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São Francisco de Borja: algumas lições da natureza

Uma análise atenta das criaturas que nos rodeiam pode nos proporcionar valiosos ensinamentos

720px Yorkshire pigs at animal sanctuary

“Entre as criaturas vegetativas, olhe para as plantas e verá que elas crescem para cima; apenas o homem cresce para baixo, caindo nas coisas vis. Deveria ao menos fazer como a árvore que lança muitas raízes no solo para dar mais vigor aos ramos. E assim o homem, lançando mais raízes de humildade, produziria grandes ramos de virtude.

Que também aos homens causem humilhação as criaturas sensitivas, como os animais, vendo o serviço que prestam a ele que, pelo pecado, tornou-se um deles. Pensa que, quando tu os tratas mal, menos ainda mereces seus serviços, e surpreende-te ao ver como te obedecem, enquanto tu desobedeces ao Criador.

Oh! Pó e cinza, humilha-te e chora com estas palavras, e também quando vires o serviço que te prestam e o descanso que te dão as criaturas. Fica humilhado, pois não pagas com a mesma moeda; e quando alimentas os teus animais, pensa que é mais justo que tu os sirvas, pois eles não foram ingratos nem rebeldes para com seu Criador.

Ao ver um porco no meio da lama, alguém poderia pensar que não é tão sujo como ele. E para que, sobre isso, cada um saiba julgar corretamente, deve-se compreender que nenhuma coisa é má em si mesma senão quando considerada má diante de Deus; e uma vez que tais coisas são naturais aos animais, não são más em si mesmas nem consideradas más diante de Deus. Mas ai de ti, pecador, que, enquanto o porco segue sua natureza, tu abandonas a tua deixando de amar e servir ao teu Deus. Ai de ti que, quando estás em pecado, chafurdas em uma lama mais hedionda que a do porco”.

SÃO FRANCISCO DE BORJA. Seis tratados muito devotos. São Paulo: Cultor de Livros, 2020, p.62.

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