O verdadeiro caminho de Deus
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim” (Jo 14,6).
Redação (07/05/2023 09:04, Gaudium Press) Quantas vezes não terá ocorrido que, ao planejarmos uma viagem de automóvel para visitarmos um parente ou conhecermos novos lugares, hesitamos quanto à decisão do caminho a ser tomado.
Assim que partimos, deparamo-nos com placas que nos indicam este ou aquele percurso, e pensamos: “esta estrada está bem asfaltada e é mais tranquila, entretanto, é longa demais”; ou: “será que entrarei por aqui, pois este caminho está cheio de buracos?”; ou ainda: “este percurso é mais longo, mas há menos trânsito…”
E ainda que consultemos os “apps” que nos apresentam outras opções – a menos custosa; a mais rápida, em geral com pedágios… –, costumamos hesitar.
Nestas ocasiões tão banais, a nossa decisão deve ser a um só tempo certeira e conscienciosa, pois do contrário estaríamos desperdiçando o combustível de nosso veículo, gastando pneus inutilmente, ou – pior –, perdendo nosso tempo num engarrafamento sem fim…
Ora, isto que pode ocorrer em pequenas circunstâncias de nosso dia a dia, passa-se de modo ampliado e muito mais sério acerca de nossa vida espiritual, cujo fim será definido em virtude das pequenas escolhas feitas por nós, diariamente!
É, pois, sobre esta “escolha” que a liturgia deste 5º Domingo da Páscoa nos convida a refletir.
A via de Deus
O Evangelho de São João colhe as palavras de Nosso Senhor dirigidas aos seus Apóstolos:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim” (Jo 14,6)
Jesus queria enfatizar aos doze a necessidade da fé e da confiança em sua Pessoa Divina, para que seus corações não se desviassem jamais do rumo apontado por Ele: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,33). Como, aliás, recordou São Paulo: “Buscai as coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus” (Col 3,1).
Sendo Jesus o verdadeiro caminho, qualquer outro rumo separado d’Ele não conduz à vida eterna, mas à ruína.
Nesta esteira, na 2ª leitura deste Domingo, São Pedro aplicará a Nosso Senhor as palavras da Escritura que afirmam:
“Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e magnífica; quem nela confiar não será confundido” (Pd 2,6)
Mas, o que vem a significar essa expressão “não será confundido”?
Abraçar a via da virtude significa levar uma vida pautada nos mandamentos e nas aspirações da graça. E mesmo que venhamos a tropeçar e cair, os que a seguem logo estendem humildemente seus braços rogando auxílio do Céu.
Em sentido contrário, os que se lançam nas vias do pecado rejeitam a Cristo, “pedra viva”, e, por isso mesmo, é nela que tropeçam, pois não O acolhem” (cf. Pd 2,8). E de tropeço em tropeço, de pecado em pecado, vão rumando para o abismo da perdição, conducente às penas eternas.
Um único Caminho
E mesmo que haja pessoas desejosas de propagar certa aliança entre a religião e as práticas pecaminosas, importa que Cristo continua sendo o único caminho, a única verdade e a única vida.
Também para estes, Ele será pedra de tropeço.
Contudo, se nas vias de trânsito costumam nos apresentar a opção de “retorno”, pelo qual somos capazes de retomar as vias certas, apesar da má escolha inicial, na vida espiritual igualmente. Segundo observou Lewis, “se você estiver no caminho errado, o progresso significará dar meia-volta e retornar ao caminho certo”.[1]
Peçamos então que Deus nos obtenha, pelos rogos de Nossa Senhora, a graça de continuarmos a trilhar o verdadeiro caminho da vida, permanecendo firmes na fé que professamos; mas se porventura não estivermos nessa via correta, façamos esse indispensável “retorno”, a fim de proclamarmos as obras d’Aquele que nos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa (cf. 1Pd 2,9).
Por Guilherme Motta
[1] Cf. LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. Trad. Gabriele Greggersen. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017, p. 60.
Deixe seu comentário