A altíssima missão de São José
Pelo fato de São José ter sido escolhido, desde toda a eternidade, para ser esposo de Nossa Senhora e pai virginal de Jesus Cristo, é evidente que sua missão está estreitamente ligada à Encarnação do Verbo.
Redação (23/12/2022 11:06, Gaudium Press) A Providência escolheu São José como esposo de Nossa Senhora a fim de que o Verbo entrasse no mundo de maneira ordenada, grandiosa e conforme a Lei.
Por isso seu casamento com a Virgem Santíssima foi inteiramente verdadeiro, ou seja, um contrato bilateral realizado pelos dois cônjuges com plena deliberação e abençoado por Deus com todas as graças destinadas a uma família bem constituída, segundo os cânones do Antigo e do Novo Testamento.
O fato de Jesus Cristo nascer no seio de uma família, embora sua concepção tenha sido virginal e miraculosa, foi determinado pelo Padre Eterno, com vistas à maior glória de seu Filho.
Portanto, o papel de São José ao lado de Nossa Senhora tornou-se indispensável para que o plano de Deus se cumprisse com todo o decoro.
Antes de tudo em relação ao próprio Nosso Senhor, pois não era conveniente que Ele fosse considerado filho ilegítimo. Mas também para que houvesse alguém preocupado em educar, alimentar, vestir, enfim, sustentar o Menino Deus.
Mais ainda, a presença do Patriarca na Sagrada Família ocultava a origem divina de Nosso Senhor Jesus Cristo ao demônio e aos homens, evitando que eles tentassem por todos os meios eliminá-Lo.
De outra parte, seu concurso foi imprescindível para patentear a ascendência régia de Jesus Cristo, a qual provinha de Abraão, passava por Davi e por São José, e chegava ao Menino Jesus através dos primogênitos da realeza, dando a Ele o direito ao trono.
Quanto a Nossa Senhora, a figura de São José livrava-A de qualquer suspeita de infâmia, como a de ser tomada por adúltera, delito pelo qual poderia sofrer a lapidação. Ademais, São José foi o sustentáculo em que Ela Se apoiou com toda a segurança, encontrando nele alguém que A ajudasse e servisse.
No tocante aos homens, a missão do esposo de Maria consistiu em atestar a concepção e o nascimento virginal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só ele pode ter contado o sonho com o Anjo e a revelação que lhe fora feita sobre Nossa Senhora e o Menino.
São José surge, portanto, como uma testemunha privilegiada e fidedigna, a fim de confirmar a fé da Santa Igreja.
A união mais perfeita da História
É preciso considerar também que o casamento de Nossa Senhora com São José tornou-se necessário para elevar o matrimônio à altura em que havia sido estabelecido por Deus na criação de nossos pais, como exposto anteriormente.
A união conjugal entre ambos foi a mais perfeita da História, superando em muito a do primeiro casal, Adão e Eva. Com efeito, a ação divina em Maria e José harmonizava duas vias que normalmente se excluem: a virgindade e o casamento. Os dois cônjuges tiveram o mais alto apreço pela virgindade, que conservaram intacta até o fim de suas vidas, mas assumiram o estado matrimonial com toda a coerência e seriedade.
Nessa circunstância excepcional, a fecundidade foi-lhes concedida por uma ação sobrenatural do Divino Espírito Santo, que desempenhou junto a Nossa Senhora o papel de Esposo Místico,8 cumulando-A de uma nova plenitude de graça no momento da concepção do Verbo em seu seio. Assim o explica Dr. Plinio:
“Em geral, no ato dos desposórios, costuma o marido oferecer à sua consorte um presente tão rico e magnífico quanto esteja ao alcance de suas posses. Pensemos então no valor das prendas com que o Todo-Poderoso terá adornado a alma de sua fidelíssima Esposa! Que acúmulo de graças e de esplendores! Mais ainda. A partir do mistério da Encarnação, Nossa Senhora passou a receber d’Ele orientações, diretrizes, atos de amor e consolações de uma sublimidade indizível, que tinham nexo com as relações entre Ela e Deus Pai, entre Ela e seu adorável Filho. Assim se estabeleceu um convívio altíssimo, em que Maria era, a um título único e muito especial, a Filha do Pai Eterno, a Mãe do Verbo Encarnado e a Esposa do Divino Espírito Santo”.
E se as relações do Paráclito com Nossa Senhora foram sublimes, também o foram as com São José, ainda que de modo diverso, pois ele, pelo seu consentimento à ação divina, permitiu que se realizasse a concepção virginal.
Chefe da Sagrada Família
O próprio Deus, portanto, deu-lhe o direito de mandar no Menino Jesus, atribuição que devia observar para que a boa ordem das coisas reinasse na Sagrada Família. É difícil calcular o que isso supõe. O certo é que se trata do maior ato de confiança de Deus num homem.
Este foi São José, “o varão incumbido de exercer o poder sobre o Homem-Deus e sobre a mais alta das meras criaturas, Nossa Senhora”.
Nunca existiu um vínculo conjugal mais sólido e mais excelso. Maria e José uniram-se em matrimônio em função do amor que teve por eles a própria Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, a qual é também o vínculo indissolúvel entre o Pai e o Filho. Pela ação do Paráclito, Nossa Senhora Se tornaria Mãe do Verbo, e São José, seu digníssimo esposo.
São José é o mais perfeito dos pais naturais. Todos os pais do mundo reunidos não fariam por um único filho o que São José, guiado pelo Espírito Santo, foi capaz de fazer por Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Espírito Santo tem instruído a Santa Igreja no sentido de ver em São José a santidade mais excelente depois de Nossa Senhora.
Em primeiro lugar, pelo ministério de São José, intimamente ligado à Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, e pela proximidade com a Mãe de Deus. Ademais, durante quase trinta anos ele teve um trato frequente com Deus feito Homem, podendo suplicar-Lhe o que necessitava e aprender d’Ele os mais elevados mistérios da Fé. O que Nosso Senhor desejava transmitir-lhe não o fez através de outros, mas diretamente, pois ele gozava da maior intimidade com o Verbo Encarnado, depois de Nossa Senhora.
Portanto, a vários títulos São José tem a coroa da máxima santidade na ordem da criação, precedido apenas por Nosso Senhor e sua Mãe Santíssima.
Devemos ainda levar em conta o que assegura São Bernardino de Sena: quando Deus chama alguém a uma função ou missão, sempre concede as graças apropriadas ao cumprimento delas.
São José recebeu a altíssima missão de ser o chefe da Sagrada Família e, pelo fato de tê-la exercido do modo mais perfeito, está colocado acima dos outros Santos, até mesmo dos Apóstolos e de São João Batista, sem menoscabo da extraordinária santidade destes.
Mais perto de nós
As grandezas de São José, sua santidade excelsa e sua missão ímpar situam-no ao lado de Nossa Senhora em um dos tronos de maior glória no Céu. Tal prerrogativa poderia causar, nos espíritos influenciados pela mentalidade atual, a sensação de distância e desinteresse. Como olhará para os pecadores alguém tão puro? Certamente com o devido desprezo e rejeição… Nada mais falso. O afeto de São José por todos e cada um dos filhos da Igreja, que são por isso mesmo seus próprios filhos, é enorme, incansável e eficacíssimo.
E se infelizmente é verdade que, na vida social, quem ocupa cargos de destaque muitas vezes está alheio às dificuldades dos menos favorecidos, na ordem da graça ocorre exatamente o contrário. Os maiores Santos se preocupam com zelo inimaginável pelos mais necessitados.
Portanto, sirva a consideração das grandezas de São José como um estímulo à devoção confiante, verdadeira e filial em relação a esse varão tão capaz de nos ajudar e que nos estima como o melhor dos pais.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias
Texto extraído, com adaptações, do livro São José: quem o conhece?…
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