A história de São Juan Diego
A Igreja Católica celebra no dia de hoje, 9 de dezembro, a memória litúrgica de São Juan Diego Cuautlatoatzin, padroeiro dos floristas.
Redação (09/12/2022 10:03, Gaudium Press) A história do índio e da Senhora de Guadalupe se misturam nas noites do tempo. Ele se tornou seu mensageiro, Ela, sua garantia; e ambos, num convívio que nunca mais terminaria, deixaram consignados nas páginas da humanidade o afeto de Deus pelo povo que “nascia” para a Igreja. São Juan Diego, o índio de Tepeyac, é festejado no dia de hoje.
Antes de Guadalupe
Juan Diego recebeu este nome ao tomar o batismo de padres franciscanos que estavam em missão de Evangelização, no México. Antes era chamado de Cuauhtlatoatzin, e com total razão, pois seu nome significa “águia que fala”. Esta águia um dia contemplaria o sol do firmamento, Maria Santíssima, e não desviaria os olhos d’Ela jamais. Tendo sido batizado com sua esposa aos 50 anos, Juan Diego ficou admirado com o exemplo dos franciscanos, com sua caridade e total disponibilidade aos habitantes de sua vila. Ele era asteca, porém da casta mais baixa, só que ainda um homem livre. Seu dever era cultivo de campo, e sua vila se situava longe do império e das torres douradas do imperador.
Sua esposa acabou falecendo em 1529, cinco anos após a chegada dos Franciscanos, contando Juan Diego com 55 anos. Sua admiração pela palavra de Deus o fazia percorrer 22 km para ir ouvir Missa na igreja mais próxima de sua casa. Porém, com a morte da mulher, Juan Diego se transportou para a casa do tio, indo morar com ele. O caminho diminuira um pouco: agora ele percorria 14km, todo sábado, voltando para casa no domingo. É nessa estrada que Maria irá se apresentar ao índio.
Durante e depois de Guadalupe: predileção
Os detalhes das aparições são abundantes, e geralmente contados no dia de Nossa Senhora de Guadalupe, 12 de dezembro. Aqui quero ressaltar apenas alguns detalhes do encontro da Virgem com o Juan Diego:
Nossa Senhora se refere a ele sempre como “o menor de meus filhinhos”. Às vezes o toma como Juanito, ou até Juan Dieguito, na mesma referência de carinho e ternura. O querido índio é envolvido em todo o amor da Virgem, numa indicação de que o povo ameríndio era sim, no então, o menor da “casa”, o “caçula” da Santa Igreja.
São Juan Diego, depois de ter conversado duas vezes com o bispo, e este não o tendo escutado, fica com vergonha de Nossa Senhora. Ele se sente frustrado por não conseguir cumprir o desejo de Maria, e tenta “fugir” d’Ela: ao invés de fazer o caminho comum ao ir à Missa, dá a volta por um lugar diferente. Mas Nossa Senhora vai ao seu encontro, numa santa insistência, e pergunta a Ele: “Porque foges de mim, meu filho?” E ele desabafa em preocupações, por não se sentir capaz de ser embaixador de tão excelsa figura. Maria Santíssima, então, diz: “Filhinho querido, não estou eu contigo? Eu, que sou tua mãe?” É de tocar até o coração mais duro, tal a atenção e o carinho da Rainha Celestial.
Por último, uma informação que passa despercebida: Nossa Senhora conversa com São Juan Diego sempre em sua língua materna, provavelmente uma variação do Náuatle, tal a distância da vila do palácio dos astecas. O índio sabia apenas algumas palavras de espanhol, o idioma dos padres franciscanos, e Nossa Senhora foi delicadíssima ao deixá-lo completamente à vontade em sua própria língua.
Em São Juan Diego, uma promessa para todas as etnias
A aparição de Nossa Senhora de Guadalupe é muito conhecida pelo esplêndido retrato místico desenhado na esteira costurado por São Juan Diego. Poderíamos falar horas das comprovações científicas de Guadalupe, do tecido que perdura por séculos, detalhes, tintas, etc.
Mas a maior obra de Guadalupe, em um primeiro plano, não é a milagrosa pintura, mas sim a santificação da alma do índio. Juan Diego deixa a Terra em 30 de maio de 1548. Tinha setenta e quatro anos, numa vida de constante exemplo de virtude, de oração e comunhão constante. Ele sim, considerando as divinas conversas que teve com a Mãe de Deus, é sua maior realização.
Mas o mais esplêndido é que as palavras de Maria não pararam no índio mexicano. Elas foram ditas a todas as etnias, às “novas” terras que eram descobertas. Foi como se a bênção de primogenitura da Santa Igreja, que residiu por tanto tempo na Europa, passasse para as mãos do mais novo irmão. Não é à toa que os empreendimentos cristãos europeus foram, após as grandes navegações e nas grandes navegações, definhando, enquanto os povos do “novo mundo” somente cresciam na fé.
Hoje, a América Latina é de longe a região onde há mais fé católica no mundo. A herança iniciada por São Juan Diego se estendeu ao sul, encontrando uma triste barreira ao norte, que já pertencia aos protestantes. Nossa Senhora escolheu aquele rincão de Tepeyac, nas margens da civilização asteca, para se anunciar e proclamar o futuro da promessa de Cristo: “E as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”.
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