O Poverello de Assis e a origem do presépio
E Francisco explicou seu desejo: gostaria que arranjassem um jumento, um boi, uma manjedoura contendo uma imagem do Menino-Deus, e pusessem tudo numa gruta próxima à cidade. Essa singela representação constituiria o centro das festas natalinas daquele ano. Surgia o primeiro presépio da História!
Redação (18/12/2022 09:38, Gaudium Press) “Afinal chegamos…” foi o suspiro de alívio que Frei Ângelo deixou escapar quando avistou o pórtico da cidade que se aproximava.
Estamos em 1223, ano no qual definiram-se as regras da ordem franciscana nascente. Após o fim do capítulo geral, que teve lugar em Roma, São Francisco de Assis decidiu passar as festas natalinas em Greccio, uma pequena cidade no interior da Itália.
Acompanhado por Frei Ângelo, o Santo iniciou a caminhada assim que suas obrigações lhe permitiram. O caminho difícil até o povoado nem de longe tinha as comodidades de nossos dias; a rude estrada era bordeada por uma vegetação hostil e os pobres monges não iam transportados por uma carruagem confortável, mas sim por seus pares de pobres sandálias…
O esforço do trajeto, contudo, não era inútil. A notícia da vinda destes homens fez a cidade borbulhar de alegria. Adentrando no vilarejo, foram recebidos na primeira casa que encontraram. Depois de instalados, São Francisco e Frei Ângelo mantiveram uma longa conversa com os que ali estavam a respeito do Natal que se aproximava.
A festa do nascimento do Menino Jesus punha toda a cidade em movimento, e, naquele ano, ela seria ainda mais solene, pois contaria com a presença do Poverello de Assis.
Desejo um tanto inusitado
A certa altura da prosa, o santo perguntou por João Velita, terciário Franciscano que alguns anos antes havia doado um terreno para a construção do primeiro mosteiro da ordem. Avisado, o bom homem compareceu logo. Depois de trocarem cumprimentos, Francisco lhe explicou seu desejo: gostaria que lhe conseguissem um jumento, um boi, uma manjedoura contendo uma imagem do Menino-Deus, e pusessem tudo numa gruta próxima à cidade. Essa singela representação constituiria o centro das festas natalinas daquele ano. Surgia o primeiro presépio da História!
Tal iniciativa, talvez estranha para alguns, seria de grande proveito para as almas. E isso se manifestou na noite de 24 de dezembro, quando toda a pequena Greccio seguiu o Poverello até a gruta onde seria realizada a Missa de Natal.
De Greccio a… Belém!
A alegria natalina dominava o ambiente naquela esplendorosa noite de 1223. A Missa começou ornada de belos cânticos ao Menino Jesus. Chegada a hora do Evangelho, Francisco, que era diácono, dirigiu-se ao púlpito. Durante a proclamação do Santo Evangelho, algo de extraordinário aconteceu. Velita, que havia preparado tudo para a Missa, olhava extasiado para o Menino na manjedoura. Que milagre! A imagem de barro cedera lugar ao próprio Menino Jesus, que sorria para Francisco!
Concluído o Evangelho, o Santo pregou um longo sermão dirigindo-se ao Menino Jesus; depois ajoelhou-se junto à manjedoura e tomou-o em seus braços. Jesus olhava-o e acariciava a sua face.
Após solene bênção, todos, repletos de alegria única, dirigiram-se a suas casas embalsamados pela graça daquele Natal inigualável que o Santo de Assis lhes proporcionara.
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Neste natal de 2022, preparemo-nos para receber ao Menino Jesus que, com certeza, se fará presente também junto a cada um de nós. E que ele encontre, em torno dos milhares de presépios montados em todo o mundo, o calor de uma piedade sincera e de um amor ardente.
Por Marcos Vinicius
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