fé cristã, pois toda a humanidade está verdadeiramente sob o poder de Jesus Cristo.
“[…] Cristo reina não apenas por direito natural, sendo Filho de Deus, mas também por um direito que Ele adquiriu. Com efeito, foi Ele quem nos libertou ‘do poder das trevas’ (Cl 1,13), e ‘se entregou como resgate por todos’ (1Tm 2,6). Portanto, não apenas os católicos e aqueles que receberam devidamente o batismo cristão, mas também todos os homens, individual e coletivamente, tornaram-se ‘um povo adquirido para Deus’ (1Pd 2,9). São, portanto, pertinentes as palavras de Santo Agostinho quando diz: ‘Quereis saber o preço que Ele pagou? Prestai atenção no que Ele deu e compreendereis o quanto Ele pagou. O preço foi o sangue de Cristo. O que poderia custar tanto senão o mundo inteiro, e todo o seu povo? O grande preço foi pago por todos’ (Agostinho de Hipona. Tratado sobre São João. n. 120).
“[…] Este poder soberano de Cristo sobre os homens é exercido pela verdade, pela justiça e, sobretudo, pela caridade. […] E como o Sagrado Coração é o símbolo e a imagem sensível do amor infinito de Jesus Cristo que nos estimula a amar uns aos outros, então é conveniente que nos consagremos ao Seu Sacratíssimo Coração – um ato que nada mais é do que uma entrega e uma união a Jesus Cristo, visto que qualquer ato de honra, veneração e amor tributados a este divino Coração é, na realidade, dirigido ao próprio Cristo.
“Por estas razões exortamos e suplicamos a todos os que conhecem e amam o divino Coração a empreender de bom grado este ato de consagração; e é nosso sincero desejo que todos o façam no mesmo dia, para que as súplicas de tantos milhares que estão realizando este ato de consagração possam ser levadas ao trono de Deus no mesmo dia.
“Mas como podemos esquecer a imensa multidão de pessoas, sobre as quais ainda não brilhou a luz da verdade cristã? Ocupamos o lugar d’Aquele que veio salvar o que estava perdido e que derramou Seu sangue para a salvação de todo o gênero humano. Muito desejamos trazer para a verdadeira vida aqueles que jazem na sombra da morte, assim, enviamos mensageiros de Cristo a todos os lugares para instruí-los. Agora, comovidos pelo seu destino, com toda a nossa alma, recomendamos todos eles ao Sagrado Coração de Jesus e, no que nos concerne, os consagramos a Ele.
“Dessa forma, este ato de consagração – que recomendamos – será uma bênção para todos. Por tê-lo realizado, aqueles que já conhecem e amam Jesus Cristo experimentarão um aumento de fé e amor. Aqueles que, conhecendo a Cristo, negligenciam Sua lei e seus preceitos, ainda podem obter de Seu Sagrado Coração a chama da caridade.
“[…] Quando a Igreja, nos dias que se seguiram imediatamente à sua instituição, encontrava-se oprimida pelo jugo dos Césares, apareceu, no céu, a um jovem imperador uma cruz, feliz presságio e causa da gloriosa vitória que logo se seguiu. E hoje eis que outro celestial e abençoado sinal é nos oferecido – o Sacratíssimo Coração de Jesus, sobreposto pela cruz e resplandecente, entre as chamas de amor. Nesse Sagrado Coração todas as nossas esperanças devem ser depositadas e, a partir dele, a salvação dos homens deve ser confiantemente invocada”. [1]
[1] Leão XIII. Encíclica do Papa Leão XIII por ocasião da Consagração ao Sagrado Coração de Jesus. 25 mai. 1899. Disponível em: https://www.vatican.va/content/leo-xiii/en/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_25051899_annum-sacrum.html. Acesso em 09 de junho de 2023. (Tradução não oficial).
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