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Quando Jesus não basta

Muitos católicos parecem estar cansados, desanimados, e começam a duvidar do retorno de Nosso Senhor e achar que Ele falou de maneira alegórica, apesar das várias menções sobre o assunto nas Sagradas Escrituras. E vão buscar apoio e segurança fora da promessa, fora da Igreja, fora de Deus.

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Redação (23/04/2023 11:11, Gaudium Press) Aprendemos com Jesus que estamos neste mundo, mas não pertencemos a este mundo. Esta é uma verdade que deveria fazer com que o cristão se conformasse com as adversidades e não desejasse se envolver em situações que não dizem respeito à sua vida e à sua fé. Entretanto, muitos se deixam levar pela dúvida e pela ganância e, embora afirmem ter fé, não suportam as demoras de Deus e agem de forma a deixar claro que há momentos em que Jesus não basta.

É lamentável que se pense assim, pois os pensamentos levam à ação e, por não pertencerem, de fato, ao mundo, nem estarem fora dele, estas pessoas acabam ficando numa espécie de limbo, onde a linha que separa o certo do errado, o bem do mal, o erro da verdade é bem sutil, às vezes, imperceptível. Dessa maneira, correm o grande risco de, mais cedo ou mais tarde, adotarem a teoria da relatividade em suas vidas e, por ela, justificarem todos os seus erros.

No mundo tereis aflições

Desde a Ascensão de Nosso Senhor, quando Ele prometeu que voltaria, muitos titubearam na fé, incapazes de compreender que o nosso tempo não é o tempo de Deus e que até mesmo a nossa maneira de medir o tempo é diferente, é material. A verdade é que temos uma promessa e devemos nos pautar por ela. Sabemos que Cristo vai voltar e, mesmo não sabendo quando e de que maneira, devemos viver à sua espera.

E como deve ser essa espera? Fazendo a vontade do Pai, cumprindo os seus mandamentos, frequentando os sacramentos e evitando o pecado. Acima de tudo, confiando. Mesmo enfrentando dificuldades, devemos seguir com plena confiança Aquele que deu a vida por nós, conscientes de que enfrentaremos desafios e dificuldades, como o próprio Jesus revelou: “No mundo tereis aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Porém muitas pessoas, entre elas muitos católicos, parecem estar cansados, desanimados, e começam a duvidar do retorno de Nosso Senhor e achar que ele falou de maneira alegórica, apesar das várias menções sobre o assunto nas Sagradas Escrituras. Então, o que estas pessoas fazem? Vão buscar apoio e segurança fora da promessa, fora da Igreja, fora de Deus.

É por isso que se envolvem demasiadamente nos negócios, colocando a ganância acima dos interesses do espírito, acreditando que, se fizerem boas transações e obtiverem bons lucros, estarão seguros e conseguirão manter os seus em segurança e conforto.

Falam de Deus, mas não O escutam

Sentindo-se muito sábios, envolvem-se em política e passam a adorar “bezerros de ouro”, verdadeiras aberrações que, em sã consciência, jamais aceitariam ou aprovariam. Iludidos de que o homem pode resolver todos os problemas, mesmo sendo cristãos, católicos, deixam-se levar pelo materialismo e passam a seguir ídolos, como fez o rei Acab ao se casar com Jezabel e prestar culto a Baal, ou como fez o próprio Salomão, influenciado por suas concubinas.

Ao se envolverem em política e filosofias diversas e assumirem como suas ideologias que sequer compreendem em profundidade – cujos postulados repetem aos quatro ventos – deixam de ter Jesus como ponto central de suas vidas, mesmo que continuem falando em nome de Deus e procurem agir de tal forma para justificar sua postura. Porém, passam a procurar outras compensações, outras fontes de solução para os seus problemas.

Nessas circunstâncias, é comum que deixem de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Se possível, não dão a nenhum dos dois, mas, considerando os mecanismos legais de arrecadação existentes, dão, a contragosto, o que a César pertence, sonegando quando têm oportunidade, uma vez que seus escrúpulos, sem a fé genuína, se encontram enfraquecidos. Já a Deus dão cada vez menos, até deixarem de dar qualquer coisa, embora continuem usando o nome dEle para suas conveniências.

O Caminho, a Verdade e a Vida

Tomam partido, escolhem lados, aprovam atos espúrios e defendem bandeiras, seja de uma ou de outra cor, de esquerda ou de direita. E, lamentavelmente, tanto em uma quanto em outra circunstância, iludem-se e tentam iludir os outros de que estão fazendo a vontade de Deus, seja para alimentar os famintos e dar apoio aos desprovidos de teto ou para defender atos de violência.

Mas não é isso que é ser cristão! Os Evangelhos são claríssimos. Para aceitar a Deus e ser por Ele aceito é necessário se converter, mudar de vida, seguir os preceitos da fé e se desapegar das coisas materiais e também das formas de raciocínio que aprisionam.

Infelizmente, em termos de política, muitos cristãos equivocados se mobilizam e são capazes até de chegar às vias de fato para defender o que reputam como certo, apesar de, nesta área, praticamente tudo estar errado.

Jesus ensinou o caminho do amor, do perdão, da justiça e da correção. Ele ensinou o caminho único, porque é um caminho certo, um caminho de vida, um caminho verdadeiro: Ele mesmo. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim” (Jo 14, 6). Por que tantos insistem em pegar atalhos?

Nem de Apolo nem de Paulo, mas de Deus

Cumprir as obrigações civis é um dever de todos os cidadãos, mas há comportamentos que afastam os cristãos do seu cerne, do seu propósito, da Igreja. Devemos mergulhar mais nas Sagradas Escrituras e menos nos livros, vídeos e mensagens, quase sempre distorcidos e enganosos.

Aprendamos com Paulo, que saiu do mundo para renascer em Deus: “O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos. Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso; seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus” (I Cor 3, 20-23)

Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar, morreu por nossos pecados, na maior doação de amor que poderia existir, diferente dos políticos, para os quais somos importantes à medida que somos úteis, e de nós só querem os votos que podemos dar. Fora isso, sequer existimos para eles.

Tenha misericórdia de nós, Senhor, afinal, quando é que vamos acordar?

Por Afonso Pessoa

 

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